Exame.com
Continua após a publicidade

O dilema do empreendedor solitário

Você já se sentiu sozinho na sua jornada empreendedora? Cuidado, a falta de conexões pode destruir o seu negócio – e a sua vida

Investimentos: "Empreender é ir contra a corrente" (Getty Images/Reprodução)
Investimentos: "Empreender é ir contra a corrente" (Getty Images/Reprodução)

Empreender é ir contra a corrente. É desafiar o status quo, questionar as regras, romper com as convenções, assumir riscos, ficar noites sem dormir... No Brasil, então, é um ato de rebeldia e resistência.

Mesmo com 70 horas de trabalho por semana, muitas portas se fecharão. Você pode não perceber no início, mas é fácil se afastar de pessoas importantes. É comum não encontrar apoio na família, nos amigos, nos colegas, nos clientes e até mesmo nos investidores. Ainda que os mais próximos queiram ajudar, como aceitar a opinião de quem não construiu nada?

Pense: quantas pessoas estão, de fato, com você nessa caminhada? Infelizmente (ou felizmente), esse mindset não é para todo mundo. É como dizem: é solitário no topo.

Incertezas e armadilhas acabam por empurrar muitos de nós para fora do limite, alimentando uma epidemia silenciosa: empreendedores têm quase 50% mais chances de sofrer de transtornos mentais (depressão, ansiedade, burnout etc.) do que qualquer outra pessoa, segundo um estudo realizado pelo Dr. Michael Freeman, professor da Universidade da Califórnia, em San Francisco.

Comparativo das condições de saúde mental (Michael Freeman/Reprodução)

Pior, a maior parte dessas pessoas não sabe que está mal e as que sabem se recusam a falar sobre o assunto. Afinal, como bem colocado por Sam Altman (co-founder e CEO da OpenAI):

“Há uma enorme pressão, como fundador, para nunca mostrar fraqueza e ser o líder em todas as situações internas e externas. O mundo pode estar caindo ao seu redor – e na maioria das vezes, quando você administra uma empresa, está – e você precisa ser forte, confiante e otimista. Falhar é aterrorizante [...] A maioria dos fundadores que conheço teve tempos muito sombrios, e geralmente parecia que não havia ninguém a quem eles pudessem recorrer.”

Talvez você não perceba o quanto isso está te afetando. Talvez ache que é normal. Que é parte do jogo se sentir sozinho. Mas um dia a ficha cai e o fardo é todo seu.

Como sair da sua bolha pode te levar para o próximo nível

Você já viu algum atleta campeão sem as pessoas certas ao seu redor? Eu duvido. Bill Russell e Red Auerbach, Pelé e Garrincha, Roger Federer e Severin Luthi...

A alta performance pressupõe estar cercado de pessoas que te entendam, apoiem e inspirem (um time, um técnico, um preparador físico, um psicólogo, um nutricionista, um fisioterapeuta, uma torcida, um patrocinador...).

Então, por que no empreendedorismo seria diferente? Não é. Pelo contrário, estudos sugerem que empreendedores que experimentam a solidão ocupacional são mais propensos a se esgotar.

E, pasme, meu caro, metade dos CEOs relatam sentimentos de solidão em seu papel, conforme um levantamento da Harvard Business Review.

Por isso, quando Elon Musk disse que administrar um negócio é como mastigar vidro e olhar para o abismo e que, mesmo parando de olhá-lo depois de um tempo, a mastigação nunca acaba, ele não estava brincando.

A solidão destrói a produtividade, a tomada de decisão, a gestão de equipes, a relação com stakeholders, a reputação no mercado e o, principal, o seu faturamento. Sem falar nos danos à sua saúde física e mental: obesidade, diabetes, hipertensão, infarto, AVC...

Uma boa alternativa para minimizar os impactos provocados por esse background é implementar um conselho consultivo em seu negócio, ajudando a evitar o isolamento e trazendo ainda mais conhecimento para a mesa.

Composto por uma equipe de profissionais que carregam experiências e know-hows relevantes de acordo com cada setor, esse board é projetado para apoiar a tomada de decisão à medida que uma empresa evolui e a gama de desafios que ela enfrenta também se expande, complementando a estrutura societária já existente.

Acredite, aproveitar a experiência e o apoio de um grupo diversificado de advisors aumenta suas chances de sucesso e de construção de uma companhia mais forte e resiliente no longo prazo.

Isso porque a resposta para gerar resultados e entender como algumas empresas constroem grandes equipes e outras não conseguem manter sequer um bom funcionário está, em grande parte, nos relacionamentos.

Dito isso, a sua capacidade de criar e manter relações saudáveis é fundamental para a troca de insights, oportunidades, desafios, tendências e apoio com outros que vivem, na prática, as mesmas situações que você.

Existem também outras formas de se conectar com outros empreendedores de alto nível, como o G4 Scale, uma rede de apoio e co-mentoria para CEOs, founders e C-Levels que buscam um ambiente confiável para compartilhar desafios, discutir planos e gerar oportunidades de negócio

Sem dúvidas, ter o suporte de outros empreendedores que compartilhavam das mesmas dificuldades e jornadas fez toda a diferença no meu desenvolvimento. Hoje, vejo o quanto estar em comunidade foi decisivo para a minha carreira.

Mas, no fim do dia, a escolha é só sua: continuar com todo o peso do negócio sobre os seus ombros – seus funcionários e suas famílias, seus clientes, seus investidores... – ou viver em um ambiente de aprendizado contínuo e networking. De qual lado você quer estar?