Economia

Certificação de gado será necessária também para o mercado interno

A partir de 2004, os pecuaristas brasileiros que quiserem exportar serão obrigados a ter o rebanho cadastrado no Ministério da Agricultura. E a partir de 2005, todo o gado brasileiro terá de ser certificado, já que o abate interno também exigirá a certificação de origem animal. De olho no mercado europeu, que teme a vaca […]

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 11h11.

A partir de 2004, os pecuaristas brasileiros que quiserem exportar serão obrigados a ter o rebanho cadastrado no Ministério da Agricultura. E a partir de 2005, todo o gado brasileiro terá de ser certificado, já que o abate interno também exigirá a certificação de origem animal.

De olho no mercado europeu, que teme a vaca louca, o ministério exige atualmente que o gado já esteja rastreado há 40 dias. Mas as movimentações no setor já começaram. Empresas de rastreabilidade e de certificação animal, como a Planejar, puderam perceber um aumento de até cinco vezes a demanda pelo serviço. Na média, para ter um brinco digital no gado, o produtor deve gastar cerca de dois reais a três reais por cabeça. Apesar da gritaria de alguns pecuaristas, há empresas de identificação que registraram aumento de 400% nas vendas dos brincos. Mas o ministério aceita também as formas antigas de rastreamento e identificação, como marcar o gado a fogo ou tatuagem.

A Câmara Setorial da Cadeia Produtiva da Carne Bovina e o Ministério da Agricultura avaliam que o Sistema Brasileiro de Identificação de Bovinos (Sisbov) já tem mais de 7,4 milhões de animais cadastrados. Agora, as duas partes estudam a certificação por propriedade rural, cabendo ao pecuarista o gerenciamento dos animais. Na análise da entidade, essa proposta (como uma nova opção dentro do sistema) ajustaria mais as pequenas propriedades, não excluindo, no entanto, a identificação dos bovinos individualmente.

Em setembro, uma missão brasileira se encontrará com autoridades da União Européia para tentar incorporar as áreas não-habilitadas para exportação para a região. Embora algumas áreas dos estados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Minas Gerais sejam reconhecidas internacionalmente pela OIE (Organização Mundial de Saúde Animal) como livres de aftosa, com vacinação, o Brasil tem regiões não habilitadas para exportar carne fresca, devido a restrições anteriores à conclusão do processo de reconhecimento internacional da zona livre brasileira.

Para o diretor do Departamento de Defesa Animal do ministério, João Cavalléro, não há justificativa técnica para tais restrições e o governo brasileiro tomará medidas fortes para a incorporação dessas áreas na exportação de carne fresca. Estimativa do ministério dá conta de que, só no Mato Grosso do Sul, mais 8 milhões de cabeças entrariam no contingente bovino destinado ao abate para exportação.

De acordo com o diretor do Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal (Dipoa) do ministério, Rui Vargas, a rastreabilidade é necessária para o Brasil manter exportações de carne para a União Européia. Segundo Vargas, o bloco econômico não impõe um modelo de rastreamento, mas quer a certificação de origem, alicerçada em três itens: identificação individual, base de dados informatizada em órgão governamental e controle da movimentação de animais.

África do Sul e a exportação de genética bovina

A possibilidade de abertura de mercado entre Brasil e África do Sul será discutida, na cidade sul-africana de Pretoria, pelo presidente da Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ), José Olavo Borges Mendes, e por empresas sul-africanas do setor pecuário, de 1º e 4 de setembro. Segundo a entidade, a África do Sul, com rebanho de 13,5 milhões de cabeças, demonstra interesse em levar sêmen e embriões de animais zebuínos para melhorar a genética do seu gado, mas a exportação ainda é proibida.

O protocolo sanitário que regulamenta a comercialização de material genético bovino entre Brasil e África do Sul começará ser revisto pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e pelo núcleo de exportação Brazilian Cattle Genetics ainda este mês.

A Apex (agência de fomento a exportação do Ministério do Desenvolvimento), vai financiar pela primeira vez um projeto de divulgação da genética bovina no exterior. O projeto prevê o financiamento de quase R$ 4,5 milhões para divulgação da pecuária brasileira em países tropicais. Caso seja aprovado, metade dos R$ 4,5 milhões será liberada pela Apex. A outra parte ficará a cargo da Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ) e do BCG (empresa de genética), como determina a agência. A verba será usada para custear participações em feiras agropecuárias por dois anos.

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