Ceagesp: o fluxo financeiro caiu cerca de 45,5%, passando de R$ 158 milhões para pouco mais de R$ 86 milhões (Fernando Moraes/VEJA)
Estadão Conteúdo
Publicado em 30 de maio de 2018 às 13h20.
São Paulo - Os efeitos da paralisação dos caminhoneiros, aos poucos, começam a se reverter. O movimento na Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp) melhorou na manhã desta quarta-feira, 30. Até as 9h, tinham entrado mais de 500 caminhões vindos especialmente do interior paulista. Na terça-feira, 29 tinham entrado cerca de 200, quando o normal são 2 mil por dia.
Flávio Godas, economista da Ceagesp, informou que a maior dificuldade é a chegada dos caminhões com produtos vindos fora do Estado de São Paulo. O que a central está recebendo é a produção proveniente do cinturão verde de São Paulo, como folhas, pimentão, pepino, tomate e chuchu, por meio de caminhos alternativos.
Na terça, o fluxo de caminhões na Ceagesp foi 10% de um dia de movimento normal. Entraram 115 veículos vindos principalmente do interior de São Paulo e do Cinturão Verde da Grande São Paulo. Na percepção de Flávio Godas, houve alguma melhora na oferta de verduras. "Senti um pouco mais de confiança dos produtores de regiões mais próximas, mas o problema persiste para aqueles que têm de percorrer longas distâncias, especialmente de fora do Estado", explicou.
Godas disse que o balanço da comercialização, que começa ao meio dia, será divulgado no fim da tarde desta quarta. Segundo o último dado divulgado, os atacadistas deixaram de comercializar cerca de 29.419 toneladas na semana passada. O fluxo financeiro caiu R$ 72 milhões, cerca de 45,5%, passando de R$ 158 milhões para pouco mais de R$ 86 milhões.
A Ceagesp estima que, nesta época do ano, são comercializadas de 60 mil a 65 mil toneladas por semana. Nesta primeira semana de greve foram comercializadas 33.839 toneladas. Em relação a semana imediatamente anterior a greve, quando o volume registrado foi de 63.258 toneladas, houve queda de 46,5%.
Supermercados
A situação de desabastecimento se repete nos supermercados. "Os efeitos da greve não acabaram para os supermercados paulistas", disse o superintendente da Associação Paulista de Supermercados (Apas), Carlos Correa. Nas suas contas, em nove dias de greve dos caminhoneiros, os supermercados de todo País deixaram de vender R$ 2,4 bilhões em produtos perecíveis.
O superintendente da Apas e representantes de cadeias de produção de alimentos se reuniram com o governador de São Paulo, Márcio França (PSB), para relatar a situação do abastecimento. Caminhões com mercadorias enfrentavam bloqueios em rodovias do Estado. O governador, segundo Correa, se comprometeu a voltar a conversar com esses manifestantes para desobstruir esses pontos.
Desafio
A prova de fogo para os supermercados será nos próximos dias, quando a população recebe o salário e vai às compras do mês, geralmente itens de maior volume, como arroz, feijão e óleo, por exemplo. "Se não conseguirmos fazer a reposição dos estoques, a ruptura (falta de um determinado produto na prateleira) será maior", disse o executivo.
Uma pesquisa feita pela Neogrid, empresa especializada em cadeia de suprimentos, em 25 mil lojas de supermercados espalhadas pelo País, mostra que o índice de falta de produtos que estava em 7,1% no dia 21 de maio, quando a greve começou, subiu para 8,6% no dia 26. Os produtos mais críticos são feijão, farinha, arroz e vegetais.