A invasão dos robôs
Há uma proliferação de robôs por todas as partes. Não são, ainda, os robôs humanoides que vemos em filmes e fábricas, mas programas de computador que estão embutidos nas mais variadas categorias de equipamentos ou em sites de relacionamento com clientes na internet. O mais recente lançamento desta categoria foi anunciado na semana passada e […]
Da Redação
Publicado em 13 de outubro de 2016 às 11h26.
Última atualização em 22 de junho de 2017 às 18h11.
Há uma proliferação de robôs por todas as partes. Não são, ainda, os robôs humanoides que vemos em filmes e fábricas, mas programas de computador que estão embutidos nas mais variadas categorias de equipamentos ou em sites de relacionamento com clientes na internet.
O mais recente lançamento desta categoria foi anunciado na semana passada e estará disponível nas lojas americanas a partir de 4 de novembro por 129 dólares, o Google Home.
O aparelho tem o tamanho de uma caneca para ser colocado em cima de móveis, como parte da decoração. Ele vem com o Google Assistant, o tal robô, que escuta o que falamos, toca as músicas que queremos, acha e dispara filmes no Netflix, responde perguntas sobre o tempo e o trânsito, ajuda a organizar sua agenda e faz pedidos de reposição de produtos em sites de comércio eletrônico, entre outras coisas.
O Google Home vem para concorrer com o Amazon Echo que já está no mercado há algum tempo, embora ainda não seja vendido no Brasil. O Echo é um cilindro com um design mais bruto que o Home. O seu robô chama Alexa e nos Estados Unidos já permite que se peça delivery de restaurantes e chame o Uber sem abrir o smartphone.
É bem provável que o Home seja mais efetivo como assistente, dado o acesso aos aplicativos Google como Mapas, Tradutor, Waze, YouTube, etc.. Imagine-se escutando o áudio de um texto em inglês enquanto toma o café da manhã, pedindo a tradução de partes do conteúdo enquanto é avisado sobre o horário de saída para chegar a tempo para sua reunião.
Computadores que falam com humanos sempre fizeram parte da ficção em livros e filmes. O mais antigo foi 2001 Uma Odisseia no Espaço, onde HAL 9000 era o computador que controlava a nave Discovery da história de Arthur C. Clarke, dirigida no cinema por Stanley Kubrick. Ele entendia o que lhe falavam, fazia reconhecimento facial, leitura labial, interpretava emoções, raciocinava e tinha reações humanas típicas, inclusive medo.
Ficou para a história a interpretação de que o nome HAL seria formado pelas letras imediatamente anteriores a IBM. Quando o filme foi feito, em 1968, a IBM era a potência dominante da tecnologia da época. Clarke sempre negou dizendo que o nome HAL vinha de um improvável “ H euristically programmed AL gorithimic Computer”. Como a versão é melhor que o fato, assim ficou para sempre.
Não deixa de ser simbólico que a grande inovação atual da IBM seja o Watson, software de computação cognitiva que entende linguagem natural e aprende com o processamento de quantidades imensas de dados. O texto do comercial do sistema descreve-o como “um computador que pode ser mais inteligente do que nós”.
Outro tipo de robô que começa a invadir nossas praias é o chatbot. O nome vem de chatter (conversador) com bot (abreviação de robot em inglês). Como o próprio nome diz é um programa que simula o comportamento humano para responder perguntas na interação entre empresas e usuários. O Facebook disponibilizou recentemente uma plataforma para desenvolvimento de chatbots para o seu Messenger. O Banco Original lançou uma versão que funciona como SAC (Serviço de Atendimento ao Cliente). Consegue responder perguntas variadas sobre caixas eletrônicos, cartões, tarifas, conta corrente, fundos de investimentos, etc.
É de se esperar que paulatinamente estes chatbots substituam os caros e ineficientes atendimentos via telefone. O lado negativo dessa inovação é a eliminação de empregos em um dos setores que mais empregam no país e no mundo. Obviamente um novo mercado de desenvolvimento de robôs vai ser criado, mas para profissionais muito mais especializados do que os que hoje atuam nos call centers.
Além dessas soluções virtuais, a Toyota acabou de anunciar um robô humanoide de 10 cm de altura, com cara e jeito de astronauta, chamado Kirobo Mini. Deve estar à venda em janeiro no Japão e custará 400 dólares. Ele reconhece expressões faciais e ajusta seu modo de falar e movimentos em função do humor do dono. A divulgação diz que poderá conduzir conversações casuais e se lembra de piadas e histórias que lhe foram contadas. Críticas já começaram a aparecer com a acusação de que tal tipo de robô companheiro seria um substituto de filhos ou animais de estimação.
