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Uma fórmula besta para investir em ações

Uma das perguntas mais frequentes dos investidores é "quando ir para a renda variável". E aqui vai uma fórmula besta (porém eficaz) para descobrir...

DR

Da Redação

Publicado em 22 de abril de 2014 às 14h49.

Última atualização em 16 de maio de 2020 às 21h30.

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Considerando que voltamos a ter uma taxa de juros de dois dígitos e que nossos instrumentos de renda fixa estão novamente dando retornos muito atrativos, faz sentido pensar em investir em renda variável?

A forma mais típica de responder a uma pergunta como essa é tentar inferir se a bolsa está “cara” ou “barata”. E como sabemos se está cara ou barata? Na verdade, não tem como saber. Todo mundo fala que o segredo do sucesso no mercado de ações (ou qualquer outro mercado) é “comprar na baixa e vender na alta”, mas essa é uma daquelas coisas que são muito fáceis de falar, difíceis de fazer e, depois que o mercado faz seus movimentos, todo mundo diz que aquilo era “óbvio” (é a tal “falácia narrativa” do Nassim Taleb).

Existem duas coisas que não faltam no mundo das finanças. Uma delas são esses “gênios da retrospectiva”, especialistas em criar histórias para explicar aquilo que já aconteceu e convencer o mundo de que eles “já sabiam”. A outra são fórmulas dos mais diversos tipos para tentar determinar o timing correto do mercado, para saber se o mercado está caro ou barato, se estamos na baixa ou na alta. Enfim, se é ou não hora de entrar.

Essas fórmulas não funcionam. Mas ainda assim é mais honesto tentar criar uma fórmula que diga o momento certo de entrar no mercado do que bancar o “engenheiro de obra pronta”, mesmo sabendo que a maioria dessas fórmulas e “receitas de bolo” não passa de pura besteira. Basta um movimento um pouco diferente do mercado para provar o quão besta é a fórmula na qual estávamos confiando, já que muitas delas foram feitas para realidades do passado.

Há alguns dias, fiz uma palestra onde tentei responder qual seria o momento adequado para entrar no mercado de ações. Meu argumento é que, com as taxas de juros nos níveis atuais, não faz muito sentido buscarmos o mercado de renda variável, já que as incertezas da nossa economia são enormes e temos títulos públicos que estão dando retornos, com baixíssimo risco, acima do dividend yield típico de uma boa empresa e, mais que isso, com correção pela inflação. Dá para competir com a renda fixa desse jeito?

Ao menos para mim, está mais do que evidente que não é o melhor momento para comprar ações. A não ser que se tenha alguma informação segura (e cuidado com informações privilegiadas…) ou que alguma dessas fórmulas bestas esteja dando um sinal claro de compra (que, nesse caso, eu passo…).

Mas quando, então, seria o momento ideal de entrar na bolsa, caso as atuais circunstâncias do mercado mudassem? Para responder a essa pergunta eu criei minha própria fórmula. Uma fórmula tão besta, mas TÃO besta, que eu a batizei, simplesmente, de “fórmula besta”.

A pergunta que ela responde é: Qual o percentual de renda variável que devemos ter em nosso portfólio considerando a taxa de juros real (acima da inflação) no momento?

Vamos então à Fórmula Besta:

Juros reais acima 4% a.a – Zero
Juros reais de 2% a 4% a.a – até 1/4 do portfolio
Juros reais de 0% a 2% a.a– até 1/2 do portfolio
Juros reais negativos– até 3/4 do portfolio

É uma fórmula besta e, mais que isso, uma fórmula besta simples, que não tem a pretensão de dar o timing do mercado. É no máximo uma fórmula “pouco científica” de alocação de ativos.

Para facilitar a vida do investidor, podemos utilizar como referência de juros reais a taxa que está sendo praticada por uma NTN-B de longo prazo (vencimento 2035 ou 2050, por exemplo). Se estiver acima de 4% mais o IPCA (como está no momento que este texto está sendo composto), a melhor pedida para um pequeno investidor é permanecer no mercado de renda fixa (e não precisa necessariamente ser em NTN-B – ela é usada apenas para referência – é interessante fazer uma carteira diversificada de títulos de renda fixa).

Se a taxa de juros cair, aí se adicionam instrumentos de renda variável até os percentuais máximos permitidos pela fórmula besta. E nem é preciso rebalancear a carteira, podemos trabalhar apenas com os novos aportes, deixando o que já está lá “quietinho”.

Agora tem uma pergunta que a fórmula besta NÃO responde: Em quais instrumentos de renda variável devemos investir caso as taxas de juros reais caiam?

Bem, aí eu teria que inventar uma nova fórmula besta, mas eu posso dizer que, nesses últimos tempos, eu venho ficando cada vez mais adepto da ideia de investir passivamente, através de fundos ou ETFs de índice.

Aqui preciso fazer uma ressalva: eu acredito que exista o “alfa” (está escondido em algum lugar, tenho certeza!) e tenho simpatia por algumas metodologias ativas, como o value investing (de base fundamentalista) e o trend following (de base mais técnica), mas para aquele pequeno investidor inexperiente, acredito que procurar acompanhar os índices principais é o melhor caminho.

Investir passivamente e simplesmente procurar acompanhar o índice vão poupar o investidor de tentar determinar quais os melhores setores, as melhores ações etc. E nunca é demais lembrar que essas tentativas de determinar melhores setores e melhores ações são feitas através de fórmulas muito complexas, mas tão bestas (ou mais) que a minha.

