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Brasil quer evitar efeito dominó de embargos à carne

O Japão já embargou suas importações de carne bovina brasileira e a Rússia sinalizou que poderia tomar atitude semelhante

Risco de que a doença da vaca louca se desenvolva no Brasil é insignificante, afirmou a Organização Mundial de Saúde Animal (REUTERS/Luke MacGregor)
DR

Da Redação

Publicado em 13 de dezembro de 2012 às 16h01.

São Paulo - A indústria frigorífica do Brasil afirmou que não existe justificativa técnica para nenhum país suspender as importações por conta da confirmação de um animal morto em 2010 com o agente causador da Encefalopatia Espongiforme Bovina (EEB), disse o diretor-executivo da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec) nesta quinta-feira.

A entidade privada do principal exportador global de carne bovina do mundo ainda trabalha junto aos clientes para evitar que embargos como o anunciado pelo Japão se repitam.

"Se isso acontecer (embargo), o Brasil tem todo o direito de contestar a decisão na OMC (Organização Mundial do Comércio)", afirmou Fernando Sampaio, da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec), em entrevista à Reuters.

O caso "atípico" do EEB, conhecido como mal da vaca louca, foi descoberto em animal que morreu em 2010, no Paraná. O Ministério da Agricultura informou na última sexta-feira que a fêmea morta possuía o agente causador da doença, uma proteína chamada príon, que pode ocorrer espontaneamente em bovinos mais velhos e que poderia ou não causar a doença.

Para o ministério, o Brasil não tem a doença da vaca louca.


Sampaio ressaltou que, no mesmo dia, a Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) reafirmou a classificação brasileira como risco insignificante para a doença.

Segundo ele, até o momento apenas o Japão, que é um mercado pequeno para o Brasil, suspendeu as compras de carne bovina brasileira, por medida do Ministério da Saúde japonês.

"Outros países não se manifestaram oficialmente", disse Sampaio, referindo-se a especulações sobre possíveis suspensões por parte do Irã e o Egito.

A Rússia, um dos principias mercados da carne bovina do Brasil, também sinalizou que poderia suspender as importações, mas não emitiu uma decisão sobre o assunto até o momento.

O executivo lembrou que os Estados Unidos e até o Japão já tiveram situações semelhantes. Nos EUA, o caso atípico foi encontrado em uma vaca leiteira que não entrou na cadeia, e eles não tiveram barreiras comerciais, observou o executivo.


Ao contrário, as exportações norte-americanas até aumentaram no período, depois que seus principais mercados reiteraram que manteriam as compras.

"O Brasil montou uma ofensiva diplomática, com o ministério passando informações à OIE e através de seus adidos nas embaixadas. Na indústria, estamos falando com os clientes", afirmou. "O interesse é evitar um efeito dominó".

RACTOPAMINA

Outra questão que vem demandando esforços por parte da indústria frigorífica é a demanda russa de um certificado que comprove a ausência de resíduos da ractopamina, um promotor de crescimento, nas importações de carne bovina e suína.

A medida entrou em vigor no dia 7 de dezembro, mas ele afirmou que até o momento o Brasil não teve cargas suspensas por esta questão, uma vez que a substância ainda não é utilizada nos rebanhos do país.

Sampaio lembra que a ractopamina já é usada há cerca de 10 anos pelo setor de suínos, mas para bovinos seu uso foi aprovado somente no final do ano passado, através de alteração de instrução normativa, mas a substância não está sendo usada.


Em julho deste ano, duas empresas do setor de insumos obtiveram os registros necessários para comercializar o produto, mas após a ameaça da União Europeia de banir a carne com o produto, a venda foi suspensa temporariamente.

A suspensão temporária, publicada no Diário Oficial em 12 de novembro, deve perdurar até que o Brasil adote um sistema de segregação.

O executivo explicou que agora está em avaliação no governo proposta da cadeia produtiva para um sistema de segregração, criado a partir de parceria entre o Ministério da Agricultura e a Confederação Nacional de Agricultura e Pecuária (CNA).

MERCADO EXTERNO

O executivo ressaltou que o Brasil teve um ano muito bom nas exportações. "O volume deve crescer depois de três anos em queda", disse. E acrescentou que o faturamento só não deve ser maior, por conta da conjuntura macroeconômica, que limita a alta de preços.

Neste cenário, o Brasil voltou à liderança global nas vendas de carne bovina, superando os Estados Unidos, se considerar os dados mais atualizados.


