Aprendendo com o IPO do Facebook
O IPO do Facebook foi um evento de grande impacto, que proporcionou grandes aprendizados (especialmente para investidores menos experientes)
Publicado em 28 de maio de 2012 às, 20h11.
Última atualização em 16 de maio de 2020 às, 21h28.
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Estamos entrando na segunda semana em que as ações da badalada rede social Facebook são “públicas”. Nas semanas anteriores ao IPO (Initial Public Offering, ou “oferta pública inicial”) do Facebook, não se falava em outra coisa nos mercados financeiros mundiais. Duas semanas depois, ainda não se fala em outra coisa, mas por motivos diferentes… A maior abertura de capital de uma empresa de tecnologia na história também foi um dos maiores banhos de água fria do mercado financeiro.
Isso aconteceu nos EUA, portanto, tecnicamente falando, “não é problema nosso”. Só que podemos aprender muito com esse evento e… espere um pouco! Bastante gente aqui no Brasil andou buscando informações sobre como investir em ações nos Estados Unidos para aproveitar a onda do Facebook. Possivelmente, temos aqui entre nós muita gente que entrou nessa e “não curtiu”…
Vamos ver algumas lições que esse relevante evento financeiro nos traz:
Nova bolha da internet?
Eu achava que sim, agora tenho dúvidas… Eu fui um expectador mais ou menos privilegiado da bolha da internet que explodiu em meados do ano 2000. Minha vida profissional “pra valer” começou um pouco antes do IPO da Netscape, evento que, para muitos, marcou o início da “bolha 1.0”. Início de carreira profissional é aquela história… eu estava muito entusiasmado, acompanhava tudo do mercado financeiro e de tecnologia. Naquela época não se falava em outra coisa.
Uma característica desse período era a quantidade imensa de IPOs que acontecia na NASDAQ. Tinha IPO quase todo dia, e as ações sempre subiam muito. Muita gente ficou milionária nessa época simplesmente entrando em qualquer IPO que aparecesse. Nessa época, análise fundamentalista e análise técnica eram termos completamente fora de moda – simplesmente não era necessário saber isso. A Lei da Gravidade era desafiada todo dia, qualquer coisa subia!
O que vimos acontecer nesses primeiros dias pós IPO foi o mercado punindo o Facebook por causa, entre outras coisas, das projeções desanimadoras e a forma desastrada como elas foram divulgadas. Algo assim seria impensável na época da primeira bolha, o clima de euforia reinante simplesmente não deixaria as ações caírem. O mercado deu indícios de que há algum grau de racionalidade, e isso não combina muito com bolhas.
Talvez até haja uma nova bolha da internet em andamento, mas ou ela está ainda em seus estágios muito iniciais ou é um tipo de bolha diferente da anterior.
IPO não é para principiantes
A memória de fortunas sendo feitas em IPOs na época de ouro da NASDAQ ainda está na cabeça de muita gente. Só isso explica o entusiasmo de algumas pessoas com IPOs. Mesmo aqui no Brasil, onde há alguns poucos anos tivemos uma “febre” (para os nossos padrões) de aberturas de capital, os investidores (especialmente os principiantes) ficavam excitadíssimos com cada lançamento de ações, expressando sua frustração nos fóruns de internet da vida por não terem conseguido adquirir mais ações no rateio.
A maioria desses IPOs acabou sendo uma decepção para aqueles que esperavam um lucro rápido. Em muitos casos, as empresas até se valorizaram expressivamente após a abertura do capital, mas nos primeiros dias deram um “calor” nos pequenos investidores que só queriam fazer um dinheiro fácil e rápido.
Comprar ações de empresa no momento da abertura não é brincadeira. A ação é nova no mercado, não tem um histórico bem consolidado e tudo pode acontecer. Investidores iniciantes devem priorizar ações de empresas sólidas e com reputação reconhecida. Podem até entrar em um ou outro IPO para colocarem um pouco de “emoção” na vida, mas sempre com uma fração pequena do capital, para diminuir o risco de saírem chamuscados…
Estratégia é para ser seguida
Entrou no IPO para tentar ganhar um dinheiro rápido, ou para, como se diz no jargão do mercado, “flipar” com as ações? Ótimo; se a estratégia é essa, então espero que já saiba a que preço vai sair, seja com lucro ou com prejuízo. Ou sai do mercado quando atinge o objetivo ou quando atinge o stop loss, ponto final. Por favor, não me venha com aquele papo furado de que a ação vai ficar “para o longo prazo”, quando seu objetivo inicial não era esse. Isso é conversa de amador, de “sardinha” (para saber mais sobre o que é uma "sardinha" no jargão do mercado, leia este meu outro artigo clicando aqui). Não tente reformular suas razões para justificar o fato de que você não teve coragem de seguir seu plano inicial e, eventualmente, realizar um prejuízo.
Agora, se sua estratégia era, desde o começo, comprar a ação para o longo prazo, meus parabéns se você a segurou e resistiu à tentação de vendê-la rapidamente, seja com lucro ou prejuízo. Esqueça a oscilação de preços, durma tranquilo e, se fizer parte de sua estratégia, compre mais no futuro.
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