Leia também:

Revendo a “fórmula besta”

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Considerando que voltamos a ter uma taxa de juros de dois dígitos e que nossos instrumentos de renda fixa estão novamente dando retornos muito atrativos, faz sentido pensar em investir em renda variável?

A forma mais típica de responder a uma pergunta como essa é tentar inferir se a bolsa está “cara” ou “barata”. E como sabemos se está cara ou barata? Na verdade, não tem como saber. Todo mundo fala que o segredo do sucesso no mercado de ações (ou qualquer outro mercado) é “comprar na baixa e vender na alta”, mas essa é uma daquelas coisas que são muito fáceis de falar, difíceis de fazer e, depois que o mercado faz seus movimentos, todo mundo diz que aquilo era “óbvio” (é a tal “falácia narrativa” do Nassim Taleb).

Existem duas coisas que não faltam no mundo das finanças. Uma delas são esses “gênios da retrospectiva”, especialistas em criar histórias para explicar aquilo que já aconteceu e convencer o mundo de que eles “já sabiam”. A outra são fórmulas dos mais diversos tipos para tentar determinar o timing correto do mercado, para saber se o mercado está caro ou barato, se estamos na baixa ou na alta. Enfim, se é ou não hora de entrar.

Essas fórmulas não funcionam. Mas ainda assim é mais honesto tentar criar uma fórmula que diga o momento certo de entrar no mercado do que bancar o “engenheiro de obra pronta”, mesmo sabendo que a maioria dessas fórmulas e “receitas de bolo” não passa de pura besteira. Basta um movimento um pouco diferente do mercado para provar o quão besta é a fórmula na qual estávamos confiando, já que muitas delas foram feitas para realidades do passado.

Há alguns dias, fiz uma palestra onde tentei responder qual seria o momento adequado para entrar no mercado de ações. Meu argumento é que, com as taxas de juros nos níveis atuais, não faz muito sentido buscarmos o mercado de renda variável, já que as incertezas da nossa economia são enormes e temos títulos públicos que estão dando retornos, com baixíssimo risco, acima do dividend yield típico de uma boa empresa e, mais que isso, com correção pela inflação. Dá para competir com a renda fixa desse jeito?

Ao menos para mim, está mais do que evidente que não é o melhor momento para comprar ações. A não ser que se tenha alguma informação segura (e cuidado com informações privilegiadas…) ou que alguma dessas fórmulas bestas esteja dando um sinal claro de compra (que, nesse caso, eu passo…).

Mas quando, então, seria o momento ideal de entrar na bolsa, caso as atuais circunstâncias do mercado mudassem? Para responder a essa pergunta eu criei minha própria fórmula. Uma fórmula tão besta, mas TÃO besta, que eu a batizei, simplesmente, de “fórmula besta”.

A pergunta que ela responde é: Qual o percentual de renda variável que devemos ter em nosso portfólio considerando a taxa de juros real (acima da inflação) no momento?

Vamos então à Fórmula Besta:

Juros reais acima 4% a.a – Zero
Juros reais de 2% a 4% a.a – até 1/4 do portfolio
Juros reais de 0% a 2% a.a– até 1/2 do portfolio
Juros reais negativos– até 3/4 do portfolio

É uma fórmula besta e, mais que isso, uma fórmula besta simples, que não tem a pretensão de dar o timing do mercado. É no máximo uma fórmula “pouco científica” de alocação de ativos.

Para facilitar a vida do investidor, podemos utilizar como referência de juros reais a taxa que está sendo praticada por uma NTN-B de longo prazo (vencimento 2035 ou 2050, por exemplo). Se estiver acima de 4% mais o IPCA (como está no momento que este texto está sendo composto), a melhor pedida para um pequeno investidor é permanecer no mercado de renda fixa (e não precisa necessariamente ser em NTN-B – ela é usada apenas para referência – é interessante fazer uma carteira diversificada de títulos de renda fixa).

Se a taxa de juros cair, aí se adicionam instrumentos de renda variável até os percentuais máximos permitidos pela fórmula besta. E nem é preciso rebalancear a carteira, podemos trabalhar apenas com os novos aportes, deixando o que já está lá “quietinho”.

Agora tem uma pergunta que a fórmula besta NÃO responde: Em quais instrumentos de renda variável devemos investir caso as taxas de juros reais caiam?

Bem, aí eu teria que inventar uma nova fórmula besta, mas eu posso dizer que, nesses últimos tempos, eu venho ficando cada vez mais adepto da ideia de investir passivamente, através de fundos ou ETFs de índice.

Aqui preciso fazer uma ressalva: eu acredito que exista o “alfa” (está escondido em algum lugar, tenho certeza!) e tenho simpatia por algumas metodologias ativas, como o value investing (de base fundamentalista) e o trend following (de base mais técnica), mas para aquele pequeno investidor inexperiente, acredito que procurar acompanhar os índices principais é o melhor caminho.

Investir passivamente e simplesmente procurar acompanhar o índice vão poupar o investidor de tentar determinar quais os melhores setores, as melhores ações etc. E nunca é demais lembrar que essas tentativas de determinar melhores setores e melhores ações são feitas através de fórmulas muito complexas, mas tão bestas (ou mais) que a minha.

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