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Falar que vivemos um apagão de talentos em algumas áreas e que formamos menos mão de obra qualificada do que a demanda já virou lugar comum. Agora, é preciso um novo olhar para o tema. Costumo brincar que muitas organizações querem contratar sempre o Batman para a vaga do Robin. Ou seja, exige-se no momento da contratação o profissional versátil, com alta capacidade de execução, fluência em inglês e espanhol, […] Leia mais

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Fernando Mantovani — Sua Carreira, Sua Gestão

Publicado em 6 de junho de 2012 às, 11h17.

Última atualização em 24 de fevereiro de 2017 às, 09h25.

Falar que vivemos um apagão de talentos em algumas áreas e que formamos menos mão de obra qualificada do que a demanda já virou lugar comum. Agora, é preciso um novo olhar para o tema.

Costumo brincar que muitas organizações querem contratar sempre o Batman para a vaga do Robin. Ou seja, exige-se no momento da contratação o profissional versátil, com alta capacidade de execução, fluência em inglês e espanhol, habilidade de comunicação. Só falta mesmo ter super poderes. O problema, no entanto, é que no dia a dia, este profissional não terá desafios, não usará os idiomas em que é fluente.

Qual a moral dessa brincadeira? A demanda pelo excesso de profissionais qualificados vai alterar o papel dessas organizações. A exigência de competências, qualificações e experiência acima do necessário para algumas posições tem gerado dois principais desafios: identificar o profissional em si, com potencial para o cargo a ser ocupado, e o fato de que um profissional excessivamente qualificado para uma determinada função tem sua motivação rapidamente impactada, o que dificulta sua retenção.

Em termos práticos, empresas carentes por engenheiros, por exemplo, podem rever as qualificações exigidas para determinadas funções e contratar profissionais com formação técnica, ou seja, sem formação superior, com potencial para o desenvolvimento prático e de peculiaridades de cada segmento, atendendo, conseqüentemente, às exigências da posição. Ao fazer isso, a companhia diminui a pressão sobre o topo da pirâmide, onde está a mão de obra de alto nível e a retenção desse profissional também é facilitada, já que, por ter formação técnica, deverá exercer a função por mais tempo e cobrar menos por crescimento profissional enquanto se capacita para novas oportunidades.

Portanto, o apagão de talentos pode ser amenizado no curto prazo diretamente pela ação unilateral das empresas por meio da reavaliação de quais as exigências mínimas para as posições que estão em aberto. Outro ponto a ser revisto é o de como as empresas devem medir um verdadeiro talento. As questões tangíveis são relevantes, mas, por vezes, as portas são fechadas para profissionais muito capazes, que suprem a suposta carência inicial pelo seu perfil comportamental. Quando repensadas tais questões, os principais beneficiados serão as próprias empresas.