Brasil recusa cortar produção de petróleo e vira pedra no sapato
Enquanto a Opep tenta reduzir o excedente global de petróleo, o Brasil se concentra em atrair bilhões em investimentos de grandes empresas
Júlia Lewgoy
Publicado em 10 de novembro de 2017 às 12h00.
Última atualização em 10 de novembro de 2017 às 12h00.
O Brasil gentilmente disse não aos sauditas mais uma vez. No momento em que o reino do Oriente Médio e a Rússia lideram um esforço histórico para unir os principais exportadores de petróleo com o objetivo de reduzir o excedente global, a produção crescente do Brasil, um pouco como o xisto dos EUA, virou uma pedra no sapato da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) .
Um assistente do ministro de Energia da Arábia Saudita , Khalid Al-Falih, telefonou na semana passada aos seus pares brasileiros para sondar novamente se o país poderia se unir ao esforço. O Brasil declinou, disse o secretário de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis, Márcio Félix, em entrevista, por telefone, de Brasília.
Enquanto a Opep tenta reequilibrar o mercado de petróleo, o Brasil se concentra em atrair bilhões em investimentos de grandes empresas como Exxon Mobil, Royal Dutch Shell, Total e Chevron. O país o faz, em parte, dando mais liberdade aos produtores, e não menos, para operar campos offshore. Algumas das maiores descobertas de petróleo deste século estão situadas ao largo da costa do Rio de Janeiro, no pré-sal.
“Estamos abertos para participar da discussão, mas dissemos o mesmo de sempre a eles: o governo brasileiro não controla a produção”, disse Félix. “A produção é decidida pelas empresas.”
Ele afirmou que a Arábia Saudita faz consultas informais periodicamente ao Brasil sobre possíveis cortes de produção de petróleo. O Brasil não foi convidado para a próxima reunião da Opep, disse ele. Na prática, o reino é o líder da organização.
“Podemos participar e ouvir, se formos convidados, mas explicamos de antemão que não há muito que o governo possa fazer”, disse Félix.