Com juros e inflação baixos, o Brasil pode entrar numa nova era
Se os juros e a inflação se mantiverem baixos, o Brasil pode ter mais investimentos e mais crescimento econômico
Leo Branco
Publicado em 29 de março de 2018 às 05h30.
Última atualização em 29 de março de 2018 às 05h30.
Escrito em 1905 pelo sociólogo alemão Max Weber, o clássico A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo serve de referência para entender o sistema econômico dominante no planeta. Na obra, Weber sustenta que a prosperidade dos povos do Ocidente decorre da Reforma Protestante feita há 500 anos. Ela permitiu, e tornou natural, algo considerado pecado por sucessivas gerações de católicos ao longo de 1.500 anos: a cobrança de juros ao pegar dinheiro emprestado.
A possibilidade de receber uma recompensa monetária em troca do risco de emprestar deu origem à criação de um mercado de capitais rudimentar. Uma consequência foi a concessão de crédito para fábricas, estradas de ferro, moradias e outras inovações que, desde a Revolução Industrial, estiveram na base da multiplicação dos bens e serviços à disposição da humanidade.
A evolução do capitalismo nos cinco séculos após a Reforma Protestante tornou a coexistência com os juros algo trivial para populações mundo afora — menos no Brasil. Nos países ricos, a confiança em instituições fortes para garantir lastro nas operações de crédito fez com que o risco desse tipo de transação financeira fosse caindo ao longo do tempo. O Japão e a União Europeia contam com taxas negativas e abundância de crédito desde o início da década.
No Brasil, onde o capitalismo convive com velhas amarras de um Estado incapaz de fazer valer as leis de mercado, há muito tempo está claro que os juros, que chegam à casa de dois ou três dígitos, dependendo da linha de crédito, são um freio para o funcionamento da economia.