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Bancos do Proer ainda têm uma dívida de R$ 29,3 bilhões

Dados atualizados do BC, obtidos pelo jornal O Estado de S. Paulo, apontam que o banco Nacional, o primeiro a sofrer intervenção, ainda deve R$ 17,5 bilhões

Cartões de bancos: o Proer teve início com o Nacional e depois incorporou os bancos Econômico, Bamerindus, Crefisul, Mercantil, Pontual e Banorte (Marcos Santos/USP Imagens)
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Da Redação

Publicado em 3 de novembro de 2015 às 11h21.

Brasília - Vinte anos depois do lançamento do Programa de Estímulo à Reestruturação e ao Fortalecimento do Sistema Financeiro (Proer), dois dos sete bancos privados que receberam uma forte injeção de recursos públicos para não falirem e sofreram intervenção do Banco Central ainda têm uma dívida de R$ 24,1 bilhões com o governo federal.

Dados atualizados do BC, obtidos pelo jornal O Estado de S. Paulo, apontam que o banco Nacional, o primeiro a sofrer intervenção, ainda deve R$ 17,5 bilhões, e o banco Econômico outros R$ 6,5 bilhões.

Levando em conta os encargos contratuais, a dívida consolidada é maior, de R$ 21,5 bilhões para o Nacional e de R$ 7,8 bilhões para o Econômico, totalizando R$ 29,3 bilhões.

O Proer é considerado um dos mais polêmicos programas econômicos da história brasileira, mas, na avaliação do economista Gustavo Loyola, que presidiu o Banco Central entre 1995 e 1997, na época da implantação do programa, ele constituiu, na realidade, uma verdadeira reforma bancária.

"Eram bancos privados muito grandes, populares, e que estavam prestes a quebrar. Não tínhamos um plano estabelecido, as saídas foram criadas diante da necessidade de evitar que houvesse um colapso. Terminou sendo uma verdadeira reforma bancária", disse.

Em novembro de 1995, Loyola deu o sinal verde para a intervenção no Nacional, um dos maiores e mais conhecidos do País, que tinha sido o principal patrocinador do piloto Ayrton Senna na Fórmula 1.

O fim da hiperinflação, com o Plano Real, escancarou no sistema bancário, público e privado, o fim da era de dinheiro fácil, ganho com a inflação, e também revelou fraudes contábeis, depois investigadas pelo Banco Central e pela Justiça.

O Proer teve início com o Nacional e depois incorporou os bancos Econômico, Bamerindus, Crefisul, Mercantil, Pontual e Banorte.

O governo interveio nos bancos, injetando dinheiro público, para evitar uma crise no sistema financeiro, diz Loyola.

Na intervenção, o BC separou as instituições em duas partes: a parte boa, com ativos e clientes, foi vendida para outras instituições; a parte ruim ficou para pagar a dívida com o governo, como forma de devolver o dinheiro injetado no âmbito do Proer.

Concentração

Por outro lado, o programa de intervenção no sistema financeiro acabou acelerando o processo de concentração bancária no Brasil. O Nacional foi incorporado pelo Unibanco, que depois foi vendido ao Itaú. Já o Bamerindus foi vendido ao HSBC, comprado este ano pelo Bradesco.

O Econômico foi vendido na época ao Excel, depois comprado também pelo Bradesco, que já tinha adquirido o Pontual. "A concentração bancária é um fenômeno mundial. O Proer talvez tenha acelerado esse processo, mas era algo inevitável", diz Loyola.

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Brasília - Vinte anos depois do lançamento do Programa de Estímulo à Reestruturação e ao Fortalecimento do Sistema Financeiro (Proer), dois dos sete bancos privados que receberam uma forte injeção de recursos públicos para não falirem e sofreram intervenção do Banco Central ainda têm uma dívida de R$ 24,1 bilhões com o governo federal.

Dados atualizados do BC, obtidos pelo jornal O Estado de S. Paulo, apontam que o banco Nacional, o primeiro a sofrer intervenção, ainda deve R$ 17,5 bilhões, e o banco Econômico outros R$ 6,5 bilhões.

Levando em conta os encargos contratuais, a dívida consolidada é maior, de R$ 21,5 bilhões para o Nacional e de R$ 7,8 bilhões para o Econômico, totalizando R$ 29,3 bilhões.

O Proer é considerado um dos mais polêmicos programas econômicos da história brasileira, mas, na avaliação do economista Gustavo Loyola, que presidiu o Banco Central entre 1995 e 1997, na época da implantação do programa, ele constituiu, na realidade, uma verdadeira reforma bancária.

"Eram bancos privados muito grandes, populares, e que estavam prestes a quebrar. Não tínhamos um plano estabelecido, as saídas foram criadas diante da necessidade de evitar que houvesse um colapso. Terminou sendo uma verdadeira reforma bancária", disse.

Em novembro de 1995, Loyola deu o sinal verde para a intervenção no Nacional, um dos maiores e mais conhecidos do País, que tinha sido o principal patrocinador do piloto Ayrton Senna na Fórmula 1.

O fim da hiperinflação, com o Plano Real, escancarou no sistema bancário, público e privado, o fim da era de dinheiro fácil, ganho com a inflação, e também revelou fraudes contábeis, depois investigadas pelo Banco Central e pela Justiça.

O Proer teve início com o Nacional e depois incorporou os bancos Econômico, Bamerindus, Crefisul, Mercantil, Pontual e Banorte.

O governo interveio nos bancos, injetando dinheiro público, para evitar uma crise no sistema financeiro, diz Loyola.

Na intervenção, o BC separou as instituições em duas partes: a parte boa, com ativos e clientes, foi vendida para outras instituições; a parte ruim ficou para pagar a dívida com o governo, como forma de devolver o dinheiro injetado no âmbito do Proer.

Concentração

Por outro lado, o programa de intervenção no sistema financeiro acabou acelerando o processo de concentração bancária no Brasil. O Nacional foi incorporado pelo Unibanco, que depois foi vendido ao Itaú. Já o Bamerindus foi vendido ao HSBC, comprado este ano pelo Bradesco.

O Econômico foi vendido na época ao Excel, depois comprado também pelo Bradesco, que já tinha adquirido o Pontual. "A concentração bancária é um fenômeno mundial. O Proer talvez tenha acelerado esse processo, mas era algo inevitável", diz Loyola.

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