Como lidar com os tubarões das finanças
Os países que têm o Euro como moeda formam aquilo que se chama de “Eurozona” ou, mais comum, “Zona do Euro”. Eu me lembro ainda quando tudo começou, em 1999, momento em que a moeda “nasceu” e em 2002, quando começaram a surgir notas e moedas de Euro. O Euro tem dez anos de existência física e, nesses últimos dez anos, nunca o nome “Zona do Euro” pareceu tão adequado […] Leia mais
Publicado em 11 de setembro de 2012 às, 10h44.
Última atualização em 24 de fevereiro de 2017 às, 09h18.
Os países que têm o Euro como moeda formam aquilo que se chama de “Eurozona” ou, mais comum, “Zona do Euro”. Eu me lembro ainda quando tudo começou, em 1999, momento em que a moeda “nasceu” e em 2002, quando começaram a surgir notas e moedas de Euro. O Euro tem dez anos de existência física e, nesses últimos dez anos, nunca o nome “Zona do Euro” pareceu tão adequado para definir o que está acontecendo por lá…
Analisando cada país individualmente, é difícil achar algum que não tenha um grau severo de comprometimento econômico, mas, no meio dessa “zona” toda, a Grécia é quem vem ganhando maior destaque como o possível primeiro país a ser excluído da moeda comum.
A Grécia já era uma economia frágil antes de entrar na Zona do Euro. Havia muita incredulidade e ceticismo dos demais membros da moeda comum em 2001, quando a Grécia aderiu. Tecnicamente falando, o país não se enquadraria nas exigências da Zona do Euro, mas, por conta de um arranjo muito engenhoso com o banco americano Goldman Sachs, foi feita uma enorme operação envolvendo swap (“troca”) de moedas que – hoje já se fala abertamente sobre isso nos círculos de economia – teve como objetivo ocultar parte da dívida grega para tornar o país “elegível” a adotar o Euro.
Usando a Grécia como exemplo, mas também pensando em países, empresas e mesmo pessoas que acabam se enroscando financeiramente e depois buscam “soluções mágicas financeiras” para tentar resolver (ou ao menos encobrir) seus problemas, o analista financeiro americano Barry Ritholtz, que é também escritor e colunista do jornal “The Washington Post” e, na minha opinião, uma das cabeças mais sensatas no atual cenário de finanças e economia, escreveu uma lista de “regras de bolso” sobre como lidar com os “tubarões de Wall Street”, nas palavras dele (o artigo original, chamado “10 inviolable rules for dealing with the sharks on Wall Street” pode ser visto clicando aqui).
Eu li a lista e, apesar de ter sido feita pensando na realidade americana, achei que ela poderia ser muito útil a nós, brazucas, que também somos chegados em umas “mágicas financeiras” de vez em quando… Por isso resolvi traduzir e reproduzir (com autorização do autor) a lista aqui no blog “Você e o Dinheiro”, que ele batizou de “Regras invioláveis para lidar com Wall Street” (substitua o termo “Wall Street” pelo nome do agente financeiro ou instituição local de sua preferência…). Espero que gostem!
1- O retorno está SEMPRE relacionado ao risco
Se um determinado produto ou investimento aparenta ter um fantástico retorno, ele tem um risco igualmente alto. Se você conseguir provar o contrário, há um Prêmio Nobel esperando por você…
2- Informação assimétrica
Em toda negociação comercial, uma das partes sempre tem mais informação, conhecimento e experiência sobre o produto sendo comprado ou vendido. Uma das partes sempre conhece as falhas ocultas e os riscos melhor que a outra. Qual das partes é você?
3- Boa orientação não tem preço
Bancos e agentes financeiros têm, à sua disposição, os melhores advogados e estrategistas financeiros que o dinheiro pode pagar. Sei que é mais fácil falar do que fazer, mas certifique-se de ter bons especialistas trabalhando para você também.
4- Motivação
Sempre se pergunte o que motiva o agente financeiro a vender aquele produto ou serviço. É o seu interesse ou a saúde financeira sua ou de sua empresa ? Ou são as comissões e tarifas que ele vai receber com isso?
5- Documentação legal
A documentação legal é feita para proteger quem a prepara, e não você (ao menos em princípio). Na história das finanças modernas, raramente um documento financeiro acabou indo contra quem o redigiu e emitiu.
6- Performance
Qual o impacto de tarifas, taxas e comissões na performance de um instrumento financeiro ao longo do tempo? Determinar adequadamente qual o custo ou retorno real irá evitar muitos aborrecimentos no futuro.
7- Obrigação para com sócios/acionistas
Empresas (em especial as de capital aberto) têm como obrigação maximizar os lucros de seus sócios/acionistas. Como cliente, sempre se pergunte quem o produto ou serviço beneficia: você ou os sócios do agente financeiro (isto é particularmente importante no caso de produtos ou serviços novos e pouco testados).
8- Risco de imagem
Quem é prejudicado caso a operação dê errado? Quem sofre as consequências dos danos à imagem e à reputação?
9- Simplicidade
É fácil complicar as coisas, e extremamente difícil fazê-las simples. Quanto mais complexo um problema se torna, maior o potencial de as coisas darem errado – MUITO errado.
10- Não há almoço grátis
Repita comigo: “Não existe dinheiro grátis, nem operação financeira sem risco e nem forma de transformar chumbo em ouro”. Se você se esquecer de todas as outras regras, esta é a regra que vai acabar salvando a sua pele, sempre.