Economia

CNI descarta esgotamento de capacidade instalada no curto prazo

Para industriais, o governo precisa criar um ambiente favorável para os investimentos, a fim de que a capacidade produtiva do setor não se esgote no futuro

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 11h17.

A economia brasileira está livre do risco de o parque fabril não atender ao crescimento da economia no curto prazo. A conclusão é de estudo divulgado nesta terça-feira (31/8) pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). Segundo o documento, não há motivos para preocupação imediata, embora alguns setores já operem em níveis muito próximos de sua plena capacidade.

Das 26 atividades industriais pesquisadas, oito já esgotaram sua capacidade instalada, como madeira, papel e celulose, e máquinas e equipamentos. Outros dez ramos, como metalurgia e têxteis, estão muito próximo de seus limites. Os oito restantes apresentam bastante capacidade ociosa, como vestuário, bebidas e fumo (veja tabela).

Para calcular o nível de atividade setorial, a CNI baseou-se na distância entre o maior patamar de produção alcançado pelos setores, nos últimos cinco anos, e sua situação atual. Essa distância foi chamada de hiato de produção. Quanto mais próximo um setor estiver de seu nível recorde de operação, mais próximo estará também de esgotar sua capacidade de produção.

O mercado externo é o maior responsável pelo elevado nível de atividade das empresas que já operam no limite de sua capacidade, conforme a CNI. Alguns exemplos são os setores de veículos automotores, máquinas agrícolas, madeira e mobiliário e equipamentos eletrônicos. Já os segmentos voltados, sobretudo, ao mercado interno, caso dos artigos têxteis e dos serviços de impressão, edição e reprodução de gravações, a ociosidade é bastante elevada.

Investimentos

Segundo a CNI, as projeções de "um possível esgotamento da capacidade produtiva só são justificáveis caso o nível de investimento da indústria continue baixo". Neste sentido, a confederação assinala que há indícios de crescimento da capacidade instalada por parte da iniciativa privada, ainda que em ritmo lento. Entre os sinais, estão o aumento das compras de bens de capitais e o maior volume de financiamento liberado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

A CNI espera que a recuperação da demanda interna, aliada ao contínuo aumento das exportações, acelerem o ritmo da produção industrial no segundo semestre. Com isso, o uso da capacidade instalada continuará subindo. Se, no curto prazo, não há razões para preocupação, no médio e longo prazos, a CNI recomenda que o governo crie um ambiente favorável aos investimentos. As medidas propostas são a desoneração dos impostos incidentes sobre bens de capital, a redução dos custos de capital com o combate ao elevado spread bancário e a criação de marcos regulatórios seguros.

Tabela

Nível de capacidade ociosa
na indústria de transformação (medida pelo critério de hiato de produto)
Capacidade esgotada
Atividade Período de máxima atividade Hiato de produção
Madeira Abr/jun 2004 0%
Papel e celulose Abr/jun 2004 0%
Perfumaria e produtos de limpeza Abr/jun de 2004 0%
Máquinas e equipamentos Abr/jun 2004 0%
Máquinas e materiais elétricos Abr/jun 2004 0%
Veículos automotores Abr/jun 2004 0%
Outros equipamentos de transporte Abr/jun 2004 0%
Alimentos Abr/jun 2004 0%
Pouca capacidade ociosa
Atividade Período de máxima atividade Hiato de produção
Metalurgia básica Nov 2003/jan 2004 -1%
Máquinas para escritório e equipamentos de informática Mar/mai 2004 -1%
Têxteis Jun/ago 2000 -1%
Produtos de metal Fev/abr 2002 -2%
Equipamentos médico-hospitalares Set/nov 2003 -3%
Minerais não metálicos Jul/set 2000 -4%
Outros produtos químicos Out/dez 1999 -4%
Borracha e plásticos Jul/set 2000 -5%
Mobiliários Mai/jul 2000 -7%
Refino de petróleo e álcool Ago/out 2001 -10%
Muita capacidade ociosa
Atividade Período de máxima atividade Hiato de produção
Diversos Set/nov 2003 -15%
Vestuário e acessórios Dez 2000/fev 2001 -16%
Material eletrônico e equipamentos de comunicação Dez 2000/fev 2001 -16%
Farmacêutica Fev/abr 2002 -18%
Calçados e couro Fev/abr 2000 -19%
Bebidas Abr/jun 2001 -23%
Edição, impressão e reprodução de gravações Out/dez 2003 -33%
Fumo Jun/ago 2000 -53%
Fonte: CNI
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