BM: Sem EUA, TPP com China seria vantajoso para a América Latina
Um dos riscos mencionados pelo Banco Mundial foi "a possibilidade de políticas protecionistas", risco que em parte se deve à "saída dos EUA do acordo"
EFE
Publicado em 2 de agosto de 2017 às 21h12.
Montevidéu - O economista-chefe do Banco Mundial (BM) para a América Latina e o Caribe, o uruguaio Carlos Végh, disse nesta quarta-feira que "seria muito vantajoso para a região fazer um Acordo de Associação Transpacífico (TPP) em que estivesse a China, após a saída dos Estados Unidos".
O analista fez estas declarações durante uma conferência intitulada "América Latina e o Caribe: desafios macroeconômicos no curto e médio prazo", simpósio que deu início a um ciclo de reuniões organizadas pela Fundação Astur, criada pelo ex-secretário geral ibero-americano Enrique Iglesias.
Um dos riscos mencionados no simpósio foi "a possibilidade de políticas protecionistas", risco que em parte se deve à "saída dos EUA do acordo comercial entre 12 países do Pacífico.
"Se essas ameaças protecionistas se cumprirem, acredito que vamos nos afastar dos EUA e nos aproximar da China", apontou o economista à Agência Efe, que ressaltou que é algo "positivo", dado que "a região não pode controlar o que é decidido nos EUA".
Além disso, ressaltou que esta aproximação significaria que dez anos de negociações não foram "perdidos" e que se trata de "algo muito conveniente" que "poderia ser feito rápido", pois "a China já se aproximou da América Latina nos últimos 15 anos".
Végh apontou que atualmente a China "investe muito no Brasil e no México".
No que se refere a esta tentativa da região de "aumentar o comércio internacional", o chefe do Banco Mundial para a América Latina e o Caribe destacou a postura do Mercosul.
"O presidente (Mauricio) Macri (da Argentina) desempenhou um papel importante ao tentar aproximar o Mercosul da Aliança do Pacífico e o Mercosul se abriu para a Zona Euro".
Os outros desafios que a América Latina e o Caribe enfrentam, segundo a conferência, são "os ajustes fiscais" e a "normalização da política monetária dos EUA".
Végh abordou o problema fiscal da região ao ressaltar que o número médio da América Latina e o Caribe tem um déficit de 3% e que "27 dos 32 países da região tiveram um déficit fiscal em 2016".
Estes dados, junto à dívida pública, são "importantes", já que depende disso a qualificação de crédito dada a um país.
"Quanto menor é o déficit fiscal maior é a qualificação", detalhou o especializa, que também apontou que "o país de maior qualificação é o Chile".
As causas do déficit fiscal alto estariam ligadas à pouca "economia" durante a "década de ouro" ou às "vacas gordas" que a região viveu entre 2003 e 2013, período em que "os preços das commodities que a América do Sul vende estavam muito altos".
A respeito da normalização "da política monetária nos EUA", Végh afirmou que "não é algo que vai acontecer nos próximos meses".
"Eu anteciparia que talvez aconteça no último trimestre do ano de 2017 ou no início de 2018".
Apesar dos riscos assinalados, o economista ressaltou "o crescimento positivo da região" e previu que a América Latina e o Caribe "continuarão crescendo", em parte devido aos dados positivos da Argentina e do Brasil.
Além disso, Végh acredita que não vai a haver "choques externos importantes", que "os preços das commodities vão se manter racionalmente estáveis" e que "o crescimento na China vai se manter constante".