Economia

A indústria já se recupera _ mas nem tanto

Os últimos dados econômicos indicam uma aceleração do crescimento econômico neste fim de ano foi o que mostrou, por exemplo, a estatística do IBGE para a produção industrial, com alta de 4,6% desde junho. Tais sinais de vigor, no entanto, devem ser olhados com cautela. Por vários motivos, o crescimento da indústria dificilmente irá se […]

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 11h16.

Os últimos dados econômicos indicam uma aceleração do crescimento econômico neste fim de ano foi o que mostrou, por exemplo, a estatística do IBGE para a produção industrial, com alta de 4,6% desde junho. Tais sinais de vigor, no entanto, devem ser olhados com cautela. Por vários motivos, o crescimento da indústria dificilmente irá se repetir nos próximos meses.

Em primeiro lugar, a inflação subiu muito no período recente, embora já esteja dando os primeiros sinais de arrefecimento no atacado. Preços em alta diminuem a renda real dos consumidores. O rendimento médio dos trabalhadores tem caído mês após mês, o que se traduz em demanda menor , diz Gesner Oliveira, professor de economia da FGV de São Paulo e sócio da Tendências Consultoria.

É claro que parte da produção pode ser vendida no exterior. Aliás, as exportações vêm crescendo e são responsáveis por parte do crescimento econômico registrado. No entanto, elas ainda respondem por uma fatia pequena da economia brasileira e não são capazes de ditar o rumo dos negócios para o país.

Além disso, a postura do novo governo para combater a inflação promete ser dura. Em entrevista recente a EXAME, Antônio Palocci, recém-indicado ministro da Fazenda por Lula, disse que não estão descartados choques de juros ou fiscais. Ambos se traduzem em um ambiente econômico difícil.

Tal estratégia foi reafirmada por José Genoino, o novo presidente do PT, que previu um ano muito duro pela frente. Portanto, pelo menos para os próximos 12 meses, o novo governo deverá ser ortodoxo em matéria de política econômica. Há também um ambiente de crédito muito restrito, tanto dentro quanto fora do país, o que complica a situação das empresas. Sem crédito, o crescimento registrado no último trimestre não tem fôlego , diz Oliveira.

Portanto, é pouco provável que o crescimento mostrado nos indicadores industriais seja o início de um movimento mais amplo. Os dados relativos à produção da indústria no início de 2003 devem mostrar um quadro bem menos favorável. Não é por outro motivo que a maior parte dos economistas está prevendo um ano de atividade econômica fraca a partir de janeiro.

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