Preparando-se para um ano de incertezas – parte 2
Dando continuidade às considerações sobre um possível “ano difícil” pela frente, vamos ver algumas estratégias financeiras defensivas que merecem ser analisadas e, quem sabe, adotadas. Uma coisa interessante sobre estratégias financeiras defensivas é que, com raras exceções, “mal não vão fazer”. Se as previsões mais pessimistas sobre o ano que vem estiverem completamente furadas e tivermos mais um ano de crescimento e euforia econômica, o pior que pode acontecer (ressaltando […] Leia mais
Publicado em 22 de dezembro de 2011 às, 11h02.
Última atualização em 24 de fevereiro de 2017 às, 13h39.
Dando continuidade às considerações sobre um possível “ano difícil” pela frente, vamos ver algumas estratégias financeiras defensivas que merecem ser analisadas e, quem sabe, adotadas. Uma coisa interessante sobre estratégias financeiras defensivas é que, com raras exceções, “mal não vão fazer”. Se as previsões mais pessimistas sobre o ano que vem estiverem completamente furadas e tivermos mais um ano de crescimento e euforia econômica, o pior que pode acontecer (ressaltando novamente “com raras exceções”) é ter vivido o ano de forma menos intensa, mas com uma situação mais equilibrada no final.
1 – “Quem não deve não teme”
Existem poucos exercícios de futilidade e perda de tempo maiores do que pensar em investimentos e retornos quando se está endividado. Empresas se endividam e pensam em retorno, mas usam o dinheiro emprestado (ou pelo menos deveriam usar) para “alavancar” seus resultados – ou seja, elas tomam dinheiro emprestado a um custo “X” para investir em seu negócio que traz um retorno maior que “X”. Estão, literalmente, “ganhando com o dinheiro dos outros”. Mas raramente uma pessoa física consegue tomar dinheiro emprestado e, de alguma forma, se beneficiar da alavancagem. Pessoas físicas usualmente usam crédito para o consumo, e não para gerar algum retorno que seja superior ao custo desse crédito.
O primeiro passo de uma postura financeiramente defensiva é parar, imediatamente, de fazer dívidas e adotar uma postura de viver conforme os meios permitem. É importante notar que não estamos falando de um problema financeiro, mas sim comportamental e disciplinar, que afeta diretamente a vida financeira.
2 – “Espere o melhor, mas prepare-se para o pior”
Quem consegue passar pela primeira (e mais difícil) etapa, que é parar de se endividar, deve começar a se preocupar em ter uma reserva financeira liquida e de fácil acesso para situações emergenciais, como a perda repentina do emprego.
Hoje, muitos brasileiros têm patrimônio zero ou negativo, por conta do endividamento. Eliminar o endividamento é fundamental para que se possa pensar em começar a constituir uma reserva. É importante aqui criar uma regra e ser rígido com ela. Normalmente recomenda-se às pessoas que procurem guardar algo entre 10% a 15% de suas rendas mensais, mas, na iminência de cenários ruins, quanto maior o percentual, melhor.
3 – Investindo defensivamente
Quem tem dinheiro sobrando (e investido) deve, mais do que nunca, ficar atento a algumas regras básicas do gerenciamento de riscos. Nosso povo tem algumas coisas engraçadas… Se eu sair por aí dizendo que vou pegar todo o meu dinheiro e investir tudo em uma única empresa, comprando ações dela na bolsa de valores, é capaz de mandarem me internar num hospício. Mas se eu disser que vou comprar um único imóvel para alugar e receber essa renda de aluguel, muita gente vai achar a decisão mais sábia e sensata do mundo…
Bem, novamente não estamos falando de problemas financeiros, e sim de valores pessoais, visões, percepções e crenças. Investir defensivamente exige que adotemos uma “política de risco” para nossas decisões, e um grande desafio é estabelecer essa política de riscos de uma forma coerente e objetiva, sem deixar que nossas emoções e nossas percepções nos traiam.
O procedimento mais básico (e mais eficaz) de uma política de gestão de riscos é a diversificação. Diversificar os investimentos entre categorias (renda fixa e renda variável) e entre emissores (títulos públicos e privados, no caso de renda fixa, e diferentes empresas e segmentos, no caso de renda variável). Em situações de incerteza, é comum as pessoas darem maior “peso” em suas carteiras de investimento a títulos de renda fixa emitidos por governos e comprarem ações de empresas de setores mais “tradicionais” e com reputação de serem boas pagadoras de dividendos. É uma boa prática para o investidor não profissional cuja maior preocupação é a defesa do patrimônio.
4 – Tristeza de uns, alegria de outros…
Reduzir o consumo, poupar dinheiro e se preocupar em investir de forma conservadora não é a coisa mais agradável de se fazer. Aliás, é algo bastante chato… por isso vamos tentar “fechar” nosso pacote de estratégias defensivas com algo mais divertido e animado, onde exercitaremos nossa imaginação e nossa criatividade.
Vamos começar a traçar cenários e imaginar que, no ano que vem, tudo dê errado e a economia vá para o buraco de vez. Como poderíamos ganhar com isso? Reclamar e se lamuriar nunca foi uma estratégia muito interessante para tentar gerar riqueza,por isso minha proposta é fazer um exercício mental para tentar enxergar onde estariam as oportunidades caso o cenário ruim vire realidade. Quais seriam os negócios “contra cíclicos” que poderiam gerar riqueza quando a economia vai mal? Ponha seu cérebro para funcionar e descubra!
Afinal, não devemos esquecer que grandes fortunas e grandes oportunidades surgem nas épocas de crises. E também não devemos esquecer que, para explorar adequadamente as grandes oportunidades, é bom estar com a vida financeira bem resolvida e equilibrada, por isso não se esqueça das estratégias anteriores!