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Copa é oportunidade para engajamento

Depois de anos tão difíceis, criar momentos especiais para descontrair, socializar e quebrar a rotina é uma ótima estratégia de motivação

Copa do Catar: mesmo para quem não é fã de futebol, o campeonato já se tornou sinônimo de dias especiais no calendário. (Dan Mullan/Getty Images)
Copa do Catar: mesmo para quem não é fã de futebol, o campeonato já se tornou sinônimo de dias especiais no calendário. (Dan Mullan/Getty Images)
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Fernando Mantovani — Sua Carreira, Sua Gestão

Publicado em 22 de novembro de 2022 às, 16h31.

Não é exagero supor que os últimos anos podem ter sido os mais complicados da vida de muita gente. A pandemia e seus desdobramentos dramáticos impuseram uma longa e dura jornada de medo, cansaço e incertezas. Para alguns, a dificuldade envolveu o luto por entes queridos, o surgimento ou agravamento de doenças, demissão ou mudanças radicais no estilo de vida.

Em meio a tantos desafios, as empresas tiveram que lidar com a queda inicial, totalmente justificável, do engajamento dos times, e se concentraram em cuidar do básico: saúde mental e física. Estratégias para engajar os funcionários foram deixadas de lado, em nome de emergências e imprevistos de todo tipo. Afinal, como falar em motivação quando todos estão “funcionando” no modo sobrevivência?

Passada essa fase tão crítica, surgiram inúmeras oportunidades para deixar o clima organizacional mais leve e atraente, como as comemorações de festa junina e Halloween. A Copa do Mundo é mais uma excelente alternativa nesse sentido. Mesmo para quem não é fã de futebol, o campeonato já se tornou sinônimo de dias especiais no calendário.

Seja para reduzir o horário do expediente, ficar em casa tranquilo ou assistir aos jogos juntos, o evento dá margem para quebrar a rotina e estreitar o vínculo entre os colaboradores e deles com a organização. E essa edição ainda vem com um diferencial: acontecerá em dezembro, mês de encerramento do ano, propício para iniciativas de celebração.

Para não fazer gol contra, porém, é fundamental ouvir os funcionários sobre as expectativas em relação ao campeonato e pensar em ações que agradem à maioria. Fazer generalizações sobre o que um hipotético brasileiro médio pensa – do tipo “todo mundo ama futebol” ou “futebol já era” - é uma péssima ideia. Enquanto para alguns talvez a maior preocupação seja como enfrentar o trânsito nos horários de jogo, outros podem estar ávidos por torcer com muito barulho e energia em qualquer lugar.

A Robert Half realizou uma enquete em seu perfil no LinkedIn para ouvir o que os profissionais esperam das empresas especificamente nos dias de jogos da seleção brasileira. Home office e horários flexíveis são apontados como os benefícios mais desejados por 70% dos 1.877 profissionais que responderam à pesquisa. Para 8%, a confraternização presencial é a opção mais interessante. Evento remoto ou híbrido é citado como o preferido por 4% deles. E ainda existem as pessoas (18%) que disseram não ligar para a Copa do Mundo.

Engajar requer esforço de lideranças

Antes de pendurar bandeirinhas por todo o escritório, vale lembrar do principal: a Copa, ou qualquer outro evento, por si só, não faz milagres no humor, compromisso e disposição dos colaboradores. O engajamento é resultado, principalmente, do esforço de lideranças em relação aos liderados. Esse esforço inclui medidas como:

  • ser inspirador – para motivar os outros é necessário ser alguém motivado, que acredite verdadeiramente nos valores e objetivos da companhia a ponto de contagiar os demais. Uma liderança deve ser preparada, com treinamento, para ser inspiradora;
  • saber ouvir – dedicar tempo e atenção ao que os colaboradores têm a dizer, seja sobre a empresa ou sobre eles mesmos, é fundamental para criar uma conexão mais significativa. O vínculo favorece o engajamento;
  • incentivar o protagonismo – abrir espaço para que os funcionários apresentem ideias e soluções, com maratonas da inovação (hackathons), por exemplo, é um excelente caminho para instigar e valorizar participações nos negócios;
  • oferecer recompensas – proporcionar viagens, presentes, cursos, folgas e outros tipos de reconhecimento para colaboradores que se sobressaem pelo alto desempenho, estimula todos a darem o melhor de si;
  • definir um plano de carreira – a certeza de que é possível aprender, se aprimorar e evoluir dentro de uma organização faz toda a diferença no nível de compromisso que se tem com ela.

Gosto de destacar que ter talento não é sinônimo de ser uma liderança carismática, capaz de engajar as equipes. Alguém mais voltado para as próprias aspirações profissionais do que para as demandas do time, dificilmente dará credibilidade à ideia de que ser comprometido com a empresa é algo valioso. Para elevar o compromisso dos profissionais é essencial, antes de mais nada, ser uma referência nesse quesito.

Aqui, neste Blog, você encontra outros artigos sobre carreira, gestão e mercado de trabalho. Também é possível ter mais informações sobre os temas na Central do Conhecimento do site da Robert Half. Se você gosta de podcasts, não deixe de acompanhar o Robert Half Talks.

*Fernando Mantovani é diretor-geral da Robert Half para a América do Sul e autor do livro Para quem está na chuva… e não quer se molhar