Exame Logo

Bernanke resgata EUA de forma única com medidas inéditas

Chairman foi o primeiro a planejar uma política monetária que se focou em reduzir os custos dos créditos suprimindo as taxas de juros de prazos mais longos

Ben Bernanke, chairman do Federal Reserve: sua estratégia deixou o Fed com o maior balanço da sua história, US$ 4,1 trilhões (Andrew Harrer/Bloomberg)
DR

Da Redação

Publicado em 29 de janeiro de 2014 às 22h43.

Washington - Quando o presidente da Reserva Federal, Ben S. Bernanke , fechar a porta do seu escritório pela última vez daqui a dois dias, ele poderá dizer que tomou medidas que foram as primeiras ou as maiores deste tipo nos cem anos de história do Banco Central. Algumas delas provavelmente sejam também as últimas.

Bernanke foi o primeiro a planejar uma política monetária que se focou em reduzir os custos dos créditos suprimindo as taxas de juros de prazos mais longos depois que a taxa da política no curto prazo foi zerada. Sua estratégia, que envolveu compras diretas de títulos com garantias hipotecárias de agências e dívida do Tesouro de prazos mais longos, deixou o Fed com o maior balanço da sua história, US$ 4,1 trilhões.

Ele foi o primeiro presidente desde a Grande Depressão em usar os poderes para outorgar empréstimos de emergência para resgatar empresas em quase todos os cantos do sistema financeiro: de bancos até corporações e vendedores de títulos. E ele poderia ser o último: o Congresso, desconfiado dos vastos poderes do Fed, eliminou a capacidade do Banco Central de emprestar dinheiro para indivíduos, parceiros e companhias não bancárias.

“Ele foi incrivelmente criativo nos diferentes passos e programas que implementou para evitar uma queda livre da economia global”, disse Kristin Forbes, professora da Sloan School of Management do Massachusetts Institute of Technology, em Cambridge, e membro do Conselho de Assessores Econômicos da Casa Branca durante a presidência de George W. Bush. “Durante uma crise, devem ser tomadas decisões com informações muito imperfeitas. Ele esteve disposto a fazer isso”.

Metas cumpridas

Bernanke, de 60 anos, abandona um Fed muito diferente da instituição cuja presidência ele assumiu em 1 de fevereiro de 2006. Naquela época, o ex-professor da Universidade de Princeton tinha algumas metas. Ele dizia que determinar uma meta de inflação ajudaria a aumentar a responsabilidade e a efetividade das políticas. Ele também queria transferir poder da presidência para o Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC), onde são decididas as políticas, para diluir parte da mística criada por seu antecessor, Alan Greenspan.


Oito anos depois, Bernanke cumpriu essas metas. O Fed declarou uma meta de inflação de 2 por cento em 2012 e o FOMC é mais democrático. O presidente do Fed encorajou um debate mais aberto nas reuniões sobre políticas, permitindo aos colegas interromperem o formato se quisessem levantar uma questão. Diferentemente de Greenspan, Bernanke é o último a expressar sua visão sobre as políticas.

Entre outras inovações de Bernanke, os banqueiros centrais publicam suas previsões econômicas, incluindo sua perspectiva para a taxa de juros da política estabelecida por eles, quatro vezes por ano. O presidente realiza trimestralmente uma entrevista à imprensa.

Os resgates do Fed sob a chefia de Bernanke também deixaram uma rede de segurança expandida em volta de instituições financeiras e de mercados, rede que o Congresso e os reguladores estão tentar diminuir ativamente.

Rejeição aos resgates

A Lei Dodd-Frank de 2010, a revisão mais abrangente das regras financeiras desde a década de 1930, contém a frase “pôr fim à noção de ‘grande demais para falir’” no seu preâmbulo, uma mensagem aos reguladores de que nenhum banco deveria ser tão grande ou arriscado como para precisar ser resgatado novamente. Para deixar claro o assunto, o Congresso limitou os poderes do Fed para emprestar fundos de emergência a corporações não bancárias a uma facilidade de base ampla que somente pode ser acessada por várias instituições. A mensagem foi que os resgates individuais de companhias como o da Bear Stearns Cos. acabaram.

Entre as questões sem resposta com a saída de Bernanke: pode o Fed operar indefinidamente com um balanço de vários trilhões de dólares? O fluxo de crédito para economia fica restringido com o intenso escrutínio regulatório sobre o sistema bancário? A economia desacelerou para um ritmo de crescimento mais lento que o Fed não pode mudar?

“O livro continua aberto, os últimos capítulos ainda devem ser escritos, e é cedo demais para dizer ‘Ah, esse foi seu legado’ porque é a história que julga, e ainda há muitos riscos”, disse Julia Coronado, ex-economista do pessoal do conselho do Fed e atual economista-chefe para a América do Norte do BNP Paribas em Nova York.

