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Casamento real impulsiona vendas no Reino Unido

Da louça decorada com retratos oficiais a brinquedos movidos a energia solar da rainha, a monarquia britânica é um negócio de 1,8 bi de libras por ano

CANECAS COMEMORATIVAS: a fábrica de Emma Bridgewater vendeu 35.000 unidades no último casório real (Andrew Testa/The New York Times)
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Da Redação

Publicado em 8 de janeiro de 2018 às 18h10.

Última atualização em 8 de janeiro de 2018 às 18h10.

Londres – As câmeras mal tinham acabado de estourar seus flashes sobre os recém-noivos príncipe Harry e Meghan Markle, mas Emma Bridgewater, fabricante britânica de cerâmica, já estava fazendo uma caneca para comemorar o momento real.

Na semana seguinte, pouco menos de mil canecas – com a frase “Harry e Meghan estão noivos” e a data do anúncio – já estavam à venda. Foram vendidas pela internet por cerca de 20 libras esterlinas e esgotaram em 24 horas.

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Da louça decorada com retratos oficiais a brinquedos movidos a energia solar com o cumprimento característico da rainha, a monarquia britânica é um grande negócio. E essa economia real, que geralmente se vale de turistas e entusiastas, acelera em torno de grandes eventos.

“É uma rajada de cor em um mundo bastante cinza”, afirma Bridgewater, fundadora da empresa de cerâmica.

A família real britânica contribuirá com cerca de 1,8 bilhão de libras à economia do país em 2017, segundo a empresa de consultoria Brand Finance. O grosso provém dos 550 milhões de libras do turismo. A Brand Finance estima que os viajantes que estiverem na cidade para o casamento de Harry, marcado para o primeiro semestre, irão gerar 500 milhões de libras adicionais em 2018. Quase dez por cento dessa quantia deve vir da venda de mercadorias.

Colecionadores entusiasmados como Margaret Tyler são um público exigente.

Monarquista dedicada, Tyler, 73 anos, lotou sua casa no noroeste londrino com itens comemorativos, incluindo uma cópia do vestido Issa que Kate Middleton usou durante o anúncio de seu noivado com o príncipe William, e um pratinho de vidro com uma imagem da rainha Elizabeth II que deu início à coleção. Um de seus quartos é dedicado unicamente à princesa Diana e, outro, à rainha, o qual ela aluga por 75 libras a diária.

Seguradoras avaliaram sua coleção em 40 mil libras.

“Gostaria de ver porcelana fina”, Tyler diz a respeito das mercadorias em torno do mais recente casamento real. “Não compro tudo. Preciso gostar do objeto.”

A febre real é uma tradição capitalista na Grã-Bretanha.

A Royal Crown Derby, fabricante de porcelana, fabrica produtos desde a coroação do rei Jorge III, em 1760. Jan Hugo, colecionador de 59 anos com dez mil peças que mora em Nova Gales do Sul, Austrália, tem bules de chá datando do reinado da rainha Vitória.

“Acho que eles simplesmente procuram uma desculpa para fazer isso, sempre que existe um nascimento, casamento, noivado, aniversário, qualquer coisa”, afirma Hugo.

Quando William se casou em 2011, a Fortnum & Mason, sofisticada loja de departamentos britânica, vendeu em homenagem um chá do Quênia, onde ele fez o pedido. O parque temático Legoland fez uma réplica do Palácio de Buckingham, completo com os noivos e simpatizantes sortidos. A rede de entrega de pizza Papa John’s transformou seus rostos em redondas.

A empresa de Bridgewater vendeu mais de 35 mil peças de cerâmica baseadas no casamento de William e produziu 15 canecas comemorativas diferentes para eventos como o casamento do príncipe Andrew e Sarah Ferguson, em 1986, o nascimento do segundo filho de William, a princesa Charlotte, em 2015. A empresa tem vendas anuais de cerca de 20 milhões de libras.

A mercadoria desta vez é sortida. Bridgewater tem outra caneca e pano de prato planejados para o casamento, em maio, além de uma caneca para celebrar o terceiro filho de William e Catherine, a duquesa de Cambridge, previsto para abril.

A Royal Crown Derby conta com vários projetos a caminho, como uma bandeja em formato de coração por 75 libras e um prato octogonal, por 150 libras, com acabamento em ouro. A empresa começou a planejar quatro meses antes de o noivado ser oficialmente anunciado, quando não passava de fofoca na imprensa britânica.

Agora a companhia espera detalhes, tais como se Markle usará seu nome, Rachel, para os toques finais nos itens de porcelana fina. “Uma das coisas em que os colecionadores insistem é esse nível de informação e detalhe aplicado ao design”, diz Steven Rowley, diretor de marketing e vendas da Royal Crown Derby.

À medida que se intensifica a febre real, a empresa pretende contratar de dez a 15 funcionários extras. Ela também espera lucrar com o interesse aumentado nos Estados Unidos – Markle é norte-americana – para oferecer seus produtos em lugares como Bloomingdale’s e Bergdorf Goodman.

As agências de viagem e de turismo também estão acelerando projetos.

A British Tours está criando possíveis itinerários. A empresa já oferece “passeios de Kate e William”, que segue os passos do casal real, visitando a cidade onde fizeram faculdade e a abadia de Westminster, onde se casaram.

Olivia Basic, que planeja os passeios na empresa, diz que as versões temáticas para Harry e Markle podem incluir as boates de luxo onde o príncipe – conhecido na juventude por viver em baladas – foi visto.

Outras empresas oferecem uma chance de observar um relance do casamento em si. Dois dias após o noivado de Harry ter sido anunciado, a empresa de viagens de luxo Noteworthy começou a avaliar locais próximos à Capela São Jorge, no castelo de Windsor, onde o casamento vai se realizar.

A Noteworthy pretende reproduzir uma experiência ocorrida durante o casamento de William. Naquela época, ela alugou um local diante da abadia de Westminster para que os clientes – 80 dos quais pagaram 500 libras por cabeça – pudessem ver quando os noivos entraram e saíram da igreja. Para as comemorações do Jubileu de Diamante da rainha Elizabeth II, 200 pessoas pagaram 300 libras para passar o dia no HMS Belfast, histórico navio de guerra, para acompanhar na melhor posição o cortejo naval da monarca.

A Noteworthy já garantiu um ponto para os convidados assistirem ao casamento de Harry, mas sua diretora-geral, Nicola Butler, não quis revelar o local. Entretanto, ela diz que o endereço oferece visão para o portão Henrique VIII do Castelo de Windsor; é “um local onde um indivíduo de alto patrimônio líquido dos EUA se sentiria à vontade”.

“É um grande evento para nós”, ela conclui.

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