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Saúde mental é prioridade

As lideranças devem apoiar os times nos cuidados com o bem-estar emocional o ano inteiro para garantir a motivação e o engajamento de todos

A valorização do bem-estar emocional é um forte indicativo de que a empresa leva a sério a empatia, o acolhimento e o respeito entre os funcionários (Getty Images)
A valorização do bem-estar emocional é um forte indicativo de que a empresa leva a sério a empatia, o acolhimento e o respeito entre os funcionários (Getty Images)

Sempre faço questão de destacar a importância da saúde mental com minhas equipes, com clientes e aqui no meu blog. O Setembro Amarelo, mês dedicado à prevenção do suicídio, é mais uma ótima oportunidade para aprofundarmos esse tema à luz dos desafios do universo corporativo.

Neste ano, o lema da campanha desenvolvida em conjunto pela Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) e o Conselho Federal de Medicina (CFM) é “Se precisar, peça ajuda”. A escolha não poderia ser mais apropriada, já que sentimos na pele quanto o bem-estar emocional depende do auxílio e da atenção das pessoas com quem convivemos, em casa e no trabalho. Com o intuito de mapear a situação da saúde mental nas empresas brasileiras, lançamos mais uma edição da pesquisa anual feita em parceria com a The School of Life, contemplando a opinião de profissionais qualificados empregados e de recrutadores.

Compartilho, aqui, os principais insights do estudo, que evidencia os impactos significativos da saúde mental no engajamento e desempenho dos trabalhadores. Para os profissionais empregados, o ambiente tóxico é a principal razão que os levaria a um pedido de demissão (42,86% dos votos). Entre 45% dos entrevistados, em algum momento dos últimos 12 meses eles deixaram de produzir ou se manter engajados por estar emocionalmente abalados.

Ainda nessa categoria, 61% dos trabalhadores ouvidos acreditam que os líderes da sua empresa não estão capacitados para acolher os colaboradores que apresentam questões de saúde mental. Na opinião deles, as três principais habilidades socioemocionais que mais têm faltado no seu atual líder são: apoio, comunicação e liderança.

Do ponto de vista da própria carreira, as três principais habilidades socioemocionais que os profissionais mais gostariam de desenvolver em si são: espírito empreendedor, liderança e calma.

Entre os recrutadores, 40% deles avaliam que o nível de preocupação da sua empresa com relação ao bem-estar emocional e à saúde mental dos profissionais aumentou nos últimos 12 meses. No entanto, 65% dos entrevistados nessa categoria acreditam que os líderes da sua empresa não estão capacitados para acolher os colaboradores em dificuldades nesse território. Além disso, 44% dos recrutadores ouvidos admitem que nos últimos 12 meses, em algum momento, também deixaram de produzir ou se manter engajados por estar emocionalmente abalados. E 63% disseram que, no mesmo período, presenciaram profissionais que deixaram de produzir pelo mesmo motivo.

Sob a ótica das lideranças, as três principais habilidades socioemocionais que mais fazem falta em seus profissionais são: comunicação, capacidade de decidir e objetividade, definida como avaliação de algo ou alguém sem viés preconceituoso.

Em uma autocrítica, os líderes apontam as três principais habilidades comportamentais que gostariam de ver aprimoradas em si: calma, espírito empreendedor e espírito inovador.

Dicas para incrementar apoio aos times

Deu para notar que no estudo algumas palavras aparecem em vários contextos, como comunicação e calma. Assim como elas, há outros cuidados relevantes a ser observados pelos líderes na hora de ajudar a equipe a manter a saúde mental em dia. Cito, a seguir, algumas delas:

- transparência – sendo a saúde mental um desafio de todos, é essencial abordar esse assunto com clareza e honestidade em reuniões, treinamentos, conversas privadas, para que todos se sintam à vontade para oferecer ou pedir ajuda;

- sensibilidade – escutar os liderados e identificar e solucionar pontos críticos, como excesso de pressão ou de tarefas, é uma maneira de prevenir quadros de desânimo, doenças, absenteísmo e até pedidos de desligamento; - criatividade – reunir as equipes para pensar fora da caixa sobre alternativas que possam aliviar o estresse e melhorar a qualidade de vida costuma render ótimos resultados.

A valorização do bem-estar emocional é um forte indicativo de que a empresa leva a sério a empatia, o acolhimento e o respeito entre os funcionários. Uma organização com essas qualidades certamente atinge ótimos níveis de engajamento e de motivação, além de contribuir com a prevenção do adoecimento psíquico.

Aqui, neste Blog, você encontra outros artigos sobre carreira, gestão e mercado de trabalho. Também é possível ter mais informações sobre os temas na Central do Conhecimento do site da Robert Half. Se você gosta de podcasts, não deixe de acompanhar o Robert Half Talks.

*por Fernando Mantovani, diretor-geral da Robert Half para a América do Sul e autor do livro Para quem está na chuva… e não quer se molhar