Banco Central Europeu vê juro em patamar restritivo se expectativas desancorarem na zona do euro
"Em última análise, a taxa terminal em que nosso ciclo de alta termina deve ser compatível com a inflação retornando de forma duradoura à nossa meta", afirma Lagarde
Estadão Conteúdo
Publicado em 20 de setembro de 2022 às 16h44.
Última atualização em 20 de setembro de 2022 às 18h02.
A presidente do Banco Central Europeu (BCE) , Christine Lagarde, disse que o juro terminal do atual ciclo de aperto monetário da entidade poderá ficar em patamar restritivo. Este cenário ocorreria caso os choques inflacionários atuais ameacem desancorar as expectativas inflacionárias da meta de 2% do BCE, alertou a dirigente.
"Em última análise, a taxa terminal em que nosso ciclo de alta termina deve ser compatível com a inflação retornando de forma duradoura à nossa meta — e essa taxa dependerá de como o ambiente econômico evolui ao nosso redor", disse Lagarde, durante discurso hoje em evento em Frankfurt, na Alemanha.
No momento, as expectativas de longo prazo estão ancoradas na meta do BCE, mas a entidade não pode tomar isso como garantido, já que a forte inflação tem afetado diretamente o custo de vida das famílias europeias e por conta do efeito duradouro na mentalidade de consumidores após um período de preços elevados, ressaltou Lagarde.
Neste contexto, o "único objetivo" da política monetária do BCE agora é entregar o seu mandato de estabilidade de preços, reforçou. O forte aumento de juros na zona do euro sinalizou a firmeza da autoridade monetária, na visão de Lagarde.
Segundo ela, muitos dos efeitos de "primeira rodada" dos choques recentes não podem ser evitados pela política monetária. Por outro lado, o BCE deve evitar um "problema duradouro", definiu.
Veja também:
FMI está prestes a liberar US$ 3,9 bilhões para a Argentina
'BC errou por não perceber que mudamos o eixo da economia', diz Guedes