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BID aposta em 'década de oportunidades' na América Latina após pandemia

O presidente do BID apresentou um plano de "reinvestir nas Américas", que propõe uma agenda concentrada na mudança climática para superar a crise

BID: o banco terá como foco a "bioeconomia", com "novos modelos de agricultura e pecuária sustentáveis" que não incentivem o desmatamento (Germano Lüders/Exame)
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AFP

Publicado em 22 de março de 2021 às 11h09.

Última atualização em 1 de junho de 2021 às 13h33.

O Banco Interamericano de Desenvolvimento ( BID ) destacou no domingo (21) que pretende estimular uma "década de oportunidades", após os efeitos devastadores provocados pela pandemia na América Latina .

"Apesar da pior contração econômica econômica em 200 anos provocada pelo vírus, se até 2025 conseguirmos afirmar que não se perdeu outra década na América Latina e Caribe, então terei sucesso", afirmou o presidente da instituição, Mauricio Claver-Carone, durante o evento de encerramento do 60º encontro de ministros na Colômbia.

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Ao final da assembleia anual que aconteceu em Barranquilla, o presidente do BID apresentou um plano chamado de "reinvestir nas Américas, uma década de oportunidades", que propõe, entre outras medidas, uma agenda concentrada na mudança climática para superar a crise desatada pelo vírus.

Mas a aposta de Claver-Carone contrasta com o relatório apresentado no sábado pelo BID, muito mais pessimista.

"A região sairá da crise com maior endividamento, mais pobreza e aumento da desigualdade de renda", prevê o informe, que aponta um crescimento de 12,1% a 14,6% da pobreza extrema nos próximos anos.

Com apenas 8% da população mundial, a América Latina e o Caribe concentram mais de 27% (741.000) do total de mortes por covid-19. Um duro impacto que provocou uma retrocesso da economia de 7,4% em 2020, a queda mais expressiva em 200 anos.

Para 2021, o BID espera que o continente avance 4,1% e evite outra "década perdida", o termo utilizado nos anos 1980, quando a crise da dívida deixou a economia regional de joelhos.

Amazônia

No evento, que aconteceu de quarta-feira a domingo, Claver-Carone anunciou que as Nações Unidas apoiarão com 775 milhões de dólares o fundo de desenvolvimento sustentável da Amazônia lançado esta semana.

"Nós, do BID, colocamos 20 milhões de dólares para criar o fundo e começar a avaliar os projetos, e já recebemos um compromisso do Fundo Verde do Clima de 775 milhões de dólares para esses projetos", disse o primeiro americano a ocupar a presidência do BID.

Claver-Carone divulgou na quinta-feira a contribuição inicial do Banco à iniciativa para a Amazônia em um evento que contou com a presença do presidente da Colômbia, Iván Duque, e a participação virtual do presidente brasileiro, Jair Bolsonaro.

O BID terá como foco a "bioeconomia", com "novos modelos de agricultura e pecuária sustentáveis" que não incentivem o desmatamento, explicou na ocasião.

Segundo a organização WWF, a América Latina foi a região mais afetada pelo desmatamento na última década, devido à expansão da agricultura e da pecuária, construção de estradas, mineração e incêndios florestais.

Apenas em 2020, a floresta amazônica brasileira perdeu 8.426 km2 por causa do desmatamento, 8% a menos que no ano anterior. O número, no entanto, preocupa especialistas, que questionam a política ambiental de Bolsonaro.

Na Colômbia, o desmatamento destruiu 1.590 km2 de florestas, 62% deles na Amazônia, de acordo com números de 2019.

A bacia amazônica, que abriga a maior floresta tropical do mundo, estende-se por 7,4 milhões de quilômetros quadrados e ocupa quase 40% da superfície da América do Sul, no território de nove países: Brasil, Bolívia, Peru, Equador, Colômbia, Venezuela, Guiana, Suriname e Guiana Francesa.

- Retorno às Américas -Claver-Carone também insistiu em estimular a reorganização regional das cadeias de valor, com o repatriamento de capitais e indústrias, conhecido como "nearshoring".
A iniciativa foi idealizada pelo ex-presidente Donald Trump, que fez campanha para Claver-Carone assumir um cargo historicamente reservado para latino-americanos.

Filho de um espanhol e de uma cubana, com uma carreira na Casa Branca, no Fundo Monetário Internacional (FMI) e no Tesouro americano, conhecido por suas críticas a Cuba e Venezuela, Claver-Carone defendeu a proposta de congressistas americanos de aumentar o capital do organismo com 80 bilhões de dólares.

"Seria a maior capitalização em sua história", disse.

"Nenhum ministro rejeitou a proposta", completou. Mas o trâmite ainda precisa percorrer um longo caminho antes de ser validado nos Estados Unidos e no BID.

Claver-Carone também enfatizou a necessidade de incorporar as mulheres à força de trabalho do continente, assim como o apoio para fortalecer as pequenas e médias empresas e a economia digital.

 

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