Os (verdadeiros) perfis de investidor
No universo dos investimentos, costuma-se classificar os investidores em três categorias básicas. Mas, na verdade, existem pelo menos seis...
Publicado em 27 de julho de 2017 às, 10h24.
Última atualização em 17 de outubro de 2018 às, 15h47.
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Como o leitor já deve saber, existem três perfis básicos de investidor (ou “perfis de risco”): O conservador, o moderado e o agressivo.
A definição desses perfis é altamente relacionada àquilo que chamamos de “tripé dos investimentos”, que são os três fatores “fundamentais” utilizados na análise de um investimento: A Liquidez, a segurança e a rentabilidade (sempre lembrando que a liquidez está associada à disponibilidade do dinheiro; a segurança, ao risco; e a rentabilidade, ao retorno potencial).
A “pegadinha” desses três fatores é que eles nunca estão presentes, em altos níveis, ao mesmo tempo (isso está associado à “lei da oferta e da demanda”). Ou seja, um investidor, no seu processo de decisão, sempre precisará abrir mão de pelo menos um desses fatores.
Então, presume-se que o investidor conservador é aquele que prioriza liquidez e segurança, abrindo, assim, mão de um retorno maior. O moderado aceita um pouco mais de risco, abrindo um pouco mais mão de liquidez e segurança, em favor de um retorno potencial um pouco maior. Já o agressivo é aquele que prioriza o retorno. No caso do investidor agressivo, geralmente se presume que é um investidor mais experiente, com mais dinheiro (então, pode abrir mão de liquidez imediata) e que tem uma maior tolerância a perdas (o investidor agressivo encara perdas como “percalços” rumo a um objetivo maior no futuro).
Esses são os perfis básicos. Aqueles que sempre aparecem na literatura e nos famosos “testes de suitability” das instituições financeiras.
Porém, existem pelo menos seis perfis diferentes. Abaixo do conservador, podemos dizer que existe o “superconservador”. O perfil superconservador é uma coisa que veio do universo dos fundos de pensão, e tem uma história muito curiosa: Esse perfil foi definido num período de alguns anos, quando as taxas de juros caíram bastante e os títulos prefixados (ou indexados à inflação, que se comportam de maneira similar) apresentaram grande volatilidade, “assustando” investidores menos experientes. Isso levou esses fundos a criarem perfis “ainda mais conservadores que o conservador”, com carteiras que sejam compostas, majoritaria ou integralmente, de títulos pós-fixados “puros”, como aqueles ligados à Selic ou ao CDI.
Abaixo do “superconservador”, ainda é possível encontrar um outro perfil. Um perfil que eu defino como “medroso mórbido”, que é aquele sujeito que tem tanto medo de perder dinheiro que sequer investe – guarda tudo “debaixo do colchão” (ou vai para a Caderneta de Poupança e afins). É aquele investidor que tem medo “até da própria sombra”.
E, na outra extremidade, acima do agressivo, temos o “investidor maluco”. Aquele que, ao contrário do agressivo, não tem consciência dos riscos que está correndo e age como um jogador em um cassino. É o caso do infame “trader de Facebook”... Aquele indivíduo que entra em grupos de trading nas redes sociais e fica perguntando “qual é a dica do dia”...
Então, pela ordem (do mais agressivo para o menos agressivo), os seis perfis de investidor são:
- Maluco
- Agressivo
- Moderado
- Conservador
- Superconservador
- Medroso mórbido
De todos esses perfis, o mais interessante é, talvez, o “medroso mórbido”. Ele tem tanto medo, mas TANTO MEDO de perder dinheiro que, ironicamente, é o único que perde com 100% de certeza, pois ele deixa dinheiro parado ou em investimentos ruins (como a Caderneta de Poupança) e acaba perdendo para a inflação.
No caso do medroso mórbido, a perda não é um risco: É um fato consumado. Até o “investidor maluco”, de vez enquanto, acerta... Mas o medroso mórbido perde sempre.
É a prova final de que riscos não se evitam (eles são, no máximo, “gerenciados”). Tentar “se blindar” completamente contra riscos é contraproducente e, no final, só faz com que percamos dinheiro de todo jeito.
Obviamente, não precisa ser “maluco” com o dinheiro, mas é preciso ter consciência de que “algum risco” sempre vai ter...
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