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Cuba segue Venezuela e inclui criptomoedas em novo plano econômico

Governo cubano inclui criptomoedas em projeto de desenvolvimento econômico e pode usar ativos digitais para tentar driblar sanções impostas ao país

 (Yamil Lage/AFP)

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Gabriel Rubinsteinn

Publicado em 22 de abril de 2021 às 12h53.

O governo de Cuba divulgou no início da semana a intenção de incluir as criptomoedas no seu plano de desenvolvimento econômico. A ideia do governo é, em um primeiro momento, avançar nos estudos sobre o assunto.

O anúncio foi feito em uma publicação no Granma, jornal oficial do regime cubano, em uma publicação que resume as propostas do 8º Congresso do Partido Comunista. É o evento que discute e decide políticas públicas no país. Um dos temas debatidos foram as atualizações no plano de "Diretrizes de Políticas Econômicas e Sociais" para o período de 2021 a 2026.

Mercedes López Acea, do gabinete político e do secretariado do governo, citou proposta de uma nova diretriz econômica, que visa "avançar nos estudos das criptomoedas nas condições atuais da economia". O governo não dá mais informações sobre o tema, mas deixa claro que o tema das criptomoedas, antes tratado de maneira informal por membros do governo, agora está na agenda oficial do regime cubano.

É a primeira vez que Cuba cita de maneira oficial a intenção de usar as criptomoedas para tentar driblar a fragilidade e as sanções econômicas impostas ao país.

Importante aliado do regime cubano, a Venezuela já trata abertamente do tema há alguns anos, inclusive com o governo de Nicolás Maduro buscando o lançamento da Petro, criptomoeda controlado pelo Estado e lastreada nas reservas de petróleo do país sul-americano.

A população venezuelana também já recorreu às criptomoedas para contornar a hiperinflação da moeda local e as restrições do governo sobre a compra de dólares e outras moedas, chegando a ser um dos países latinos que mais negocia bitcoin.

Em Cuba, o governo não deu nenhum detalhe sobre como pretende lidar com as criptomoedas, se com uma moeda digital emitida por banco central (CBDC), como faz a China, que também é dirigida por um Partido Comunista, ou se com a utilização de criptoativos já em circulação, como o bitcoin ou qualquer outro.

A utilização da principal criptomoeda do mundo em países com problemas econômicos tem se tornado comum -- mas, em geral, é algo praticado pela própria população, e não como política pública. Além da Venezuela, países em crises econômicas acentuadas, como Argentina, Nigéria e Turquia, também viram suas populações recorrerem ao bitcoin como forma de tentar proteger seu patrimônio. Nas duas últimas, o fluxo de dinheiro investido em criptomoedas se tornou tão significativo que seus governos, acuados, buscam maneiras de proibir a negociação dos ativos digitais.

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