Motivos (ainda que ingênuos) para estar otimista
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Publicado em 23 de novembro de 2015 às, 08h15.
Última atualização em 24 de fevereiro de 2017 às, 07h50.
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Em meu último artigo aqui no blog (“Afinal, existe crise ou não?”), argumentei, ainda que com certo excesso de acidez, que não existe crise no Brasil. Isso que chamamos de “crise” é nosso estado normal, e tivemos um breve período de euforia econômica que já acabou.
Na verdade, existe sim uma crise: é uma crise das nossas expectativas. Nós, brasileiros, tivemos, mais uma vez, nossos sonhos destruídos. Acreditamos (bem, pelo menos a maioria acreditou…) que éramos a “bola da vez”, que finalmente deixaríamos de ser o eterno “país do futuro” para virarmos agentes relevantes no momento presente.
Nós nos frustramos enormemente. Aliás, não apenas “nós”, mas o mundo todo se decepcionou com o Brasil. As capas da célebre revista britânica The Economist de 2009 e 2013, com a imagem do “Cristo Redentor foguete”, expressam de forma brilhante o quanto o mundo todo ficou “broxado” com o Brasil.
O Brasil virou a pátria do descalabro e do desgoverno. Muitas pessoas estão profundamente desapontadas e hoje ouço histórias de gente falando em deixar o Brasil (ou mesmo já deixando), de uma forma que eu não ouvia nem no pico da hiperinflação e do caos econômico dos anos oitenta e noventa, antes do Plano Real.
E não estávamos sozinhos nesse movimento de dar as costas a um modelo econômico mais moderno, mais liberal e orientado ao mercado. Alguns de nossos vizinhos “entraram de cabeça” na onda do populismo, da corrupção extrema e da “magia negra econômica”, que tenta criar riqueza a partir do nada.
Em algumas palestras e apresentações (especialmente nas que eram feitas para um público estrangeiro), eu costumava brincar que o Brasil tinha virado o “recheio de um sanduíche indigesto”, que tinha a Argentina embaixo e a Venezuela em cima.
Bem, parece que não mais! Nossos “hermanos” ao Sul optaram por uma mudança de rumo (para o bem) e o modelo da Venezuela dá sinais de que vai “cair de podre”.
Estou, enfim, otimista. Quero acreditar que, sem essas más influências, a coisa tende a “endireitar” (trocadilho não intencional) aqui no Brasil também, ainda que não de forma imediata… Estou com aquela sensação de que “há luz no fim do túnel”.
Outra coisa que está me dando uma pontada de otimismo são os possíveis desdobramentos do terrível atentado terrorista que aconteceu em Paris. Há uma certa possibilidade, ainda que remota, que EUA, Rússia e países da Europa atuem em conjunto, militarmente, contra os radicais do Estado Islâmico.
Essa improvável cooperação militar poderá ter consequências inesperadas (boas ou ruins). Um possível cenário positivo é que uma ação militar coordenada entre EUA e Rússia poderia ajudar a desfazer o “clima ruim” entre os dois países que, na prática, está levando o mundo a uma nova Guerra Fria.
Enfim, pode ser uma grande ingenuidade da minha parte, mas, depois de um período em que andei bastante pessimista (acho que meus artigos anteriores deixaram isso meio claro para os leitores), começo a sentir alguma esperança, tanto no cenário interno “expandido” (America Latina) quanto no cenário global mais amplo.
Este ano eu me comportei, então deixo meu pedido para o Papai Noel: “Novos ventos” na América Latina e que, num contexto mais global, as grandes potências militares voltem a se conversar como cavalheiros.
Nós, indivíduos que estamos tentando trabalhar dignamente e evoluir, só teremos a ganhar com isso.
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