Dado mais recente da União dos Exportadores de Carnes dos EUA (USMEF) indica que o país exportou 951,8 mil toneladas métricas de carne bovina, enquanto o Brasil no mesmo período embarcou 1,25 milhão de toneladas.

A Abiec deve apresentar os dados de exportações acumuladas do ano e falar de perspectivas para 2013 na próxima semana.

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A entidade privada do principal exportador global de carne bovina do mundo ainda trabalha junto aos clientes para evitar que embargos como o anunciado pelo Japão se repitam.

"Se isso acontecer (embargo), o Brasil tem todo o direito de contestar a decisão na OMC (Organização Mundial do Comércio)", afirmou Fernando Sampaio, da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec), em entrevista à Reuters.

O caso "atípico" do EEB, conhecido como mal da vaca louca, foi descoberto em animal que morreu em 2010, no Paraná. O Ministério da Agricultura informou na última sexta-feira que a fêmea morta possuía o agente causador da doença, uma proteína chamada príon, que pode ocorrer espontaneamente em bovinos mais velhos e que poderia ou não causar a doença.

Para o ministério, o Brasil não tem a doença da vaca louca.


Sampaio ressaltou que, no mesmo dia, a Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) reafirmou a classificação brasileira como risco insignificante para a doença.

Segundo ele, até o momento apenas o Japão, que é um mercado pequeno para o Brasil, suspendeu as compras de carne bovina brasileira, por medida do Ministério da Saúde japonês.

"Outros países não se manifestaram oficialmente", disse Sampaio, referindo-se a especulações sobre possíveis suspensões por parte do Irã e o Egito.

A Rússia, um dos principias mercados da carne bovina do Brasil, também sinalizou que poderia suspender as importações, mas não emitiu uma decisão sobre o assunto até o momento.

O executivo lembrou que os Estados Unidos e até o Japão já tiveram situações semelhantes. Nos EUA, o caso atípico foi encontrado em uma vaca leiteira que não entrou na cadeia, e eles não tiveram barreiras comerciais, observou o executivo.


Ao contrário, as exportações norte-americanas até aumentaram no período, depois que seus principais mercados reiteraram que manteriam as compras.

"O Brasil montou uma ofensiva diplomática, com o ministério passando informações à OIE e através de seus adidos nas embaixadas. Na indústria, estamos falando com os clientes", afirmou. "O interesse é evitar um efeito dominó".

RACTOPAMINA

Outra questão que vem demandando esforços por parte da indústria frigorífica é a demanda russa de um certificado que comprove a ausência de resíduos da ractopamina, um promotor de crescimento, nas importações de carne bovina e suína.

A medida entrou em vigor no dia 7 de dezembro, mas ele afirmou que até o momento o Brasil não teve cargas suspensas por esta questão, uma vez que a substância ainda não é utilizada nos rebanhos do país.

Sampaio lembra que a ractopamina já é usada há cerca de 10 anos pelo setor de suínos, mas para bovinos seu uso foi aprovado somente no final do ano passado, através de alteração de instrução normativa, mas a substância não está sendo usada.


Em julho deste ano, duas empresas do setor de insumos obtiveram os registros necessários para comercializar o produto, mas após a ameaça da União Europeia de banir a carne com o produto, a venda foi suspensa temporariamente.

A suspensão temporária, publicada no Diário Oficial em 12 de novembro, deve perdurar até que o Brasil adote um sistema de segregação.

O executivo explicou que agora está em avaliação no governo proposta da cadeia produtiva para um sistema de segregração, criado a partir de parceria entre o Ministério da Agricultura e a Confederação Nacional de Agricultura e Pecuária (CNA).

MERCADO EXTERNO

O executivo ressaltou que o Brasil teve um ano muito bom nas exportações. "O volume deve crescer depois de três anos em queda", disse. E acrescentou que o faturamento só não deve ser maior, por conta da conjuntura macroeconômica, que limita a alta de preços.

Neste cenário, o Brasil voltou à liderança global nas vendas de carne bovina, superando os Estados Unidos, se considerar os dados mais atualizados.


Dado mais recente da União dos Exportadores de Carnes dos EUA (USMEF) indica que o país exportou 951,8 mil toneladas métricas de carne bovina, enquanto o Brasil no mesmo período embarcou 1,25 milhão de toneladas.

A Abiec deve apresentar os dados de exportações acumuladas do ano e falar de perspectivas para 2013 na próxima semana.

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