BC espera piora do déficit em conta corrente em outubro
Em setembro, o Brasil registrou um déficit em conta corrente de 2,596 bilhões de dólares, segundo dados divulgados nesta terça-feira
Da Redação
Publicado em 23 de outubro de 2012 às 21h46.
Brasília - A redução do superávit comercial e o aumento das remessas de lucros e dividendos pelas empresas internacionais deve levar o Brasil a registrar em outubro déficit em conta corrente de quase 5 bilhões de dólares, o pior resultado desde abril, segundo estimou o Banco Central nesta terça-feira.
Em setembro, o Brasil registrou um déficit em conta corrente de 2,596 bilhões de dólares, segundo dados divulgados nesta terça-feira. O déficit ficou um pouco acima do estimado pelo mercado, de 2,45 bilhões de dólares, de acordo com pesquisa Reuters, e praticamente estável em relação a agosto.
A crise internacional tem prejudicado as exportações brasileiras e, consequentemente, reduzido o superávit da balança comercial.
Nos primeiros sete meses do ano, no entanto, a queda no superávit comercial foi mais do que compensada pela redução das remessas de lucros e dividendos pelas empresas estrangeiras instaladas no país, fazendo com que o déficit em transações correntes tenha caído em relação ao mesmo período do ano passado.
Contudo, a expectativa do BC é de aumento das remessas e de redução do superávit comercial, levando a estimativa de piora do déficit em transações correntes.
Em outubro, até o dia 19, as multinacionais instaladas no país enviaram às matrizes 1,456 bilhão de dólares em lucros e dividendos, superando o montante enviado em setembro de 1,129 bilhão de dólares.
O BC acredita que, por trás desses números mais negativos, há sinais de melhora da economia.
"Os sinais do fluxo comercial e o fluxo de remessas de lucros e dividendos podem estar associados à retomada do crescimento que se observa recentemente", disse o chefe do Departamento Econômico do Banco Central, Tulio Maciel, acrescentando as importações estão crescendo porque o comércio está se preparando para as vendas do fim de ano.
No mês passado, a balança comercial registrou superávit de 2,556 bilhões de dólares, segundo o BC. Maciel lembrou, no entanto, que até a terceira semana de outubro, o saldo está positivo em apenas 1,3 bilhão de dólares.
A despesa líquida com viagens também influenciou o resultado da conta corrente do país em setembro, com 1,262 bilhão de dólares, praticamente mantendo o ritmo do mês anterior, quando ficou em 1,381 bilhão de dólares.
Financiamento - O investimento estrangeiro direto (IED) continua mostrando fluxos expressivos, como reflexo do momento interno mais positivo. O BC estima que em outubro o país receberá 6 bilhões de dólares em investimento produtivo, alta de 36 por cento se comparado aos 4,393 bilhões de dólares em setembro. Neste mês, até o dia 19, a entrada líquida já estava em 3,8 bilhões de dólares.
"Temos uma situação de financiamento ainda mais confortável que já tínhamos no primeiro semestre. A evolução nos meses confirmou a entrada de investimento expressivo e as projeções estão ainda mais favoráveis", avaliou Maciel.
Para este ano, o BC calcula que o IED ficará em 60 bilhões de dólares, mais do que o suficiente para cobrir todo o déficit em transações correntes esperado para o período, de 53 bilhões de dólares.
A situação de financiamento favorável também pode ser vista nas taxas de rolagens das empresas. No mês passado, as empresas captaram no exterior o equivalente a 367 por cento das dívidas que venceram, num ritmo que deve se manter em outubro, já que na parcial até o dia 19 estava em 370 por cento.
"Até o final do ano essas condições devem permanecer. As empresas vão seguir com acesso a financiamento com taxa favorável", afirmou o técnico do BC.
Mercado acionário - O financiamento está sendo feito também por meio do mercado de ações e renda fixa. O investimento de estrangeiros em papéis negociados no país foi negativo em 1,180 bilhão de dólares no mês passado, mas está revertendo o movimento em outubro. Até o dia 19 deste mês, o saldo estava positivo em 1,208 bilhão de reais, segundo o BC.
Já em renda fixa, segundo o BC, as aplicações estrangeiras no país somaram 736 milhões de dólares em setembro e, em outubro, estavam em 516 milhões de dólares até o dia 19.