Veja também

Washington - Quando o presidente da Reserva Federal, Ben S. Bernanke , fechar a porta do seu escritório pela última vez daqui a dois dias, ele poderá dizer que tomou medidas que foram as primeiras ou as maiores deste tipo nos cem anos de história do Banco Central. Algumas delas provavelmente sejam também as últimas.

Bernanke foi o primeiro a planejar uma política monetária que se focou em reduzir os custos dos créditos suprimindo as taxas de juros de prazos mais longos depois que a taxa da política no curto prazo foi zerada. Sua estratégia, que envolveu compras diretas de títulos com garantias hipotecárias de agências e dívida do Tesouro de prazos mais longos, deixou o Fed com o maior balanço da sua história, US$ 4,1 trilhões.

Ele foi o primeiro presidente desde a Grande Depressão em usar os poderes para outorgar empréstimos de emergência para resgatar empresas em quase todos os cantos do sistema financeiro: de bancos até corporações e vendedores de títulos. E ele poderia ser o último: o Congresso, desconfiado dos vastos poderes do Fed, eliminou a capacidade do Banco Central de emprestar dinheiro para indivíduos, parceiros e companhias não bancárias.

“Ele foi incrivelmente criativo nos diferentes passos e programas que implementou para evitar uma queda livre da economia global”, disse Kristin Forbes, professora da Sloan School of Management do Massachusetts Institute of Technology, em Cambridge, e membro do Conselho de Assessores Econômicos da Casa Branca durante a presidência de George W. Bush. “Durante uma crise, devem ser tomadas decisões com informações muito imperfeitas. Ele esteve disposto a fazer isso”.

Metas cumpridas

Bernanke, de 60 anos, abandona um Fed muito diferente da instituição cuja presidência ele assumiu em 1 de fevereiro de 2006. Naquela época, o ex-professor da Universidade de Princeton tinha algumas metas. Ele dizia que determinar uma meta de inflação ajudaria a aumentar a responsabilidade e a efetividade das políticas. Ele também queria transferir poder da presidência para o Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC), onde são decididas as políticas, para diluir parte da mística criada por seu antecessor, Alan Greenspan.


Oito anos depois, Bernanke cumpriu essas metas. O Fed declarou uma meta de inflação de 2 por cento em 2012 e o FOMC é mais democrático. O presidente do Fed encorajou um debate mais aberto nas reuniões sobre políticas, permitindo aos colegas interromperem o formato se quisessem levantar uma questão. Diferentemente de Greenspan, Bernanke é o último a expressar sua visão sobre as políticas.

Entre outras inovações de Bernanke, os banqueiros centrais publicam suas previsões econômicas, incluindo sua perspectiva para a taxa de juros da política estabelecida por eles, quatro vezes por ano. O presidente realiza trimestralmente uma entrevista à imprensa.

Os resgates do Fed sob a chefia de Bernanke também deixaram uma rede de segurança expandida em volta de instituições financeiras e de mercados, rede que o Congresso e os reguladores estão tentar diminuir ativamente.

Rejeição aos resgates

A Lei Dodd-Frank de 2010, a revisão mais abrangente das regras financeiras desde a década de 1930, contém a frase “pôr fim à noção de ‘grande demais para falir’” no seu preâmbulo, uma mensagem aos reguladores de que nenhum banco deveria ser tão grande ou arriscado como para precisar ser resgatado novamente. Para deixar claro o assunto, o Congresso limitou os poderes do Fed para emprestar fundos de emergência a corporações não bancárias a uma facilidade de base ampla que somente pode ser acessada por várias instituições. A mensagem foi que os resgates individuais de companhias como o da Bear Stearns Cos. acabaram.

Entre as questões sem resposta com a saída de Bernanke: pode o Fed operar indefinidamente com um balanço de vários trilhões de dólares? O fluxo de crédito para economia fica restringido com o intenso escrutínio regulatório sobre o sistema bancário? A economia desacelerou para um ritmo de crescimento mais lento que o Fed não pode mudar?

“O livro continua aberto, os últimos capítulos ainda devem ser escritos, e é cedo demais para dizer ‘Ah, esse foi seu legado’ porque é a história que julga, e ainda há muitos riscos”, disse Julia Coronado, ex-economista do pessoal do conselho do Fed e atual economista-chefe para a América do Norte do BNP Paribas em Nova York.

Acompanhe tudo sobre:Ben BernankeEconomistasEstados Unidos (EUA)Fed – Federal Reserve SystemMercado financeiroPaíses ricosPersonalidadesPolítica monetária

Mais lidas

exame no whatsapp

Receba as noticias da Exame no seu WhatsApp

Inscreva-se

Mais de Economia

Mais na Exame