Bancos não têm risco com maior crédito e menor spread
Banco Central ressaltou que o avanço gradual da concessão de crédito e a redução das taxas de spread não colocam em risco a solidez do sistema financeiro do Brasil
Da Redação
Publicado em 22 de outubro de 2012 às 13h44.
São Paulo - O chefe do Departamento de Normas do Banco Central , Sergio Odilon dos Anjos, ressaltou que o avanço gradual da concessão de crédito no País e a redução das taxas de spread não colocam em risco a solidez do sistema financeiro do Brasil. "Ao contrário", destacou. "A correção da assimetria de informações, a redução dos juros e a maior perenidade das normas permitem que seja melhor formada a taxa de spread nesse mercado", opinou, ressaltando que esse processo dá mais condições para os cidadãos optarem por taxas de juros mais favoráveis quando precisam tomar empréstimos de instituições financeiras.
"O que estamos fazendo é dar um maior grau de transparência e perenidade nas regras para o consumidor, o que permite a melhor formação dos preços no mercado financeiro", apontou Anjos.
Ele repetiu os comentários de autoridades do governo, como os realizados pelos diretores do BC, Luiz Awazu Pereira da Silva e Aldo Mendes, e pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, segundo os quais os bancos precisam se adequar à nova realidade da economia brasileira, que tem taxas de juros menores do que as registradas em um passado recente. A Selic caiu 5,25 pontos porcentuais desde 31 de agosto de 2011, de 12,50% para 7,25% ao ano. "O mundo da regulação não está dissociado do mundo da política monetária. São focos diferentes, mas estão interligados. As instituições financeiras estão se adequando a um cenário de juros mais baixas comparativamente", disse.
Perguntado pela Agência Estado se as instituições financeiras precisam adotar ou não maior velocidade para a redução dos spreads, o chefe do departamento de normas do BC não respondeu à questão de forma direta. "Os bancos têm que se adequar à realidade e sabem como gerenciar seus fluxos. O relevante para o mercado de regulação do crédito é a qualidade da originação. Cada vez mais é preciso ter modelos e atenção para quem vai conceder crédito", afirmou.
"Nós trabalhamos para que a regulação acompanhe a realidade da nossa economia. A missão do BC é preservar o poder de compra da moeda e a manutenção do sistema financeiro sólido. E essas coisas estão interligadas", apontou Anjos.
Ele destacou que o fato de que 40 milhões de pessoas foram adicionadas ao mercado de consumo nos últimos dez anos no Brasil foi positivo para as instituições financeiras, pois isso criou novas fontes de negócios e receitas. "Ao agregar parcela significativa da população, aumentaram as operações de crédito e (os bancos) conseguiram gerenciar melhor suas situações", destacou.
Sem risco de quebra
Para Anjos, como o sistema financeiro no Brasil é forte, pois é capitalizado, com baixa alavancagem e tem nível muito seguro de supervisão, feita pelo BC, os testes de estresse realizados pelo Banco Central recentemente indicam que é muito baixo o risco de uma instituição financeira quebrar.
Perguntado pela AE porque sete instituições fecharam suas portas nos últimos dois anos, ele destacou que outros motivos podem levar bancos a apresentar problemas. Anjos não citou, mas um deles é suspeita de fraude, como ocorreu no caso do Panamericano, que foi absorvido pelo BTG Pactual. "Mas a sociedade pode ficar tranquila, porque o sistema financeiro no Brasil é robusto e sólido. Temos também o Fundo Garantidor de Crédito. Nosso sistema financeiro é bastante confiável".
Anjos fez as declarações após participar do 2º Congresso Internacional de Gestão de Riscos, que é promovido pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban), em São Paulo.