O investidor autoconfiante (o lado bom e o ruim)
Dez entre dez gurus de autoajuda afirmam que a autoconfiança é um dos pré-requisitos do sucesso. De fato, é difícil conquistar um objetivo ou realizar algo quando não se acredita em si mesmo. Existem milhares de livros, DVDs, seminários, programas de coaching e afins que se propõem a deixar as pessoas mais seguras e confiantes. A indústria da autoconfiança, do pensamento positivo e do “eu posso” é poderosíssima, movimentando quantias […] Leia mais
Da Redação
Publicado em 25 de julho de 2012 às 12h05.
Última atualização em 24 de fevereiro de 2017 às 09h22.
Dez entre dez gurus de autoajuda afirmam que a autoconfiança é um dos pré-requisitos do sucesso. De fato, é difícil conquistar um objetivo ou realizar algo quando não se acredita em si mesmo. Existem milhares de livros, DVDs, seminários, programas de coaching e afins que se propõem a deixar as pessoas mais seguras e confiantes. A indústria da autoconfiança, do pensamento positivo e do “eu posso” é poderosíssima, movimentando quantias enormes de dinheiro.
Autoconfiança é algo bom. É algo positivo. Com autoconfiança conseguimos controlar o medo e partir para a ação. Autoconfiança é importante para profissionais, estudantes, atletas e também para investidores. Sem um nível mínimo de autoconfiança, o investidor não consegue tomar uma decisão, ele não consegue clicar o botão “comprar” no homebroker dele. Em última instância, um investidor desprovido de autoconfiança vai acabar “investindo” o dinheiro dele embaixo do colchão, com medo de tudo e todos.
Porém, a notícia interessante é que, apesar dessa demanda das pessoas por mais autoconfiança, o mundo não parece sofrer com a falta dela. Muito pelo contrário, ela existe em excesso… O fato é que as pessoas, ainda que não gostem de admitir, acabam fazendo uma imagem de si mesmas muito mais favorável do que a realidade se apresenta.
Responda com toda sinceridade: Você é um bom motorista? Ola Svenson, psicólogo da Universidade de Estocolmo fez uma pesquisa, em 1981, com estudantes da Suécia e dos Estados Unidos, perguntando como eles avaliavam suas habilidades ao volante. Resultado: 93% dos americanos se julgavam motoristas “acima da média”. Os suecos foram mais modestos, mas ainda assim inconsistentes: 69% se julgavam motoristas melhores que os outros.
Esta é apenas uma de muitas pesquisas conduzidas por psicólogos que mostram que as pessoas não sofrem de falta de autoconfiança, e sim de excesso. O inglês James Montier, autor do livro “Behavioral Investing”, fez uma pesquisa em 2006 com 300 gestores profissionais de investimentos, perguntando como eles se autoavaliavam. Resultado da pesquisa: 74% se julgavam “acima da média”. Existe algo muito errado aí, pois inúmeros pesquisadores de área de finanças e investimentos já provaram “por A mais B” que a maioria dos gestores de investimento sequer consegue superar, no longo prazo, os principais índices de ações nos países onde operam.
O que podemos dizer, então, do investidor amador, que não conta com os recursos e as informações dos profissionais, e que muitas vezes se valem daquelas “dicas fantásticas” dos amigos de boteco ou dos “gênios financeiros” que povoam os fóruns de investimento na internet?
A autoconfiança em excesso é danosa ao investidor. Ela diminui os retornos ou, pior ainda, faz com que eles fiquem negativos. A linha entre a autoconfiança “saudável” e a autoconfiança excessiva não é muito fácil de identificar, por isso o investidor precisa ativamente vigiar a si mesmo para não cair em armadilhas. Existem sinais que indicam que um investidor caiu em uma armadilha de autoconfiança. Um desses sinais é a troca muito frequente de posições, a movimentação “frenética” do portfólio.
Mulherada “no comando”
Em 2011 foi divulgada uma pesquisa, feita a pedido do Barclays Bank, cujo título fala por si só: “As mulheres investem melhor que os homens”. Essa pesquisa, na verdade, acabou confirmando os resultados de uma pesquisa similar feita pelo banco Merryl Lynch alguns anos antes, que mostrava exatamente que as mulheres estavam conseguindo retornos maiores que os homens em seus investimentos.
E o que explica essa performance melhor? Basicamente, um maior autocontrole e uma “visão de longo prazo”, que faz com que elas movimentem suas carteiras com menor frequência, se expondo menos aos riscos.
Aparentemente, elas entenderam, ainda que de uma forma intuitiva, que a postura passiva nos investimentos tende a superar a ativa. Querer ser “mais esperto que os outros” e tentar antecipar o futuro não é uma estratégia que funciona muito bem. A maioria dos gestores de investimentos ativos que no longo prazo “apanha” dos índices principais que o diga, não é mesmo? Se achar o “gênio das finanças” costuma sair caro – o mercado não perdoa a falta de humildade.
