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Recrutamento híbrido: oportunidades, desafios e recomendações para 2022

Enquanto o mundo caminha para processos mesclados entre etapas presenciais e remotas, uma parcela dos desempregados teme a frieza dos bate-papos on-line

 (Unsplash/Unsplash)
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Fernando Mantovani — Sua Carreira, Sua Gestão

Publicado em 25 de fevereiro de 2022 às, 08h30.

O processo seletivo híbrido é uma das grandes tendências do mercado de trabalho em 2022. Não é à toa que 70% dos 387 recrutadores entrevistados durante a sondagem da 18ª edição do Índice de Confiança Robert Half afirmaram que os recrutamentos devem ser mesclados entre etapas presenciais e remotas. Do total, 89% acreditam que, ao menos, as etapas finais devem ser feitas presencialmente. Eu também gosto dessa ideia.

Empresas devem se atentar ao aumento da disputa por talentos

Sem dúvida, a primeira grande evolução gerada pelos processos híbridos é a ampliação do acesso a profissionais qualificados. Os dados do ICRH apontam que 81% dos recrutadores visualizam essa facilidade. Acredito, sem dúvida, que a nova realidade é um recurso precioso para aqueles que estão dispostos a ter os melhores times, porém, é, também, o que torna a disputa por talentos ainda mais acirrada. E isso merece atenção.

Outros fatores citados pelos recrutadores como facilitadores na localização dos profissionais mais desejados são: possibilidade de entrevistar mais profissionais para cada processo seletivo (17%) e chance de reduzir as etapas do processo (4%). A desmistificação da necessidade do olho no olho presencial (2%) também foi lembrada. Porém, entendo ser importante destacar que, apesar dos avanços da tecnologia, algumas características comportamentais ainda são melhor identificadas quando estamos frente a frente com o outro.

Superar a frieza do processo remoto é o principal desafio para os candidatos

No fundo, todos nós sentimos algum nível de receio quando estamos sendo avaliados por outras pessoas. Isso faz com que entrevistas em geral sejam vistas como um ambiente de certo desconforto. Quando realizadas remotamente, a dificuldade aumenta pelo desafio de superar a frieza de uma entrevista mediada por tecnologia (opinião de 39% dos 387 profissionais desempregados). Somado a isso, existem outras três barreiras a serem superadas: transmitir energia e brilho nos olhos (28%), demonstrar as habilidades comportamentais (16%) e conquistar a atenção do entrevistador (7%).

Cinco recomendações para se dar bem no processo seletivo remoto

Se vencer a frieza do processo seletivo é uma preocupação que também te assombra, listo a seguir algumas recomendações que podem te ajudar:

1) Crie a sua zona de conforto

Antes de ingressar em qualquer bate-papo on-line, teste a conexão, o dispositivo e a tecnologia que irá utilizar. Ingresse na sala com cerca de cinco ou 10 minutos de antecedência. Se estiver usando o celular ou com ele por perto, silencie o toque e os alertas. E, claro, não esqueça de deixar, ao alcance da mão, o carregador do dispositivo que estiver usando. Todas essas precauções tendem a aumentar a sua sensação de segurança e reduzir as chances de imprevistos, te deixando mais à vontade durante a conversa.

2) Escolha um local adequado

Para a videoconferência, o ideal é que você escolha um local tranquilo e bem iluminado, seja por luz natural ou artificial. Cuide para que a câmera mostre que você está em um local organizado e que atrás de você tenha uma parede neutra ou com alguma decoração discreta. Assim, o recrutador não terá nenhuma informação visual para se distrair, focando apenas em você e no que estão conversando.

3) Quando estiver falando, olhe para a câmera

Às vezes, pode ser difícil resistir à tentação de olhar para a nossa imagem enquanto estamos conversando por meio de uma chamada de vídeo. Mas, quando for a sua vez de falar, tente focar na câmera. Não há necessidade de permanecer em uma posição estática: você pode sorrir e se movimentar, como faria em uma entrevista presencial. Então, quando estiver na posição de ouvinte, volte o olhar para a tela. Isso vai tornar o bate-papo mais natural e criar conexão com quem está do outro lado.

4) Vista-se adequadamente

Já não é necessário vestir-se de uma maneira muito formal para a entrevista de emprego. Afinal, todos sabem que estamos trabalhando e participando de entrevistas em nossas casas ou algum outro lugar remoto. Mas, bom senso nunca sai de moda, não é mesmo? Então, na dúvida sobre o que vestir, escolha uma roupa discreta e que esteja conservada. Evite combinações, acessórios ou produções que possam distrair o seu interlocutor.

5) A última impressão também é a que fica

Não deixe que a entrevista seja encerrada sem esclarecer as dúvidas que tem, além de demonstrar seu conhecimento sobre a companhia e real interesse pela oportunidade. Aproveite para questionar o entrevistador sobre a próxima etapa do processo. Quando o bate-papo terminar, envie um breve e-mail agradecendo a disponibilidade de todos os participantes e coloque-se à disposição para qualquer complemento de informações. Mas tenha atenção para não parecer uma pessoa invasiva ou muito persistente.

Se antes da pandemia já era difícil atrair a atenção de recrutadores, com a quebra de barreiras geográficas e aumento do número de profissionais elegíveis a um processo seletivo, essa missão se tornou ainda mais desafiadora. Ou seja, estar bem preparado para quando a oportunidade surgir deve ser parte da estratégia de quem busca recolocação ou movimentação.

Aqui, neste Blog, você encontra outros artigos sobre carreira, gestão e mercado de trabalho. Também é possível ter mais informações sobre os temas na Central do Conhecimento do site da Robert Half.

*por Fernando Mantovani, diretor-geral da Robert Half para a América do Sul e autor do livro Para quem está na chuva… e não quer se molhar