Esta é a lição para quem já sentiu medo de pedir ajuda no trabalho
Em sua coluna, Sofia Esteves fala sobre a importância de saber pedir ajuda no ambiente de trabalho
Luísa Granato
Publicado em 21 de junho de 2021 às 14h54.
Você é novo em um lugar e tem um projeto importante em mãos. É um projeto especial, para o qual vai dedicar total atenção e energia. Você quer dar o seu melhor e quer mostrar que consegue transformar aquilo sozinho! Então, você começa e, bem, o andamento não é como esperava.
Toda vez que tenta tirar a ideia do papel, a coisa não dá certo e, aí, precisa fazer de novo. Você tenta uma, duas, três vezes, mas não adianta: a cada nova tentativa, você vai se afundando mais e mais até que se vê diante de um problema grande e precisa pedir ajuda.
É, então, que você descobre que deveria ter feito isso logo no começo, em vez de ter sido tão resistente em assumir que precisa de uma (ou várias) mãos.
Se identificou com essa história? Pois ela é, na verdade, o enredo de "Toca", o curta-metragem da Disney que concorreu este ano ao Oscar de Melhor Curta de Animação. No desenho, uma jovem coelha tenta cavar a toca dos seus sonhos, apesar de não saber muito bem como fazer isso. Ela olha para o projeto no papel, tenta colocar na prática, mas acaba cavando errado e caindo, sem querer, dentro da toca dos vizinhos.
Em vez de revelar suas dificuldades e pedir ajuda para quem já fez isso antes e saberia apoiá-la nessa empreitada, ela continua e continua até chegar no fundo do poço (quase que literalmente). É, então, que ela se vê obrigada a pedir uma mão (na verdade, patas). E, para quem não assistiu ao desenho, fica o alerta de spoiler! No final, os vizinhos ajudam a jovem coelha a construir sua toca dos sonhos e dá tudo certo.
Nem dá para dizer que esse é um spoiler mesmo porque recorrer a outras pessoas que entendem de um assunto e estão dispostas a dar aquele apoio que você precisa normalmente nos leva para um bom resultado.
Pedir e oferecer ajuda é um caminho certo para um final feliz. Ainda assim, verdade seja dita: temos dificuldade em assumir que não estamos conseguindo cavar a nossa toca e que precisamos daquela força para tirar o projeto do papel. E essa dificuldade foi sentida na pele pela própria diretora e roteirista da animação.
Em algumas entrevistas, Madeline Sharafian compartilhou que a inspiração para a história de "Toca" foi justamente os seus primeiros anos na Pixar, estúdio no qual ela trabalha e que produziu o curta. Nova nesse lugar que é a empresa dos sonhos de muitos profissionais e que tem grandes talentos dando vida a projetos incríveis, Madeline sentia que precisava conquistar seu espaço, que tinha que colocar seu projeto de pé sozinha e provar o seu valor.
Pedir ajuda era quase um atestado de incompetência ou uma grande revelação de que, na verdade, ela não era uma profissional tão boa assim — esse medo, aliás, é muito presente em quadros de síndrome de impostor. Com isso, aos poucos, ela foi se afastando e trabalhando até tarde ou nos fins de semana.
Claro que esse esquema não era nada sustentável e, uma hora, ela "se rendeu" a ideia de que está tudo bem pedir ajuda. Mais do que isso, a diretora diz que mudou sua mentalidade para entender que não há vergonha alguma em assumir que você não sabe de algo e precisa de uma força para “cavar a sua toca”. Para mim, aliás, uma das grandes lições do curta está justamente aí: a superação do medo de mostrar que não temos todo o conhecimento do mundo, principalmente quando se trata de novos ambientes e de novas realidades. E essa é uma lição que precisamos resgatar no mundo do trabalho.
Quantas vezes não ficamos enrolados em algumas atividades por não querer pedir ajuda? Quantas vezes não ficamos calados e saímos cheios de dúvidas de uma reunião com medo de parecer ignorante? Quantas vezes não disfarçamos a nossa insegurança para não dar pinta de que precisamos aprender melhor sobre um assunto?
Pedir ajuda deveria ser algo muito natural no ambiente de trabalho, afinal temos pessoas de áreas diferentes, com especializações diferentes e conhecimentos específicos justamente para complementar o saber um do outro. Só que, na prática, agimos muito mais no sentido oposto. Ninguém quer admitir que não sabe de algo, então, fingimos e, nesse teatro, todos nós saímos perdendo.
A verdade é que o dia a dia no trabalho poderia ser mais simples e as entregas até mais robustas se as dúvidas fossem compartilhadas e, então, naturalizadas. Não se trata de uma ode à ignorância voluntária, não é que a falta de conhecimento deve ser celebrada, mas, sim, reconhecida. Temos lacunas de informações, habilidades a serem adquiridas e competências que precisam ser desenvolvidas. Porém, todo o processo de aprendizado que a experiência do trabalho pode proporcionar só vai acontecer quando assumirmos que essas brechas existem. Todos nós temos gaps de conhecimento, mas eles são diferentes para cada pessoa. Por isso, nossos saberes e skills são complementares!
Então, na próxima vez que sentir vergonha ou insegurança na hora de realizar alguma atividade, lembre-se da história da jovem coelha. Em vez de cavar um buraco cada vez mais fundo, pare, levante a cabeça e peça ajuda. Afinal, quem disse que você precisa construir a toca dos sonhos completamente sozinho?
