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1º de Outubro – Dia do Idoso (ou da longevidade?)

Eu tenho grande interesse pelo assunto “longevidade”. Pelo lado pessoal, eu obviamente quero viver o máximo que puder, envelhecendo com saúde, dignidade e qualidade de vida. Pelo lado profissional, a longevidade é um dos grandes desafios e uma das maiores “dores de cabeça” do universo das finanças pessoais. Os leitores habituais deste blog devem se lembrar de vários artigos em que trato de longevidade e previdência, entre eles um que […] Leia mais

DR

Da Redação

Publicado em 1 de outubro de 2013 às 10h57.

Última atualização em 24 de fevereiro de 2017 às 08h49.

Eu tenho grande interesse pelo assunto “longevidade”. Pelo lado pessoal, eu obviamente quero viver o máximo que puder, envelhecendo com saúde, dignidade e qualidade de vida. Pelo lado profissional, a longevidade é um dos grandes desafios e uma das maiores “dores de cabeça” do universo das finanças pessoais.

Os leitores habituais deste blog devem se lembrar de vários artigos em que trato de longevidade e previdência, entre eles um que fala da infame “armadilha de Bismarck” (link aqui ), fenômeno que está associado à perda de sustentabilidade econômica da previdência no mundo todo, tanto pública quanto privada.

Mas vamos ao que interessa! Hoje é 1º de outubro. Neste dia, a Organização das Nações Unidas celebra o “dia internacional dos idosos”, sendo que, no ano passado, o tema da data comemorativa foi justamente “longevidade”.

Semanas atrás, surfando casualmente na internet em alguns sites de saúde, tomei conhecimento de uma iniciativa que quer transformar o “dia do idoso” em um mais abrangente “dia da longevidade”, não apenas para celebrar e promover o respeito ao idoso, mas também para incentivar pesquisas e avanços tecnológicos que promovam uma longevidade saudável. A ideia está sendo promovida por uma organização chamada “ International Longevity Alliance ”.

Uma iniciativa dessas pode parecer (e talvez seja) uma ação isolada de alguma organização obscura, mas ultimamente algumas coisas vêm chamando minha atenção de forma muito séria.

Uma delas é a “2045 Initiative”, criada pelo bilionário russo Dmitry Itskov, que está tentando convencer outros bilionários a investirem em um ousadíssimo projeto de desenvolver uma tecnologia que permita transportar nossas consciências para robôs e computadores, transformado-nos em seres sintéticos e imortais. O nome “2045 Initiative” é um indicativo de quando ele pretende ter essa tecnologia pronta para uso.

Eu, usualmente, não dou muita bola para esse tipo de conversa maluca, mas quando vejo bilionários colocando “dinheiro pesado” em coisas assim, acho melhor ficar de olho.

Outra coisa que me chamou a atenção foi a contratação do futurista Ray Kurzweil (um cara muito doidão, mas confesso que sou leitor dos livros dele e tenho certa simpatia por algumas das ideias radicais que ele prega) pelo Google. Quando essa contratação foi anunciada eu logo imaginei que “vinha coisa aí”… E veio.

Há poucas semanas, o Google anunciou uma divisão de negócios com o objetivo explícito de desenvolver tecnologias que promovam a longevidade, chamada “Calico” (não está diretamente relacionada à contratação que mencionei, mas mostra que o gigante das buscas na internet está sério em seus propósitos). É a prova inequívoca de que tem mais gente “de peso” colocando dinheiro grande para brigar contra o tempo e contra a Natureza.

Será que todas essas iniciativas resultarão em algo concreto? Não sei, mas, novamente, ressalto que devemos ficar de olho quando tem dinheiro grande envolvido.

A busca pela longevidade (ou talvez mesmo pela imortalidade) tem importantes implicações éticas, morais, religiosas e econômicas. Há muito tempo, venho pregando (inclusive aqui no blog) que a aposentadoria, tal como a conhecemos, é uma coisa do passado, obsoleta e que “respira por aparelhos” (não é uma opinião só minha), mas às vezes penso que a questão previdenciária, o “bicho papão” das finanças pessoais (se vocês acham que o maior problema de finanças pessoais é o endividamento, recomendo olharem um pouco para fora do Brasil…) se torna uma coisa menor, quase insignificante, perto do que está por vir.

