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O valor da maternidade no ambiente corporativo

Empresas que valorizam a maternidade avançam em diversidade e inclusão, criando ambiente mais humano, criativo e inovador

 (ShutterStock/Reprodução)
(ShutterStock/Reprodução)

Passado o Dia das Mães, não posso deixar de pensar em como a maternidade continua sendo um dos maiores desafios para as mulheres profissionais que tomam a decisão de ter filhos. Apesar dos direitos e conquistas obtidos ao longo de séculos, as trabalhadoras ainda se deparam com inúmeras dificuldades para conseguir um emprego, mantê-lo e ascender nele. Não é por outro motivo que ainda vemos menos mulheres do que homens em cargos de lideranças, por exemplo.  

Sensibilidade, fragilidade, instabilidade e outros tantos rótulos são automaticamente identificados nas genitoras, como se ter filhos significasse uma limitação para trabalhar bem. Tudo porque as duas condições – ser mulher e ser mãe – são cercadas de preconceitos e estereótipos tão arraigados na sociedade e nas empresas que mal conseguimos percebê-los.  

Em uma enquete realizada pela Robert Half no LinkedIn, investigamos qual é, na percepção das pessoas, o maior desafio das profissionais mães. Para 55%, é conciliar carreira e família. Em segundo lugar, aparece a empregabilidade, citada por 20%. Suporte no retorno da licença maternidade foi apontado por 17% dos participantes. E, por fim, 8% indicaram a segurança psicológica.   

A boa notícia é que o universo corporativo está realmente mudando, e para melhor. Foi o que detectou uma pesquisa realizada em fevereiro pela Robert Half, com 1.161 profissionais. A amostra foi igualmente dividida entre recrutadores e profissionais qualificados e o objetivo era mapear a situação das empresas quanto à igualdade de gênero no mercado de trabalho.  

De acordo com a sondagem, 58% das empresas afirmam contar com políticas claras para promover a equidade de gênero em seu dia a dia. Isso representa um acréscimo de 3 pontos percentuais em relação ao último levantamento sobre o tema, realizado em fevereiro de 2022. As mulheres são o foco das políticas de diversidade, equidade e inclusão (DEI) em 73% dessas organizações.  

Na opinião dessas companhias, há três principais benefícios advindos dos investimentos em DEI: gestão mais humanizada, pensamento diverso e melhora no clima corporativo. Observe a importância dessas vantagens para atrair e reter talentos, aumentar o nível de engajamento dos colaboradores, alcançar resultados melhores, entre outros aspectos. 

Do lado dos profissionais também prevalece a percepção de que a desigualdade de gênero vem diminuindo. Conforme os dados do estudo, 59% dos entrevistados enxergaram aumento na participação de mulheres em cargos de gestão na empresa em que atuam no último ano. Entre eles, 60% avaliam que suas empresas têm políticas claras para promover a equidade de gênero no ambiente corporativo. 

Diversidade e inovação têm tudo a ver 

Apoiar, respeitar e valorizar as mulheres e a carreira delas, sejam mães ou não, é um excelente caminho para promover a DEI. Buscar a equiparação salarial e de oportunidade entre os gêneros é fundamental para termos um mundo mais justo e organizações alinhadas às principais questões do mundo contemporâneo.  

Além disso, gosto sempre de frisar que um dos maiores ganhos para as empresas que rezam essa cartilha é a inovação. Por quê? Resumo minha resposta em dois pontos principais: 

  • Melhor compreensão do mundo – a diversidade amplia o repertório de conhecimento, opiniões e experiências do quadro funcional, que passa a refletir com mais propriedade a realidade em que vivemos. A sociedade, assim como os consumidores e parceiros comerciais, não é constituída apenas por um gênero, idade, etnia, orientação sexual ou religião; 
  • O exemplo do Vale do Silício – não é coincidência que uma das regiões mais inovadoras e prósperas do planeta seja também conhecida pela diversidade de pessoas que trabalham por lá. Vivências e bagagens plurais resultam em ideias e propostas que fogem da mesmice. Está aí a transformação digital como prova disso. 

Por fim, e não menos importante, reforço que os projetos nas empresas destinados à maternidade devem mirar também os pais. Incentivar a paternidade ativa, ou seja, que pais levem os filhos ao médico, participem de reuniões escolares, apoiem no dever de casa, montem a lancheira, entre outras responsabilidades, ajuda a reduzir a carga mental e física das mães, melhorando significativamente suas perspectivas profissionais. Com isso, ganham a família, a empresa e a sociedade como um todo. 

Aqui, neste blog, você encontra outros artigos sobre carreira, gestão e mercado de trabalho. Também é possível ter mais informações sobre os temas na Central do Conhecimento do site da Robert Half. Se você gosta de podcasts, não deixe de acompanhar o Robert Half Talks. 

*por Fernando Mantovani, diretor-geral da Robert Half para a América do Sul e autor do livro Para quem está na chuva… e não quer se molhar