Você é novo em um lugar e tem um projeto importante em mãos. É um projeto especial, para o qual vai dedicar total atenção e energia. Você quer dar o seu melhor e quer mostrar que consegue transformar aquilo sozinho! Então, você começa e, bem, o andamento não é como esperava.
Toda vez que tenta tirar a ideia do papel, a coisa não dá certo e, aí, precisa fazer de novo. Você tenta uma, duas, três vezes, mas não adianta: a cada nova tentativa, você vai se afundando mais e mais até que se vê diante de um problema grande e precisa pedir ajuda.
É, então, que você descobre que deveria ter feito isso logo no começo, em vez de ter sido tão resistente em assumir que precisa de uma (ou várias) mãos.
Se identificou com essa história? Pois ela é, na verdade, o enredo de "Toca", o curta-metragem da Disney que concorreu este ano ao Oscar de Melhor Curta de Animação. No desenho, uma jovem coelha tenta cavar a toca dos seus sonhos, apesar de não saber muito bem como fazer isso. Ela olha para o projeto no papel, tenta colocar na prática, mas acaba cavando errado e caindo, sem querer, dentro da toca dos vizinhos.
Em vez de revelar suas dificuldades e pedir ajuda para quem já fez isso antes e saberia apoiá-la nessa empreitada, ela continua e continua até chegar no fundo do poço (quase que literalmente). É, então, que ela se vê obrigada a pedir uma mão (na verdade, patas). E, para quem não assistiu ao desenho, fica o alerta de spoiler! No final, os vizinhos ajudam a jovem coelha a construir sua toca dos sonhos e dá tudo certo.
Nem dá para dizer que esse é um spoiler mesmo porque recorrer a outras pessoas que entendem de um assunto e estão dispostas a dar aquele apoio que você precisa normalmente nos leva para um bom resultado.
Pedir e oferecer ajuda é um caminho certo para um final feliz. Ainda assim, verdade seja dita: temos dificuldade em assumir que não estamos conseguindo cavar a nossa toca e que precisamos daquela força para tirar o projeto do papel. E essa dificuldade foi sentida na pele pela própria diretora e roteirista da animação.
Em algumas entrevistas, Madeline Sharafian compartilhou que a inspiração para a história de "Toca" foi justamente os seus primeiros anos na Pixar, estúdio no qual ela trabalha e que produziu o curta. Nova nesse lugar que é a empresa dos sonhos de muitos profissionais e que tem grandes talentos dando vida a projetos incríveis, Madeline sentia que precisava conquistar seu espaço, que tinha que colocar seu projeto de pé sozinha e provar o seu valor.
Pedir ajuda era quase um atestado de incompetência ou uma grande revelação de que, na verdade, ela não era uma profissional tão boa assim — esse medo, aliás, é muito presente em quadros de síndrome de impostor. Com isso, aos poucos, ela foi se afastando e trabalhando até tarde ou nos fins de semana.
Claro que esse esquema não era nada sustentável e, uma hora, ela "se rendeu" a ideia de que está tudo bem pedir ajuda. Mais do que isso, a diretora diz que mudou sua mentalidade para entender que não há vergonha alguma em assumir que você não sabe de algo e precisa de uma força para “cavar a sua toca”. Para mim, aliás, uma das grandes lições do curta está justamente aí: a superação do medo de mostrar que não temos todo o conhecimento do mundo, principalmente quando se trata de novos ambientes e de novas realidades. E essa é uma lição que precisamos resgatar no mundo do trabalho.
Quantas vezes não ficamos enrolados em algumas atividades por não querer pedir ajuda? Quantas vezes não ficamos calados e saímos cheios de dúvidas de uma reunião com medo de parecer ignorante? Quantas vezes não disfarçamos a nossa insegurança para não dar pinta de que precisamos aprender melhor sobre um assunto?
Pedir ajuda deveria ser algo muito natural no ambiente de trabalho, afinal temos pessoas de áreas diferentes, com especializações diferentes e conhecimentos específicos justamente para complementar o saber um do outro. Só que, na prática, agimos muito mais no sentido oposto. Ninguém quer admitir que não sabe de algo, então, fingimos e, nesse teatro, todos nós saímos perdendo.
A verdade é que o dia a dia no trabalho poderia ser mais simples e as entregas até mais robustas se as dúvidas fossem compartilhadas e, então, naturalizadas. Não se trata de uma ode à ignorância voluntária, não é que a falta de conhecimento deve ser celebrada, mas, sim, reconhecida. Temos lacunas de informações, habilidades a serem adquiridas e competências que precisam ser desenvolvidas. Porém, todo o processo de aprendizado que a experiência do trabalho pode proporcionar só vai acontecer quando assumirmos que essas brechas existem. Todos nós temos gaps de conhecimento, mas eles são diferentes para cada pessoa. Por isso, nossos saberes e skills são complementares!
Então, na próxima vez que sentir vergonha ou insegurança na hora de realizar alguma atividade, lembre-se da história da jovem coelha. Em vez de cavar um buraco cada vez mais fundo, pare, levante a cabeça e peça ajuda. Afinal, quem disse que você precisa construir a toca dos sonhos completamente sozinho?