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Realização e trabalho

Os dois assuntos caminham juntos e, por isso, empregados e empregadores precisam adotar cuidados em prol do bem-estar, saúde e qualidade de vida

Realização e trabalho caminham juntos, por isso empregados e empregadores precisam adotar cuidados em prol do bem-estar, saúde e qualidade de vida (Javier Zayas Photography/Getty Images)
Realização e trabalho caminham juntos, por isso empregados e empregadores precisam adotar cuidados em prol do bem-estar, saúde e qualidade de vida (Javier Zayas Photography/Getty Images)

Prezo muito pelo Dia Internacional da Felicidade, celebrado em 20 de março. Desta vez, a data é ainda mais especial, pois marca o lançamento de mais uma edição da pesquisa Inteligência Emocional e Saúde Mental no Ambiente de Trabalho, realizada pela parceria entre Robert Half e The School of Life.

Por muito tempo o trabalho foi visto como um sacrifício necessário em nome de salário, benefícios, conquistas, etc. Essa visão se apoia na premissa de que o horário comercial é sinônimo de dever. O prazer, por outro lado, deveria acontecer somente antes ou depois dele. A explosão de casos de depressão, ansiedade, burnout e outros transtornos mentais na época da pandemia de Covid-19 deixou bem claro que não funcionamos assim. Questões pessoais invadem o trabalho e vice-versa, exigindo que as empresas se responsabilizem pelo cuidado de seus times. 


Para investigar a intersecção entre trabalho e satisfação, ouvimos 1.161 profissionais ao longo de fevereiro e as respostas trazem insights valiosos.  


Diante da reflexão sobre o grau de responsabilidade das organizações na sensação de felicidade dos funcionários no trabalho, 45% dos profissionais e 40% dos recrutadores afirmaram que elas são muito responsáveis. Apenas 8% dos profissionais e 10% dos recrutadores disseram que as organizações são totalmente responsáveis por esse sentimento. 

Quando questionados sobre se é possível ser 100% feliz em alguma área da vida, 56% dos profissionais e 54% dos recrutadores disseram que sim, resultado que me surpreendeu. Sobre o que de fato significa ser feliz no trabalho, 38% dos profissionais e 37% dos recrutadores consideram que o sentimento envolve equilíbrio entre vida pessoal e profissional.

Para 21% dos profissionais e 14% dos recrutadores, o sentimento tem a ver com reconhecimento e valorização. E 18% dos profissionais e 26% dos recrutadores associam a felicidade à realização profissional e ao senso de propósito.

De acordo com o estudo, 21% dos profissionais e 18% dos recrutadores se sentem infelizes no trabalho frequentemente. Os que se sentem infelizes às vezes chegam a 59% entre os profissionais e a 55% entre os recrutadores.

Um dado que me chamou a atenção positivamente se refere ao momento presente dos entrevistados. Conforme a pesquisa, 71% dos profissionais e 78% dos recrutadores disseram estar felizes com o atual trabalho. 

Entre os profissionais que afirmaram estar infelizes atualmente, os motivos mais citados foram: ausência de plano de carreira (47%), falta de propósito (46%) e relacionamentos tóxicos (39%). Salário insuficiente foi apontado por 34%, ressaltando a máxima de que dinheiro não é tudo. 

Para os recrutadores, o que as empresas poderiam fazer para melhorar o ambiente de trabalho seria reconhecer e valorizar os funcionários (33%), melhorar o equilíbrio entre vida pessoal e profissional (22%) e fomentar o desenvolvimento profissional (26%). 

Como aumentar a satisfação no trabalho 

Ser feliz depende muito de cada um, mas é claro que uma organização atenta e ativa contribui decisivamente para a felicidade dos times e ganha a admiração de todos. 

A seguir, destaco algumas ações que ajudam a melhorar o sentimento de satisfação dos funcionários: 

comunicação – manter os funcionários bem- informados sobre a empresa, saber ouvi-los, ser transparente e estimular o diálogo aumenta a confiança e o senso de pertencimento; 

plano de cargos e salários – a perspectiva de crescimento e de sucesso é fundamental para que os colaboradores trabalhem com dedicação e comprometimento;

bom exemplo – nada é mais contraproducente do que o líder que fala, mas não faz o que diz. Inspirar as equipes na prática, com exemplos concretos e vindos de cima, faz toda a diferença; 

flexibilidade – oferecer “respiros” no cotidiano dos colaboradores é sempre bem-vindo. Home office, horários diferenciados, dias livres e outros recursos ajudam nesse sentido. 

Quem se sente bem com a vida – e não apenas no período de férias – tem mais disposição, foco, resiliência, criatividade, entre outras qualidades importantes para a esfera pessoal e profissional. Apostar na felicidade é um investimento com retorno garantido para empregados e empregadores. Só melhora a vida de todos! 

Aqui, neste Blog, você encontra outros artigos sobre carreira, gestão e mercado de trabalho. Também é possível ter mais informações sobre os temas na Central do Conhecimento do site da Robert Half. Se você gosta de podcasts, não deixe de acompanhar o Robert Half Talks. 

*por Fernando Mantovani, diretor-geral da Robert Half para a América do Sul e autor do livro Para quem está na chuva… e não quer se molhar