O momento das startups

Tudo que é novo gera curiosidade e medo, e com as startups não tem sido diferente. Inovadoras, enxutas e ousadas, essas empresas se tornaram o sonho de muitos profissionais em um primeiro momento - e com toda a razão. Elas atuam de um modo bastante ágil e criativo, o que tende a se traduzir em uma experiência enriquecedora para a carreira.

Várias delas acabam se destacando por oferecer soluções tecnológicas revolucionárias, conquistando a admiração e o reconhecimento dos públicos interno e externo. Informalidade, diversidade e flexibilidade são atributos comumente relacionados ao universo das startups, o que só aumenta o poder delas de atração e retenção de talentos.

Esses pontos positivos, porém, estão em xeque no momento. Em virtude de um período com mais demissões, as startups passaram a ser objeto de dúvidas e críticas. Há a desconfiança de que elas tenham sido uma moda passageira e, agora, estariam entrando em declínio. Será?

É importante retroceder no tempo e lembrar o que a pandemia significou para muitas startups. Com boa parte do mundo sob confinamento em função do coronavírus, muitas delas criaram ou ampliaram a operação, atendendo a necessidade de as pessoas se comunicarem virtualmente e receberem em casa refeições, supermercado, farmácia, entre outros serviços.

Enquanto para a imensa maioria das companhias a Covid-19 exigiu cortes de pessoal, para muitas startups esse foi um período de altíssima produtividade, aumento de equipes e expansão dos negócios. Com a retomada das atividades presenciais era de se esperar uma adequação à realidade pós-pandemia.  

Estudos da Robert Half mostram que o setor de tecnologia frequentemente passa por ciclos de expansão e retração. Dessa vez, é possível observar, ainda, uma significativa dispensa de funcionários de recursos humanos nas startups. Eles foram admitidos em massa durante a pandemia, quando era urgente realizar processos de recrutamento e de seleção para garantir o crescimento dos negócios.

Outro aspecto importante é o panorama econômico. Com a alta dos juros no Brasil, os investidores estão mais cautelosos e querem destinar recursos para negócios com boas perspectivas de evolução. Em paralelo, a inteligência artificial passou a receber bastante atenção, aumentando a concorrência por aportes de capital. O funil para receber investimentos, portanto, ficou mais estreito.

Acredito que as startups estejam em uma fase de transição. Por um lado, alcançar o sucesso ficou mais difícil do que no passado. De outro, há muitas oportunidades para quem estiver disposto a empreender. A tendência é o mercado amadurecer, encontrar um ponto de equilíbrio e retomar o crescimento.

Entretanto, é essencial reconhecer que nem todos os profissionais se encaixam no ambiente de alta pressão das startups, independentemente do estágio de desenvolvimento dessas empresas. Em períodos de rápida expansão, por exemplo, características como agilidade, capacidade de adaptação e alinhamento cultural tornam-se ainda mais cruciais para o sucesso. O encaixe entre a cultura e as habilidades dos colaboradores desempenha um papel fundamental na construção de equipes eficazes e coesas.  

Contratação por projetos é uma ótima solução

A contratação de mão de obra temporária pode ser uma ótima solução para enfrentar cenários de indefinição e de demandas específicas, como os vividos pelas startups. São várias as vantagens para as empresas e para os profissionais:

- projetos especializados – os profissionais podem atuar com êxito em demandas específicas, como a implantação de um novo sistema ou o lançamento de um produto;

- agilidade – a contratação com data para iniciar e terminar ajuda a reduzir a burocracia e as despesas com a admissão e a demissão de funcionários, aliviando o orçamento das empresas;

- expertise – os trabalhadores são escolhidos por sua experiência já comprovada, por isso oferecem segurança e performance acima da média, assim que iniciam;

- currículo – profissionais que trabalham por tempo determinado em diferentes empresas adquirem ampla gama de conhecimentos, contatos e experiências, enriquecendo sua bagagem.

Todo negócio (aliás, todos nós) está sujeito a altos e baixos, pelos mais variados motivos. O principal é aprender com as adversidades, se fortalecer e voltar para a trilha de conquistas e vitórias. Está no espírito das startups resolver problemas difíceis e dessa vez não será diferente. Quem apostar, verá.

Aqui, neste Blog, você encontra outros artigos sobre carreira, gestão e mercado de trabalho. Também é possível ter mais informações sobre os temas na Central do Conhecimento do site da Robert Half. Se você gosta de podcasts, não deixe de acompanhar o Robert Half Talks.

*por Fernando Mantovani, diretor-geral da Robert Half para a América do Sul e autor do livro Para quem está na chuva… e não quer se molhar