O gestor carcereiro
Ele poderia muito bem trabalhar como agente penitenciário, pois é muito bom em controlar o horário que você chega e vai embora; quando sai para o almoço e quando volta; quantas vezes levanta da mesa (para ir ao banheiro, tomar um café, fumar)… cronometrando cada minuto minuciosamente, tal qual o guarda que controla o banho de sol, o direito ao telefonema e o toque de recolher dos detentos. Apesar da […] Leia mais
Publicado em 30 de setembro de 2016 às, 08h00.
Última atualização em 24 de fevereiro de 2017 às, 07h28.
Ele poderia muito bem trabalhar como agente penitenciário, pois é muito bom em controlar o horário que você chega e vai embora; quando sai para o almoço e quando volta; quantas vezes levanta da mesa (para ir ao banheiro, tomar um café, fumar)… cronometrando cada minuto minuciosamente, tal qual o guarda que controla o banho de sol, o direito ao telefonema e o toque de recolher dos detentos. Apesar da semelhança, a função é outra: ele ou ela é seu chefe.
Já falei aqui do gestor paraquedista, daqueles resistentes à mudança, dentre outros perfis. Hoje, é a vez do gestor carcereiro. Mais preocupado com o relógio do que com a produtividade e qualidade do trabalho, ele (ou ela) monitora de perto cada passo dado pelo funcionário, de uma maneira que extrapola o limite do saudável.
Obviamente, todos temos que respeitar os horários das organizações em que trabalhamos – aceitamos isso quando firmamos nosso contrato de trabalho – e excessos de descumprimentos devem ser corrigidos. Por outro lado, a fiscalização exagerada gera estresse desnecessário, podendo até mesmo, em casos extremos, desenvolver problemas mais sérios na saúde do trabalhador.
Um gestor deve confiar que possui uma equipe madura o suficiente para cumprir seus compromissos, sem precisar de um cão de guarda no pé o tempo todo. Se assim não for, algo precisa ser mudado e não é contando os minutos que ele fará a situação melhorar.
Caminhamos para uma sociedade em que as relações de trabalho se tornarão mais flexíveis. Trabalho remoto, home office e horário flexível mais cedo ou mais tarde farão parte da rotina dos trabalhadores brasileiros. A função do carcereiro será cada vez menos demandada. Precisamos evoluir se quisermos manter nossa empregabilidade no futuro.