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Brasil deve desistir da discussão agrícola na Alca, dizem especialistas

Não adianta insistir na liberalização de produtos agrícolas, como açúcar e suco de laranja, com os Estados Unidos ao se negociar a Área de Livre Comércio das Américas (Alca). A advertência foi dada, em um seminário em São Paulo, por um canadense e um mexicano, especialistas em acordos internacionais e, principalmente, conhecedores da resistência americana […]

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h51.

Não adianta insistir na liberalização de produtos agrícolas, como açúcar e suco de laranja, com os Estados Unidos ao se negociar a Área de Livre Comércio das Américas (Alca). A advertência foi dada, em um seminário em São Paulo, por um canadense e um mexicano, especialistas em acordos internacionais e, principalmente, conhecedores da resistência americana em abrir mão de sua política agrícola interna e externa.

"O Brasil precisa ser realista. O país não vai ter acesso aos mercados de açúcar e de suco de laranja como deseja", afirmou o professor canadense William Kerr, ex-consultor do Banco Mundial e do Banco Interamericano de Desenvolvimento. Kerr argumenta que os negociadores brasileiros devem colocar na pauta outros produtos agrícolas, como a soja, ou priorizar outros setores.

O negociador-chefe para o Acordo de Livre Comércio entre o México e a União Européia, o mexicano Jaime Zabludovsky, concorda com o professor canadense. "Não é razoável imaginar que os Estados Unidos, que são um país bastante aberto, vão negociar a sua política antidumping e também determinados acessos à agricultura", afirmou.

Mesmo no Acordo de Livre Comércio da América do Norte (Nafta), considerado bem-sucedido pelo negociador mexicano, alguns produtos não tiveram suas barreiras tarifárias e não-tarifárias com os Estados Unidos derrubadas. É o caso do milho, do açúcar e do leite em pó que não entraram na lista de produtos liberalizados e que, por isso, têm suas cadeias produtivas prejudicadas. "Pelo acordo, a tarifa desses produtos irá cair a zero em 2008", disse Zabludovsky.

Falta coesão

Para o presidente do Conselho Consultivo da Sul América e do Centro Brasileiro de Relações Internacionais, Roberto Teixeira da Costa, a grande diferença entre o Brasil e o México na negociação de um acordo de livre comércio com os Estados Unidos está na falta de coesão do empresariado brasileiro. "O governo não pode fazer tudo sozinho. Ele tem que ouvir a sociedade. O problema é que os empresários são muito divididos e não conseguem fechar um consenso sobre o que querem da Alca. Eles só sabem dizer o que não querem", afirmou.

Quando perguntado sobre a existência de condições para a união dos empresários brasileiros, Costa não hesita: "a resposta é não". Segundo ele, já houve algum progresso, mas o empresariado do país continua dividido e não participa de fóruns internacionais.

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