Vamos imaginar que essa turma de bilionários consiga desenvolver uma tecnologia viável para estender nosso tempo de vida. Será uma coisa democrática? Será que o sistema público de saúde (ou mesmo planos de saúde privados e afins) promoverá o acesso do público a essas tecnologias que, no limite, são voltadas para o “melhoramento pessoal” e não para a cura de doenças? E a questão da (tão na moda) sustentabilidade ambiental e econômica, como fica? Será que o mundo aguenta?  Será que todos esses bilionários que estão entrando nessa onda têm motivações altruístas ou estão querendo apenas fazer uma “Arca de Noé” para eles mesmos?

Não tenho resposta para nenhuma dessas perguntas, mas ainda assim vou dar alguns pitacos:

1 – Em algum momento, teremos novas tecnologias que estenderão nosso tempo de vida – é questão de tempo. Não sei estaremos vivos para ver isso (talvez elas venham um pouco tarde demais), mas sou capaz de apostar que, quando vierem, não serão baratas e tampouco para qualquer um;

2 – A pessoa que está hoje pensando na aposentadoria daqui a algumas décadas terá que fazer uma preparação financeira muito mais rígida, se quiser manter um bom padrão de vida na velhice. Inclusive, “saúde” já é uma das principais fontes de stress financeiro das pessoas idosas. Se, além de uma boa aposentadoria, a pessoa quiser ter acesso a essas tecnologias, é bom se preparar financeiramente ainda mais (arrisco dizer que MUITO mais…);

3 – Quanto às questões de natureza moral e ética, é possível que alguns cenários típicos de filmes de ficção científica distópicos se tornem realidade, como restrições ou grandes taxações à procriação de pessoas que adotem esse tipo de tecnologia. Mas essa já não é exatamente a minha “área de expertise”, então vou parando por aqui…

O que isso tudo tem a ver com finanças pessoais? Em uma palavra: tudo.

Isso vai impactar a previdência, vai impactar a economia, vai impactar o meio ambiente, vai impactar o mercado de trabalho, o sistema de saúde, a forma como as famílias se organizam e muito mais.

É mais um motivo para que as pessoas adotem boas práticas de gestão financeira e econômica pessoais desde já, pois nós podemos viver muito mais do que estamos imaginando e, pior, podemos viver em um mundo ainda mais estranho…

Para finalizar, quero desejar um excelente dia do idoso para aqueles leitores mais “experientes” do blog. E para todos os leitores (incluindo os seniors ), desejo que tenham um excelente dia, quem sabe… da longevidade!

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Eu tenho grande interesse pelo assunto “longevidade”. Pelo lado pessoal, eu obviamente quero viver o máximo que puder, envelhecendo com saúde, dignidade e qualidade de vida. Pelo lado profissional, a longevidade é um dos grandes desafios e uma das maiores “dores de cabeça” do universo das finanças pessoais.

Os leitores habituais deste blog devem se lembrar de vários artigos em que trato de longevidade e previdência, entre eles um que fala da infame “armadilha de Bismarck” (link aqui ), fenômeno que está associado à perda de sustentabilidade econômica da previdência no mundo todo, tanto pública quanto privada.

Mas vamos ao que interessa! Hoje é 1º de outubro. Neste dia, a Organização das Nações Unidas celebra o “dia internacional dos idosos”, sendo que, no ano passado, o tema da data comemorativa foi justamente “longevidade”.

Semanas atrás, surfando casualmente na internet em alguns sites de saúde, tomei conhecimento de uma iniciativa que quer transformar o “dia do idoso” em um mais abrangente “dia da longevidade”, não apenas para celebrar e promover o respeito ao idoso, mas também para incentivar pesquisas e avanços tecnológicos que promovam uma longevidade saudável. A ideia está sendo promovida por uma organização chamada “ International Longevity Alliance ”.

Uma iniciativa dessas pode parecer (e talvez seja) uma ação isolada de alguma organização obscura, mas ultimamente algumas coisas vêm chamando minha atenção de forma muito séria.

Uma delas é a “2045 Initiative”, criada pelo bilionário russo Dmitry Itskov, que está tentando convencer outros bilionários a investirem em um ousadíssimo projeto de desenvolver uma tecnologia que permita transportar nossas consciências para robôs e computadores, transformado-nos em seres sintéticos e imortais. O nome “2045 Initiative” é um indicativo de quando ele pretende ter essa tecnologia pronta para uso.