Se você é mulher (e está indo bem em seus investimentos), meus parabéns! Continue assim. Se você é homem, talvez seja a hora de fazer uma avaliação crítica de seus investimentos e, se chegar à conclusão de que sua autoconfiança está sendo mais uma inimiga que uma aliada, é melhor pensar em entregar seu dinheiro para uma mulher…
Dez entre dez gurus de autoajuda afirmam que a autoconfiança é um dos pré-requisitos do sucesso. De fato, é difícil conquistar um objetivo ou realizar algo quando não se acredita em si mesmo. Existem milhares de livros, DVDs, seminários, programas de coaching e afins que se propõem a deixar as pessoas mais seguras e confiantes. A indústria da autoconfiança, do pensamento positivo e do “eu posso” é poderosíssima, movimentando quantias enormes de dinheiro.
Autoconfiança é algo bom. É algo positivo. Com autoconfiança conseguimos controlar o medo e partir para a ação. Autoconfiança é importante para profissionais, estudantes, atletas e também para investidores. Sem um nível mínimo de autoconfiança, o investidor não consegue tomar uma decisão, ele não consegue clicar o botão “comprar” no homebroker dele. Em última instância, um investidor desprovido de autoconfiança vai acabar “investindo” o dinheiro dele embaixo do colchão, com medo de tudo e todos.
Porém, a notícia interessante é que, apesar dessa demanda das pessoas por mais autoconfiança, o mundo não parece sofrer com a falta dela. Muito pelo contrário, ela existe em excesso… O fato é que as pessoas, ainda que não gostem de admitir, acabam fazendo uma imagem de si mesmas muito mais favorável do que a realidade se apresenta.
Responda com toda sinceridade: Você é um bom motorista? Ola Svenson, psicólogo da Universidade de Estocolmo fez uma pesquisa, em 1981, com estudantes da Suécia e dos Estados Unidos, perguntando como eles avaliavam suas habilidades ao volante. Resultado: 93% dos americanos se julgavam motoristas “acima da média”. Os suecos foram mais modestos, mas ainda assim inconsistentes: 69% se julgavam motoristas melhores que os outros.
Esta é apenas uma de muitas pesquisas conduzidas por psicólogos que mostram que as pessoas não sofrem de falta de autoconfiança, e sim de excesso. O inglês James Montier, autor do livro “Behavioral Investing”, fez uma pesquisa em 2006 com 300 gestores profissionais de investimentos, perguntando como eles se autoavaliavam. Resultado da pesquisa: 74% se julgavam “acima da média”. Existe algo muito errado aí, pois inúmeros pesquisadores de área de finanças e investimentos já provaram “por A mais B” que a maioria dos gestores de investimento sequer consegue superar, no longo prazo, os principais índices de ações nos países onde operam.
O que podemos dizer, então, do investidor amador, que não conta com os recursos e as informações dos profissionais, e que muitas vezes se valem daquelas “dicas fantásticas” dos amigos de boteco ou dos “gênios financeiros” que povoam os fóruns de investimento na internet?
A autoconfiança em excesso é danosa ao investidor. Ela diminui os retornos ou, pior ainda, faz com que eles fiquem negativos. A linha entre a autoconfiança “saudável” e a autoconfiança excessiva não é muito fácil de identificar, por isso o investidor precisa ativamente vigiar a si mesmo para não cair em armadilhas. Existem sinais que indicam que um investidor caiu em uma armadilha de autoconfiança. Um desses sinais é a troca muito frequente de posições, a movimentação “frenética” do portfólio.
Mulherada “no comando”
Em 2011 foi divulgada uma pesquisa, feita a pedido do Barclays Bank, cujo título fala por si só: “As mulheres investem melhor que os homens”. Essa pesquisa, na verdade, acabou confirmando os resultados de uma pesquisa similar feita pelo banco Merryl Lynch alguns anos antes, que mostrava exatamente que as mulheres estavam conseguindo retornos maiores que os homens em seus investimentos.
E o que explica essa performance melhor? Basicamente, um maior autocontrole e uma “visão de longo prazo”, que faz com que elas movimentem suas carteiras com menor frequência, se expondo menos aos riscos.
Aparentemente, elas entenderam, ainda que de uma forma intuitiva, que a postura passiva nos investimentos tende a superar a ativa. Querer ser “mais esperto que os outros” e tentar antecipar o futuro não é uma estratégia que funciona muito bem. A maioria dos gestores de investimentos ativos que no longo prazo “apanha” dos índices principais que o diga, não é mesmo? Se achar o “gênio das finanças” costuma sair caro – o mercado não perdoa a falta de humildade.
Se você é mulher (e está indo bem em seus investimentos), meus parabéns! Continue assim. Se você é homem, talvez seja a hora de fazer uma avaliação crítica de seus investimentos e, se chegar à conclusão de que sua autoconfiança está sendo mais uma inimiga que uma aliada, é melhor pensar em entregar seu dinheiro para uma mulher…