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A política econômica brasileira em xeque

A inflação continua a ser um nó na manutenção e no desenvolvimento da política econômica brasileira. O maior problema é conciliar a inflação e seus efeitos sobre os preços administrados com a volatilidade do câmbio e a política de metas. Tudo isso logo depois de mais uma alta nos juros (hoje em 26,5%). Para a […]

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h44.

A inflação continua a ser um nó na manutenção e no desenvolvimento da política econômica brasileira. O maior problema é conciliar a inflação e seus efeitos sobre os preços administrados com a volatilidade do câmbio e a política de metas. Tudo isso logo depois de mais uma alta nos juros (hoje em 26,5%).

Para a consultoria Global Invest, "não podemos continuar a pressionar a parcela da cadeia econômica que pratica preços livres, enquanto permitimos que determinados setores continuem a praticar tarifas indexadas, mas que se mantém intocável nos preços dos derivados de petróleo, energia elétrica telecomunicações". A Global Invest avalia que o governo deve mudar o modelo de tarifação desses serviços ou separá-los corretamente dos índices que apuram as metas inflacionárias.

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Um estudo feito pela empresa mostra que a inflação está em queda, exceto na categoria transportes, puxada há meses por aumentos da Petrobras, cujos preços são reajustados pelo dólar embora 85% dos custos sejam em reais. "Ou seja, garante-se a manutenção do resultado da Petrobrás, tendo como contrapartida um enorme custo, derivado do aumento da dívida pública, combinado a uma redução do crescimento econômico. É um claro exemplo da falta de coordenação de políticas econômicas", afirma o relatório.

No relatório das expectativas do mercado (Focus) divulgado nesta segunda-feira (24/2) pelo Banco Central, a previsão para o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) neste ano passou de 11,99% para 12,06%. Para 2004, foi mantida a projeção de inflação de 8% _ muito superior à meta ajustada definida pelo BC, que é de 8,5% para 2003 e de 5,5% para 2004.

"A partir de um ponto, a política monetária tende a fazer pouco efeito adicional no combate à inflação, gerando apenas os efeitos colaterais conhecidos", afirma a Global Invest. "O amargo e necessário remédio chamado juros está ajudando, por overdose, a enfraquecer o doente. O que nos surpreende é que a dose aumenta justamente quando o doente já está dando sinais de melhora", afirma a consultoria. Por isso, diz a Global Invest, a inflação dá sinais de queda em todos os índices e subgrupos.

Nos últimos cinco anos, a economia brasileira cresceu a uma taxa real média de 1,6% ao ano, metade do crescimento médio global. Isso fez do Brasil o país a apresentar a segunda menor taxa de crescimento econômico entre as 15 principais economias do mundo, superando apenas o Japão. Além disso, o endividamento público cresceu em 30% do PIB (Produto Interno Bruto) nos últimos nove anos, a maior taxa verificada no mundo, no mesmo período. "A cada novo aumento de juros, mais caro fica para o país se financiar. O país, portanto, se torna mais volátil e mais arriscado para investidores. A crise financeira de 2002 foi um aviso que não deve ser ignorado", afirma o relatório especial da Global Invest. "É óbvio que temos necessidade de praticar uma política monetária restritiva em determinados momentos. A questão aqui se refere à intensidade do aperto em função da natureza do choque inflacionário."

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