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Autodata: economia estará estagnada em 2015

Projeção independe do cenário eleitoral, diz consultoria

Aécio Neves cumprimenta a presidente Dilma antes de debate organizado pela Band, em São Paulo (Paulo Whitaker/Reuters)
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Da Redação

Publicado em 19 de outubro de 2014 às 12h27.

São Paulo - A economia brasileira estará estagnada ou em recessão em 2015, projetou a sócia-diretora da Prada Consultoria, Letícia Costa. Em debate promovido pela AutoData sobre perspectivas para o setor automobilístico para o próximo ano, Costa afirmou que essa projeção para a economia brasileira independe do cenário eleitoral.

Para ela, se Aécio vencer haverá um ajuste econômico, no sentido de reduzir o déficit do governo e reajustar os preços administrados. Se a vencedora for Dilma Rousseff , o problema se resume às incertezas e à credibilidade. "Independente de quem ganhar, 2015 será um ano complicado. Dificilmente vamos ver crescimento expressivo, e pode ser até recessivo", explicou. A sócia-diretora da Prada explicou que esse desempenho econômico fraco leva a uma queda na confiança do consumidor, uma vez que ele dificilmente assumirá compromissos de médio e longo prazo. Isso, por sua vez, pode levar ao desemprego, inclusive no setor de serviços, projetou.

Costa acrescentou que a diferença entre os dois candidatos se dá após 2015. Com Aécio já é possível traçar alguma perspectiva por conta da indicação de Armínio Fraga para o ministério da Fazenda, se eleito. "Acredito que Dilma ainda não decidiu que caminho vai seguir. No meu entendimento, existe dentro do PT uma discussão bastante acirrada se escolheria um ministro semelhante a Guido Mantega ou alguém com mais credibilidade no mercado." Ela não descarta a possibilidade de Dilma, se reeleita, escolher um nome com políticas mais ortodoxas para retomar a confiança.

Ricardo Bacellar, diretor de relacionamento da KPMG no Brasil para o setor automotivo, também participou do debate promovido pela AutoData e alertou que se não houver uma mudança na percepção negativa, as agências de classificação de risco podem rebaixar o rating do Brasil. "Para um país que depende muito de capital externo como o Brasil, isso seria terrível para o câmbio, e o efeito imediato seria a depreciação do real", acrescentou.

Questionada especificamente sobre os problemas da indústria automotiva, a sócia-diretora da Prada lembrou que questões como reforma fiscal, reforma trabalhista, investimentos em infraestrutura e simplificação da burocracia já foram suficientemente discutidas no Brasil. "No curto prazo, temos um problema eminentemente político. O Congresso passou de 22 partidos para 28, então qualquer governo que assumir será um governo de coalizão. O problema deixou de ser técnico e passou a ser político", acrescentou. A médio prazo, Letícia avaliou que há um problema de qualidade da mão de obra, fundamental para registrar um ganho de competitividade.

São Paulo - Janeiro é o mês no qual os órgãos internacionais fazem suas previsões para os próximos anos. Nesta quarta-feira, foi a vez do Banco Mundial . O título do relatório é "Lidando com a normalização das políticas nos países de renda alta" e grande parte dele é dedicado a mostrar que os emergentes vão ter que suar para manter a estabilidade em um mundo que caminha para taxas de juros mais altas. A economia brasileira é citada algumas vezes. Veja os destaques a seguir:
  • 2. As eleições podem impedir reformas...

    2 /8(Elza Fiúza/ABr)

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    Para o Banco Mundial, a mudança nas condições globais de financiamento significa que "manter uma política de o-mesmo-de-sempre não é mais uma opção" para os emergentes .  O risco de complacência, no entanto, é alto. A implementação de reformas já é um desafio político em circunstâncias normais, mas fica ainda mais difícil "por causa das eleições em muitos daqueles países mais testados na última estação." África do Sul , Tailândia, Turquia, Indonésia e Índia são colocadas neste grupo, junto com o Brasil.
  • 3. ... mas o crescimento deve acelerar em 2016

    3 /8(Dado Galdieri/Bloomberg)

  • A estimativa do Banco Mundial é que a economia brasileira vai crescer 2,4% em 2014 e 2,7% em 2015 - nada muito além dos cerca de 2,2% registrados em 2013. A partir daí, deve haver uma nova aceleração: a previsão para 2016 é de 3,7% de expansão. Vale notar que órgão errou a projeção para o Brasil nos últimos anos. Para 2011, a previsão era de 4,4% e o país cresceu 2,7%. Para 2012, a estimativa era de 3,4%.e o crescimento foi de 0,9%.
  • 4. A confiança do investidor e do consumidor está em queda...

    4 /8(Dado Galdieri/Bloomberg)

    O otimismo do empresário despencou 38 pontos percentuais ao longo de 2013, de acordo com pesquisa da consultoria Grant Thornton. Na opinião do Banco Mundial , "a confiança do consumidor e do investidor ficou mais fraca devido à fraqueza da gerência macroeconômica e às políticas intervencionistas do governo, ao mesmo tempo que os termos de troca deterioraram-se."
  • 5. ... mas a Copa e as Olimpíadas vão dar um empurrão

    5 /8(Dado Galdieri/Bloomberg)

    O Banco Mundial acredita que os investimentos para a Copa de 2014 e as Olimpíadas de 2016 , junto com um aumento das exportações, vão compensar os efeitos da queda de preço de commodities e do aperto nas condições de financiamento global. R$ 25,5 bilhões serão investidos só na Copa, de acordo com o governo federal. No Rio de Janeiro , os eventos esportivos fizeram dobrar os investimentos nos últimos 6 anos.
  • 6. O crédito depende demais do governo...

    6 /8(Tânia Rêgo/ABr)

    O Banco Mundial nota que em países como Brasil, Turquia e China, o crédito subiu mais de 20 pontos percentuais no PIB desde 2007. Isso não é o problema, e sim uma dependência excessiva do crédito estatal - como é o nosso caso: " bancos estatais foram responsáveis por 50% do crédito por liquidar no Brasil em meados de 2013, acima dos 33% em 2008 e a primeira vez que este patamar é atingido desde a onda de privatizações em 1999."
  • 7. ... mas não a agricultura

    7 /8(EXAME)

    O relatório do Banco Mundial sugere que o corte de subsídios agrícolas pode abrir espaço para outras prioridades fiscais, além de aumentar a produtividade . O Brasil, no entanto, já lidou com essa questão há muito tempo: em um gráfico com 14 países que mostra a porcentagem do PIB destinada para subsídios agrícolas, aparecemos na última posição. A Indonésia lidera, com 3,5%. Em países desenvolvidos como Estados Unidos e Japão, o número gira em torno de 1%.
  • 8 /8(USP Imagens)

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