Golpes e picaretagens – o “esquema Ponzi”
Meu último post neste blog se chama “Golpes e picaretagens – o ‘pump and dump’”. O próprio título da postagem já deixa pistas de que eu tinha intenção de fazer uma série de artigos falando sobre diferentes tipos de falcatruas e armadilhas, mas eu juro que não pretendia fazer isso tão cedo, e nem falando de um golpe aparentemente tão antigo e tão óbvio quanto o infame “esquema Ponzi”, também […] Leia mais
Publicado em 21 de março de 2012 às, 10h35.
Última atualização em 24 de fevereiro de 2017 às, 09h31.
Meu último post neste blog se chama “Golpes e picaretagens – o ‘pump and dump’”. O próprio título da postagem já deixa pistas de que eu tinha intenção de fazer uma série de artigos falando sobre diferentes tipos de falcatruas e armadilhas, mas eu juro que não pretendia fazer isso tão cedo, e nem falando de um golpe aparentemente tão antigo e tão óbvio quanto o infame “esquema Ponzi”, também conhecido como “pirâmide”.
Só que eu fui obrigado pelas circunstâncias a fazer este artigo, pois na semana passada um dos mais populares telejornais brasileiros veio com a seguinte notícia: “Analista de sistemas engana colegas com promessa de dinheiro fácil” (clique aqui para ver a notícia).
Ou seja, o velho e bom esquema Ponzi continua mais vivo de que nunca, e as pessoas continuam caindo nele… como nunca!
Esse golpe, para quem ainda não sabe (e deve haver muita gente que não sabe, senão não haveria tanta gente caindo…) é um esquema financeiro exótico e fraudulento que atrai pessoas oferecendo retornos muito altos, acima da média de qualquer investimento conhecido e, enquanto houver gente nova entrando e colocando dinheiro, o golpista pode usar esses recursos para pagar aqueles que saem.
Os esquemas Ponzi normalmente são criados ao redor de operações financeiras ou comerciais para lá de obscuras e fantásticas. No Brasil, ficaram famosos casos envolvendo boi gordo, avestruz e outros bichos. Nos EUA um caso recente chamou muita atenção: Bernard Madoff criou um esquema Ponzi tão bem feito que durou muitos anos e enganou até instituições financeiras…
Mas essas operações são falsas, são um mero chamariz. O que o esquema faz é simplesmente pegar o dinheiro das pessoas e, no momento certo, desaparecer com ele. No início, para dar mais credibilidade, os golpistas acabam honrando pedidos de resgate de quem pede para sair. Essas pessoas acabam contando para seus amigos e parentes que ganharam uma “grana fácil” e acabam encorajando outras pessoas a entrar. Viram “garotos propaganda involuntários” do esquema.
As pessoas que caem nesse tipo de golpe normalmente se enquadram em uma dessas duas categorias (às vezes nas duas simultaneamente): gananciosa ou ingênua. Acham que podem ganhar muito dinheiro “no mole”, que descobriram algum segredo mirabolante ou então são presas fáceis para a lábia e as histórias fantásticas dos golpistas.
O fato é que esses esquemas invariavelmente acabam em prejuízo e frustração (às vezes até em coisa pior). Uma vez, há muitos anos, me foi oferecida por uma vizinha a oportunidade de entrar num esquema que envolvia quadrúpedes ruminantes obesos. Naturalmente, recusei a oferta e fui devidamente avisado de que poderia estar perdendo a “grande oportunidade da minha vida”.
Anos depois, uma carta endereçada a essa vizinha foi entregue acidentalmente em meu apartamento. Devolvi a carta para a destinatária correta, mas não perdi a oportunidade de tirar uma foto dela para meus “arquivos”.
Hoje eu mostro essa carta em meus cursos e palestras como um alerta às pessoas que são tentadas a entrar nesses esquemas furados de lucro fácil. No começo, é “só alegria”. As pessoas se sentem superiores e acham que aquelas que não topam aderir ao esquema são burras e não conseguem enxergar uma grande oportunidade (mais ou menos assim como eu…).
Depois é choro, decepção… E o que resta é reclamar e formar associações que mandam cartas a seus frustrados associados com frases motivadoras como “Estamos perto de receber”…
Boa sorte a eles, espero que estejam perto mesmo.