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Palavras mágicas: flexibilidade e reconhecimento

Para garantir o bom desempenho dos times, atrair e reter talentos, as empresas precisam valorizar os principais anseios dos funcionários

 (Shutterstock)
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Um ano está terminando e outro está prestes a chegar, mas há duas questões que seguirão em alta no universo corporativo: flexibilidade e reconhecimento. Em pesquisas da Robert Half, em reuniões, nas redes sociais, está muito clara a mensagem: entre os principais anseios dos profissionais estão a manutenção dos modelos flexíveis e a necessidade de se sentirem valorizados. 

A flexibilidade está diretamente relacionada a um equilíbrio melhor da vida pessoal e profissional. O modelo de trabalho híbrido é crucial para muitos profissionais e chega a definir mudanças de emprego e pedidos de demissão. Já o reconhecimento envolve um amplo leque de expectativas, que incluem salário e benefícios, mas não só. Os trabalhadores também esperam uma valorização no dia a dia.  

Há bons motivos para os empregadores prestarem atenção nesses dois pontos. Um deles é o contexto econômico, que tende a acirrar a guerra por talentos. A taxa de desemprego entre os profissionais qualificados, ou seja, aqueles com formação superior e mais de 25 anos, está em queda há vários meses e tende a cair ainda mais no próximo ano se continuarmos no mesmo ritmo de crescimento econômico.   Além disso, a performance das equipes apoia-se imensamente no nível de satisfação que elas sentem em relação à organização onde atuam. Motivação, engajamento, iniciativa e outras qualidades que existem individualmente são impactadas pelo ambiente, podendo aumentar ou diminuir com ele. Uma empresa mais aberta e receptiva aos anseios dos times provavelmente terá mais dedicação e resultados do que uma companhia rígida e indiferente às demandas dos funcionários.  E quão sintonizadas estão as percepções de empregados e empregadores sobre os anseios dos primeiros? O último Índice de Confiança da Robert Half (ICRH) traz respostas interessantes a respeito dessa questão. Quando questionadas sobre o grau de preocupação com a retenção de talentos, 47% das empresas disseram estar preocupadas, 26% muito preocupadas e 27% nada preocupadas. Entre os profissionais, os números ficam próximos: preocupados (48%), muito preocupados (21%) e nada preocupados (31%). 

Sobre o que consideram pontos críticos na retenção de talentos, as organizações mencionaram: abordagem da concorrência, ausência de oportunidades de crescimento, desequilíbrio entre vida pessoal e profissional, falta de flexibilidade e ausência de programas de reconhecimento.   No que se refere à atração de talentos, 71% das companhias ouvidas pelo ICRH estão preocupadas com a capacidade de atrair bons profissionais em 2024. Os principais motivos para essa preocupação são: falta de flexibilidade, processo de recrutamento muito longo, ausência de oportunidades de crescimento, salários abaixo da média do mercado e desequilíbrio entre vida pessoal e profissional.  As respostas mostram que há bastante afinidade entre a percepção de empregados e de empregadores sobre o que é relevante para os trabalhadores atualmente. No entanto, parece que o sucesso dos empregadores em concretizar essa percepção deixa a desejar, já que a maioria espera encontrar dificuldades para atrair talentos no próximo ano.  Como demonstrar reconhecimento 

Um primeiro passo para melhorar esse quadro é cultivar a prática do reconhecimento no dia a dia com ações como estas: 

- crie a cultura – incentive todos os níveis hierárquicos a expressar o reconhecimento pelo trabalho dos times e entre colegas, de modo que sempre existam oportunidades, pequenas ou grandes, para valorizar as conquistas alheias; 

- inove nas recompensas – dias de folga, cursos, viagens e ingressos para shows são algumas das inúmeras possibilidades para tornar o gesto de valorização algo concreto e memorável; 

- seja genuíno – mais do que o valor material da recompensa ou as palavras utilizadas, a autenticidade é o que conta na hora de dar um feedback positivo. Sentir que o elogio é sincero faz toda a diferença. 

Como em todas as relações, nas profissionais a reciprocidade também é muito bem-vinda. Se os funcionários contam com flexibilidade e reconhecimento, terão mais condições de também ser flexíveis e de expressar sua admiração pela empresa. É a famosa e saudável via de mão dupla. 

Aqui, neste Blog, você encontra outros artigos sobre carreira, gestão e mercado de trabalho. Também é possível ter mais informações sobre os temas na Central do Conhecimento do site da Robert Half. Se você gosta de podcasts, não deixe de acompanhar o Robert Half Talks. 

*por Fernando Mantovani, diretor-geral da Robert Half para a América do Sul e autor do livro Para quem está na chuva… e não quer se molhar