Eu, usualmente, não dou muita bola para esse tipo de conversa maluca, mas quando vejo bilionários colocando “dinheiro pesado” em coisas assim, acho melhor ficar de olho.

Outra coisa que me chamou a atenção foi a contratação do futurista Ray Kurzweil (um cara muito doidão, mas confesso que sou leitor dos livros dele e tenho certa simpatia por algumas das ideias radicais que ele prega) pelo Google. Quando essa contratação foi anunciada eu logo imaginei que “vinha coisa aí”… E veio.

Há poucas semanas, o Google anunciou uma divisão de negócios com o objetivo explícito de desenvolver tecnologias que promovam a longevidade, chamada “Calico” (não está diretamente relacionada à contratação que mencionei, mas mostra que o gigante das buscas na internet está sério em seus propósitos). É a prova inequívoca de que tem mais gente “de peso” colocando dinheiro grande para brigar contra o tempo e contra a Natureza.

Será que todas essas iniciativas resultarão em algo concreto? Não sei, mas, novamente, ressalto que devemos ficar de olho quando tem dinheiro grande envolvido.

A busca pela longevidade (ou talvez mesmo pela imortalidade) tem importantes implicações éticas, morais, religiosas e econômicas. Há muito tempo, venho pregando (inclusive aqui no blog) que a aposentadoria, tal como a conhecemos, é uma coisa do passado, obsoleta e que “respira por aparelhos” (não é uma opinião só minha), mas às vezes penso que a questão previdenciária, o “bicho papão” das finanças pessoais (se vocês acham que o maior problema de finanças pessoais é o endividamento, recomendo olharem um pouco para fora do Brasil…) se torna uma coisa menor, quase insignificante, perto do que está por vir.

Vamos imaginar que essa turma de bilionários consiga desenvolver uma tecnologia viável para estender nosso tempo de vida. Será uma coisa democrática? Será que o sistema público de saúde (ou mesmo planos de saúde privados e afins) promoverá o acesso do público a essas tecnologias que, no limite, são voltadas para o “melhoramento pessoal” e não para a cura de doenças? E a questão da (tão na moda) sustentabilidade ambiental e econômica, como fica? Será que o mundo aguenta?  Será que todos esses bilionários que estão entrando nessa onda têm motivações altruístas ou estão querendo apenas fazer uma “Arca de Noé” para eles mesmos?

Não tenho resposta para nenhuma dessas perguntas, mas ainda assim vou dar alguns pitacos:

1 – Em algum momento, teremos novas tecnologias que estenderão nosso tempo de vida – é questão de tempo. Não sei estaremos vivos para ver isso (talvez elas venham um pouco tarde demais), mas sou capaz de apostar que, quando vierem, não serão baratas e tampouco para qualquer um;

2 – A pessoa que está hoje pensando na aposentadoria daqui a algumas décadas terá que fazer uma preparação financeira muito mais rígida, se quiser manter um bom padrão de vida na velhice. Inclusive, “saúde” já é uma das principais fontes de stress financeiro das pessoas idosas. Se, além de uma boa aposentadoria, a pessoa quiser ter acesso a essas tecnologias, é bom se preparar financeiramente ainda mais (arrisco dizer que MUITO mais…);

3 – Quanto às questões de natureza moral e ética, é possível que alguns cenários típicos de filmes de ficção científica distópicos se tornem realidade, como restrições ou grandes taxações à procriação de pessoas que adotem esse tipo de tecnologia. Mas essa já não é exatamente a minha “área de expertise”, então vou parando por aqui…

O que isso tudo tem a ver com finanças pessoais? Em uma palavra: tudo.

Isso vai impactar a previdência, vai impactar a economia, vai impactar o meio ambiente, vai impactar o mercado de trabalho, o sistema de saúde, a forma como as famílias se organizam e muito mais.

É mais um motivo para que as pessoas adotem boas práticas de gestão financeira e econômica pessoais desde já, pois nós podemos viver muito mais do que estamos imaginando e, pior, podemos viver em um mundo ainda mais estranho…

Para finalizar, quero desejar um excelente dia do idoso para aqueles leitores mais “experientes” do blog. E para todos os leitores (incluindo os seniors ), desejo que tenham um excelente dia, quem sabe… da longevidade!

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