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Como correr atrás da produtividade sem exaustão

Quatro dicas para repensar o sistema de trabalho que, em vez de resultado e crescimento exponencial, está gerando mal-estar para a empresa e as pessoas

Produtividade e trabalho flexível (uniquepixel/Getty Images)
Produtividade e trabalho flexível (uniquepixel/Getty Images)
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Sofia Esteves

Publicado em 24 de agosto de 2022 às, 08h00.

À medida que o segundo semestre avança, surge um movimento natural nas organizações. Duas corridas paralelas que ganham velocidade conforme as semanas passam: uma delas é rumo ao alcance das metas estipuladas para o ano e a outra foca no planejamento estratégico do próximo período. Ambas exigem fôlego e dedicação.

Da mesma forma, quem corre regularmente (no sentido literal) precisa desses dois elementos para conseguir superar seu resultado. É uma atividade que exige muito, mas traz diversos benefícios para o corpo e aquela sensação de bem-estar tão boa durante o treino. Gastamos energia, transpiramos e ficamos cansados, porém, o saldo final é positivo.

Isso, claro, se estivermos praticando o exercício da forma correta, fazendo alongamento antes e depois da corrida, contando com orientação profissional e respeitando o nosso corpo. Quando isso não acontece, no entanto, o resultado é só dor e cansaço extremo.

E é assim que tem sido a corrida por produtividade dentro de algumas organizações.

Estamos atrás de tanta produtividade a uma velocidade cada vez maior que as pessoas estão ficando exaustas e não conseguem mais gerar bons resultados. Diante desse cenário, fica a dúvida: como falar em planejamento e alcance de metas se não existe fôlego nem energia para cruzar a linha de chegada?

Dados da 21ª edição da nossa pesquisa Carreira dos Sonhos mostram que houve uma piora no bem-estar emocional, na sensação de sobrecarga e de exaustão.

E quando olhamos para alguns recortes demográficos, o cenário se agrava: 45% das mulheres relatam sensação de sobrecarga e 49% de exaustão, sendo que os homens representam 37% e 40%, respectivamente.

Não estou sugerindo que as empresas deixem a conversa sobre produtividade de lado ou que isso não seja importante.

Essa questão é não só fundamental para a sustentabilidade de um negócio, bem como uma maneira de fazer com que as pessoas que trabalham na organização sintam que estão contribuindo com entregas relevantes e, portanto, se desenvolvendo profissionalmente.

Contudo, precisamos refletir sobre como podemos atuar de forma diferente para que o planejamento de metas e das ações para o seu alcance seja de fato eficiente. Afinal, não adianta começar a correr se não teve um preparo para isso.

Abaixo, compartilho algumas ideias para que você transforme uma corrida exaustiva em um exercício saudável para as pessoas e para a organização:

1. Revise o senso de urgência: parte da insustentabilidade da situação atual é que não só se exige uma produtividade máxima, mas uma produtividade máxima em alta velocidade. Tudo é para ontem, nada pode esperar. É verdade que existem, sim, situações emergenciais, porém quando esses pedidos acontecem com frequência, cabe avaliar se eles não são resultado de um mau planejamento. Muitas demandas podem ser previstas para se evitar esse tipo de pressa desesperada. Também vale entender se tudo é urgente ou se foi criada uma cultura corporativa que não sabe priorizar os afazeres. Se tudo é urgente, nada é.

2. Seja realista: metas devem ser desafiadoras, mas isso não exclui a necessidade de serem factíveis. É importante avaliar o momento da economia, da empresa e das próprias pessoas porque, como expliquei acima, não adianta botar as pessoas para correr se elas não tiverem preparo para essa atividade. Isso vai ajudar a liderança a entender quais competências devem ser desenvolvidas para ajudar no alcance dos objetivos, se é necessário investir em treinamento e até se é o caso de unir forças com parceiros — o que explico melhor na última dica.

3. Continue a transformação digital: essa conversa é antiga e ganhou mais força por conta dos desafios impostos às empresas no começo da pandemia, mas não se engane: a jornada não acabou. Para ganhar velocidade e ter um crescimento exponencial, soluções inovadoras com base tecnológica são mais do que bem-vindas. Não estou falando em substituir a mão de obra humana, e, sim, em investir em ferramentas adequadas para que as pessoas consigam ser mais produtivas sem terminar o dia exaustas.

4. Faça junto: tanto para superar os desafios globais quanto para desenvolver soluções criativas, precisamos das pessoas — e eu não me refiro apenas àquelas que estão dentro da organização. Cada vez mais estamos discutindo conceitos relacionados à inovação aberta e open economy, o que demonstra algo que, convenhamos, já deveríamos ter aprendido e estar praticando: trabalhar em cooperação é o caminho para um futuro melhor. Estabelecer parcerias e atuar em conjunto dentro do ecossistema não é uma gentileza, camaradagem ou boa ação. Trata-se de uma estratégia inteligente para, juntos, conseguirmos acelerar e chegar mais longe. Uma troca de modalidade da corrida individual para a de revezamento.