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Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h46.
Por Célia Froufe e Fernando Nakagawa
Brasília - O Banco Central destacou hoje no Relatório Trimestral de Inflação que o consumo das famílias se recuperou com vigor nos últimos meses. "Além do aumento da massa salarial, a disponibilidade de crédito para as famílias - em grande parte determinada pela estabilidade macroeconômica e por avanços institucionais conquistados nos últimos anos - vem se constituindo elemento fundamental para o aumento do consumo privado", diz o documento.
De acordo com o BC, após serem afetadas negativamente pela intensificação da crise econômica mundial, a partir de setembro de 2008, as condições e o volume de financiamento se recuperaram com vigor nos últimos meses. "Esse processo ocorreu à medida que os efeitos da crise internacional sobre a economia doméstica se exauriam e, em consequência, reduzia-se de maneira importante a incerteza macroeconômica." Em outra perspectiva, de acordo com o documento, o mercado de trabalho, cujo enfraquecimento tornou os agentes econômicos mais relutantes em contratar empréstimos, vem se recuperando de "maneira importante" nos últimos meses.
O relatório compara que, em relação ao mês anterior, em outubro o crédito com recursos livres do sistema financeiro às pessoas físicas cresceu 17% (24,2% em dezembro de 2008). No mesmo período, o crédito habitacional, cujas operações têm como base principalmente em recursos direcionados, registrou crescimento de 42,5%, comparativamente à elevação de 37,5% observada em outubro de 2008.
O documento destaca também que, recentemente, as empresas privadas voltaram a captar recursos no exterior e no mercado de capitais, dois canais que haviam sido obstruídos depois de setembro de 2008. "Em particular, a queda expressiva da taxa básica de juros favoreceu a atratividade relativa de títulos privados (por exemplo, emissões de debêntures). De um modo geral, a expansão do crédito ocorre em contexto de redução de taxas de juros e de arrefecimento dos indicadores de inadimplência, de modo que, para os próximos trimestres, as expectativas de analistas de mercado e de representantes do setor bancário apontam para expansão continuada do volume de crédito.
Emprego
O BC traça ainda um prognóstico relativamente positivo para o mercado de trabalho. O relatório lembra que a taxa de desemprego, que vinha recuando consistentemente nos últimos anos (média anual de 10,0% em 2006, de 9,3% em 2007 e de 7,9% em 2008), aumentou nos primeiros três meses de 2009, mas o mercado de trabalho começou a se recuperar desde então. Após atingir o mínimo da nova série histórica em dezembro de 2008 (6,8%), conforme lembra o documento, o desemprego se elevou para 9,0% em março, recuou para 8,0% em julho, quando, pela primeira vez no ano, retrocedeu ante o mesmo mês do ano passado (-0,1 ponto porcentual), e se deslocou para 7,5% em outubro, mesma taxa observada ano passado. "Esse desempenho, aliado à redução da inflação, fez com que a crise internacional produzisse efeitos limitados sobre a renda dos trabalhadores."
O BC lembra ainda que, segundo o IBGE, o rendimento médio real habitualmente recebido pela população ocupada, que aumentou 3,2% em 2007 e 3,4% em 2008, continuou se elevando de maneira robusta em 2009 (3,5% até outubro). Por outro lado, considera o documento, o número médio de pessoas ocupadas, que crescera 2,6% em 2007 e 3,4% em 2008, mostra importante arrefecimento no ano (0,7% até outubro). "Ainda assim, a expansão da massa salarial real - importante fator impulsionador da demanda agregada nos últimos anos - mesmo após atingir 5,8% em 2007 e 6,9% em 2008, foi de 4,2% no ano até outubro."