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Da Redação
Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h35.
A América Latina corre o risco de ficar definitivamente para trás, na corrida com os países asiáticos, se não ampliar fortemente seus investimentos em infra-estrutura. Enquanto a Ásia investe de 4% a 6% do PIB nesse setor, os latino-americanos despendem menos de 2%. Segundo o Banco Mundial (Bird), seria necessário que a taxa de investimento, pelo menos, se equiparasse à dos asiáticos, se a América Latina.
A situação é ainda mais complicada, quando se lembra que o atual nível de gastos em infra-estrutura está abaixo, inclusive, do que a região já desembolsou no passado. Entre 1980-1985, por exemplo, 3,7% do PIB da região era destinado ao setor. "A América Latina e o Caribe estão ficando para trás nos setores de energia, transportes e telefonia fixa", afirma Marianne Fay, uma das autoras do estudo do Bird.
As deficiências geradas pela falta de investimentos comprometem a competitividade das empresas. O custo do transporte, na região, varia de 15% do valor do produto acabado, no Chile, a 34% no Peru. Enquanto isso, a média mundial é de 10%.
Com maciços investimentos em infra-estrutura, que se equiparassem aos dos asiáticos, os latino-americanos e caribenhos seriam capazes de elevar em 1,4 ponto percentual sua taxa média de crescimento, diz o estudo. A pobreza seria reduzida entre 10% e 20%. "Elevar os investimentos no setor representa um considerável desafio para os governos locais, mas o retorno potencial dos gastos compensa", diz Marianne.
Para contornar a incapacidade de investimento público, o Bird recomenda a criação de mecanismos para atrair recursos da iniciativa privada. Até o momento, os países da região não foram capazes de manter um nível elevado de participação privada no setor. O montante investido pelas empresas declinou de 71 bilhões de dólares, em 1998, para 16 bilhões em 2003.
Outro ponto preocupante, segundo o Bird, é a concentração desses recursos. Entre 1990 e 2003, seis países (Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, Peru e México) concentraram 93% dos desembolsos privados em infra-estrutura na região. A maior parte do dinheiro foi aplicada em telecomunicações e energia.