China constrói cidades para formar consumidores
Governo chinês pretende atrair aproximadamente 400 milhões de pessoas para 400 novas cidades até 2020
Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h42.
Xangai - Com cidades construídas no melhor estilo made in China, o governo chinês optou por edificar centros urbanos inteiros destinados à moradia de parcela da população que ainda vive na área rural. O objetivo do investimento é "construir" literalmente na China um robusto mercado consumidor interno, capaz de garantir estabilidade para a economia, mesmo com todo o resto do mundo desmoronando.
Até 2020, o governo pretende transportar para as cidades cerca de 400 milhões de pessoas. Cerca de 400 novas cidades deverão surgir para abrigá-las na chamada China Moderna. Atualmente existem 700 milhões de chineses vivendo ainda em áreas rurais, ou seja, não consumindo.
A idéia não é nova e sua aplicação já foi responsável por criar uma vasta periferia ao redor dos grandes centros. A decisão do governo central é reproduzida pela municipalidade. Em 2001, o governo de Xangai lançou o programa Uma Cidade, 9 Municípios. Só em Xangai, nove centros urbanos, com capacidade total de 500 mil habitantes, foram construídos. A cidade localizada na foz do Rio Huangpu tem hoje quase 20 milhões de habitantes.
Um dos exemplos dessa ação do governo é a construção da Thames Town, que fica em Songjiang New City, a 30 quilômetros do centro de Xangai. A cidade foi feita para abrigar 300 mil habitantes.
Todos os centros criados ficam a aproximadamente 40 quilômetros da metrópole. Nesse canteiro de obras, os arquitetos mostram muita criatividade. Cada cidade se inspirou em outra grande metrópole mundial. Zhoupu é uma cidade "americana", com direito a gramados idênticos aos dos seriados. Songjiang é uma cidade inglesa; Anting, alemã; Luodian, sueca, Gaoqiao, holandesa, Buzhen, australiana, Fengcheng, espanhola; Pujiang, italiana; Fenjing, canadense.
Seguindo a lógica do governo, uma empresa chinesa trouxe para a Expo 2010, que está sendo realizada em Xangai, um edifício inteiro, com seis andares, todo construído em 24 horas. A estrutura é feita de ferragens e as paredes parecem placas. O técnico Chao Lu, que adotou o nome ocidental Ben, com o objetivo de fazer negócios com o mundo, explicou que o edifício é preparado para aguentar terremotos que cheguem a até 9 graus de magnitude.
Logo na entrada do prédio - construído com paredes finas, pré-moldadas e colunas de ferro - a empresa ainda representou o horror vivido pelas vítimas de terremoto, como o que matou quase 1.500 pessoas na Província de Qinghai, no Noroeste da China. Bonecos sob escombros de concreto servem de alerta para o perigo de construções tradicionais de alvenaria em áreas com frequência de tremores.
Além do plano de criar cidades para construir um mercado consumidor, no ano passado o governo chinês adotou medidas para estimular ainda mais o consumo entre os chineses e tentar passar pela crise sem grandes abalos na economia.
Em 2009, a China lançou um programa de subsídio aos agricultores para a compra de determinadas marcas de televisões a cores, geladeiras e celulares. O programa atingiu três regiões essencialmente rurais: as províncias de Shandong, Henan e Sichuan. A cidade de Qingdao também recebeu o programa. O governo estipulou como preços máximos 2 mil yuans para a televisão a cores, 2,5 mil yuans para a geladeira e mil yuans para o celular.
O subsídio de 13% para a compra dos aparelhos foi dividido entre o governo central, que arcou com 80%, e os governos das províncias e municipalidades, que arcaram com 20%. Cada família rural pôde comprar dois artigos de cada categoria.
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