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Como afastar o pessimismo

Pesquisa da Robert Half detectou uma sensação de desânimo entre profissionais, mas lideranças podem e devem ajudar a reverter esse quadro

 (shutterstock/Shutterstock)
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O alívio por terminar um ano cheio de indefinições, que teve Copa, eleições presidenciais e resquícios de pandemia, parece não ter durado muito. Pelo menos é o que mostra a primeira edição de 2023 do Índice de Confiança Robert Half (ICRH), que apresentou uma sensação de pessimismo entre os profissionais ouvidos.

Os entrevistados foram igualmente divididos em três categorias: recrutadores (responsáveis pelo recrutamento nas empresas ou que têm participação no preenchimento das vagas), profissionais qualificados empregados e profissionais qualificados desempregados. Em todas elas, foi detectado um sentimento de desânimo, com taxa similar à identificada no primeiro trimestre de 2022.

O ICRH é um indicador de difusão que varia de 0 a 100. Os valores acima de 50 pontos indicam agentes do mercado de trabalho confiantes. Entre os profissionais, o índice era de 35,5 em março de 2022 e foi para 35,7 em março deste ano. Já para os recrutadores, a variação foi um pouco maior: há um ano, o indicador estava em 40,6 e, 12 meses depois, ficou em 38,5.

Um cenário parecido foi observado entre os desempregados. Ao refletir sobre os próximos seis meses, 37% deles estão pouco otimistas quanto às suas chances de recolocação no mercado. Sob outra perspectiva, 33% acreditam que a probabilidade de encontrar um emprego será maior.

Já na percepção dos profissionais empregados, atualmente 55% deles estão seguros quanto à sua posição. Avaliando o contexto dos próximos seis meses, 66% pensam que a situação tende a se manter igual, enquanto 22% pressupõem um aumento nessa confiança.

Embora a situação atual tenha piorado na percepção de todas as categorias analisadas, a visão dos próximos seis meses não chega a ser otimista, mas já sinaliza uma melhora. As categorias dos recrutadores e profissionais empregados apresentaram redução no pessimismo, enquanto os desempregados recuaram na confiança pelo segundo trimestre consecutivo.

O motivo de pessimismo que mais se destaca é a imprevisibilidade econômica. Os fatos, porém, não comprovam esse receio. De acordo com os resultados da Pnad, a taxa de desemprego dos profissionais qualificados (a partir dos 25 anos, com ensino superior completo) foi de 3,8% no quarto trimestre de 2022. A taxa de desemprego geral foi de 7,9% no mesmo período. Ambas as taxas são as mais baixas desde 2015.

A diminuição no índice de desemprego vem sendo observada de modo consistente nos últimos trimestres e é influenciada pela manutenção do crescimento da população ocupada. Ou seja, os bons talentos estão, em sua maioria, empregados e cada vez mais disputados. Não é à toa que neste momento os RHs estão preocupados com a dificuldade de reter seus melhores profissionais.

É hora de investir no engajamento dos times

Se o panorama é um pouco menos dramático do que a percepção de profissionais e recrutadores a respeito dele, o que fazer? Como abrir um horizonte mais otimista nas empresas? Uma das alternativas é apostar em medidas para melhorar o nível de engajamento das equipes. Funcionários engajados têm uma relação mais saudável e positiva com o trabalho.

Abaixo, descrevo algumas dessas medidas:

Prepare bem as lideranças – gestores capazes de inspirar os demais fazem uma enorme diferença. Desenvolver e aprimorar continuamente o potencial dos líderes é o ponto de partida para obter engajamento;
Valorize os colaboradores – demonstrar apreço pelos times é essencial. Conceder tempo para projetos pessoais ou realizar hackathons são modos eficazes de comprovar quanto a empresa aprecia os funcionários;
Desenvolva um plano de carreira – a perspectiva de crescimento na empresa é uma das razões mais fortes para um colaborador se dedicar a ela. Regras claras sobre evolução profissional deixam todos mais seguros e animados quanto ao futuro;
Conceda recompensas – presentear um profissional que se destacou em um período ou projeto é uma maneira de agradecer e reconhecer seu esforço excepcional. Vale-compras, uma viagem e dias de descanso são possibilidades utilizadas pelas organizações.

Note que em todas as ações dedicadas a melhorar o engajamento dos colaboradores e, por tabela, reduzir o pessimismo, o papel do líder é crucial. Se ele reconhece e valoriza sua equipe, deve pôr em prática ações coerentes com essa visão. Um líder engajado automaticamente estimulará o engajamento de todos ao seu redor. Aposte nisso.

Aqui, neste blog, você encontra outros artigos sobre carreira, gestão e mercado de trabalho. Também é possível ter mais informações sobre os temas na Central do Conhecimento do site da Robert Half. Se você gosta de podcasts, não deixe de acompanhar o Robert Half Talks

*Fernando Mantovani, diretor-geral da Robert Half para a América do Sul e autor do livro Para quem está na chuva… e não quer se molhar