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Bancos avaliam que juro deve cair até julho

Feitas as contas após a divulgação do IPCA, o mercado já começa acreditar que uma queda na taxa básica dos juros seja possível. Se não for imediatamente em junho, o corte seria feito no máximo em julho. "As indicações são de que, apesar do declínio lento do núcleo da inflação, uma vez iniciado o processo […]

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 11h16.

Feitas as contas após a divulgação do IPCA, o mercado já começa acreditar que uma queda na taxa básica dos juros seja possível. Se não for imediatamente em junho, o corte seria feito no máximo em julho. "As indicações são de que, apesar do declínio lento do núcleo da inflação, uma vez iniciado o processo de queda dos juros para junho, ou no máximo julho, o movimento de cortes pode ser rápido e intenso", afirma o Lloyds TSB. "Com as premissas de inflação projetadas pelo mercado (clique aqui ou leia texto ao lado), a taxa básica de juros pode ceder para 21% ao ano, aproximadamente, em dezembro, e 4,5% abaixo disso no final do próximo ano", avalia o banco, acrescentando que esse seria o cenário mais provável.

O núcleo de inflação também preocupa os economistas do CSFB. "O nível do núcleo de inflação é ainda elevado (entre 12% e 13,5% em termos anualizados) e sinaliza inflação bastante acima das metas propostas pelo governo para 2003 e 2004", afirma o CSFB. Para o banco, os núcleos de inflação elevados e persistência da inércia inflacionária são alguns dos motivos que nos levam a esperar que o Banco Central mantenha os juros inalterados em 26,5% ao ano na reunião do Copom da próxima semana.

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"Por um lado, percebe-se que o Banco Central já poderia começar a reduzir a taxa básica de juros, pois não se pode fazer política monetária com base apenas na inflação corrente", afirma o relatório especial do Lloyds TSB. "Por outro, o comportamento do núcleo da inflação pesa a favor de uma postura mais cuidadosa, mas que admite quedas iniciais reduzidas que poderiam ser acentuadas na medida em que as taxas mensais de inflação aderissem à curva ideal ."

A prévia do IPC-Fipe divulgada nesta quarta-feira (11/6) também entra para o grupo das boas notícias, alimentando ainda mais as expectativas sobre os juros. O índice caiu para 0,28% na primeira quadrissemana de junho, após registrar 0,31% em maio, devido a um alívio dos preços dos alimentos e de um recuo mais forte dos combustíveis.

A quarta queda consecutiva, de 0,97% em abril para 0,61% em maio, do IPCA é uma boa notícia, mas o percentual ainda está longe de ajudar o país a cumprir a sua meta ajustada de inflação, de 8,5%, para este ano. O BBV Banco ressalta que a inflação acumulada no ano já é de 6,8%. "Ou seja, 80% da meta ajustada", afirma Luis Afonso Lima, economista sênior do banco.

Outro ponto a ser destacado é o comportamento da inflação. Quando não é um componente que está em alta, é outro. Por exemplo: no começo do ano, o grupo vilão era o de alimentos, fossem industrializados ou in-natura. O IGP-M de maio observou forte alta nos índices que compõem o custo da construção, deixando o índice acima das expectativas. Com o IPCA divulgado nesta terça, o grupo que atrapalhou um melhor desempenho do índice foi o de serviços, de 1,15%. "A alta dos preços dos serviços é sensível à renda, que caiu 4,3%", afirma o economista. "Justamente por isso, a pressão dos preços terá fôlego curto."

Outros pontos negativos, gerados por fatores sazonais ou imprevisíveis, que foram observados: a alta dos preços do vestuário, pela chegada do inverno; e a quebra da safra do arroz no Sul, que elevou o custo do produto.

"Porém, dada a defasagem de tempo entre a tomada de decisão de baixar os juros e sua repercussão na prática (cerca de quatro meses), os juros já poderiam ter começado a cair", afirma a Global Invest. "Enquanto isso não acontece, a atividade econômica é cada vez menor e o desemprego cada vez maior."

No governo

No governo, enquanto isso, os discursos continuam apontando para várias possibilidades. O ministro do Planejamento, Orçamento e Gestão, Guido Mantega, afirmou que as condições atuais da economia brasileira são "favoráveis" para a queda da taxa básica de juros, atualmente em 26,5% ao ano. Em breve nós estaremos tomando medidas que vão promover a recuperação da economia brasileira. Eu acredito que no segundo semestre já teremos uma trajetória ascendente da economia, com novos investimentos para promover o reaquecimento da economia e a recuperação do nível de emprego , disse Mantega.

Já o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, defendeu que a autoridade monetária do país tenha um perfil técnico de atuação. Que, se analisado pelos núcleos de inflação, deve manter o juro em 26,5% em mais um mês.

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