Embora a crítica pareça absurda, é previsível que esse tipo de reação, valorizando o contato humano, se intensifique por mais que os assistentes se aperfeiçoem e até ganhem avatares com formas física atraentes, como já começa a acontecer. O crescimento do comércio eletrônico transformou e valorizou as lojas físicas. A digitalização da música e o seu consumo virtual quase grátis revitalizaram os shows ao vivo. Em outras palavras, a dominância do virtual valorizou o presencial como contrapartida.
Um filme recente que mostrou uma assistente virtual inteligente em cena foi Ela (Her em inglês), de 2013. Na história, o sistema operacional do computador do personagem principal, Theodore (Joaquin Phoenix), se chamava Samantha e tinha a voz sensual de Scarlett Johansson. Quem viu o filme deve se lembrar que Theodore e Samantha se apaixonam, mas a relação fica progressivamente complicada devido a incompatibilidade dos seus respectivos mundos.
Para nossa alegria, também na vida real o excesso de bits faz com que fiquemos ansiando pelo calor e afeto das células humanas, com todos os seus defeitos e imprecisões de processamento.
Há uma proliferação de robôs por todas as partes. Não são, ainda, os robôs humanoides que vemos em filmes e fábricas, mas programas de computador que estão embutidos nas mais variadas categorias de equipamentos ou em sites de relacionamento com clientes na internet.
O mais recente lançamento desta categoria foi anunciado na semana passada e estará disponível nas lojas americanas a partir de 4 de novembro por 129 dólares, o Google Home.
O aparelho tem o tamanho de uma caneca para ser colocado em cima de móveis, como parte da decoração. Ele vem com o Google Assistant, o tal robô, que escuta o que falamos, toca as músicas que queremos, acha e dispara filmes no Netflix, responde perguntas sobre o tempo e o trânsito, ajuda a organizar sua agenda e faz pedidos de reposição de produtos em sites de comércio eletrônico, entre outras coisas.
O Google Home vem para concorrer com o Amazon Echo que já está no mercado há algum tempo, embora ainda não seja vendido no Brasil. O Echo é um cilindro com um design mais bruto que o Home. O seu robô chama Alexa e nos Estados Unidos já permite que se peça delivery de restaurantes e chame o Uber sem abrir o smartphone.
É bem provável que o Home seja mais efetivo como assistente, dado o acesso aos aplicativos Google como Mapas, Tradutor, Waze, YouTube, etc.. Imagine-se escutando o áudio de um texto em inglês enquanto toma o café da manhã, pedindo a tradução de partes do conteúdo enquanto é avisado sobre o horário de saída para chegar a tempo para sua reunião.
Computadores que falam com humanos sempre fizeram parte da ficção em livros e filmes. O mais antigo foi 2001 Uma Odisseia no Espaço, onde HAL 9000 era o computador que controlava a nave Discovery da história de Arthur C. Clarke, dirigida no cinema por Stanley Kubrick. Ele entendia o que lhe falavam, fazia reconhecimento facial, leitura labial, interpretava emoções, raciocinava e tinha reações humanas típicas, inclusive medo.
Ficou para a história a interpretação de que o nome HAL seria formado pelas letras imediatamente anteriores a IBM. Quando o filme foi feito, em 1968, a IBM era a potência dominante da tecnologia da época. Clarke sempre negou dizendo que o nome HAL vinha de um improvável “ H euristically programmed AL gorithimic Computer”. Como a versão é melhor que o fato, assim ficou para sempre.
Não deixa de ser simbólico que a grande inovação atual da IBM seja o Watson, software de computação cognitiva que entende linguagem natural e aprende com o processamento de quantidades imensas de dados. O texto do comercial do sistema descreve-o como “um computador que pode ser mais inteligente do que nós”.
Outro tipo de robô que começa a invadir nossas praias é o chatbot. O nome vem de chatter (conversador) com bot (abreviação de robot em inglês). Como o próprio nome diz é um programa que simula o comportamento humano para responder perguntas na interação entre empresas e usuários. O Facebook disponibilizou recentemente uma plataforma para desenvolvimento de chatbots para o seu Messenger. O Banco Original lançou uma versão que funciona como SAC (Serviço de Atendimento ao Cliente). Consegue responder perguntas variadas sobre caixas eletrônicos, cartões, tarifas, conta corrente, fundos de investimentos, etc.
É de se esperar que paulatinamente estes chatbots substituam os caros e ineficientes atendimentos via telefone. O lado negativo dessa inovação é a eliminação de empregos em um dos setores que mais empregam no país e no mundo. Obviamente um novo mercado de desenvolvimento de robôs vai ser criado, mas para profissionais muito mais especializados do que os que hoje atuam nos call centers.
Além dessas soluções virtuais, a Toyota acabou de anunciar um robô humanoide de 10 cm de altura, com cara e jeito de astronauta, chamado Kirobo Mini. Deve estar à venda em janeiro no Japão e custará 400 dólares. Ele reconhece expressões faciais e ajusta seu modo de falar e movimentos em função do humor do dono. A divulgação diz que poderá conduzir conversações casuais e se lembra de piadas e histórias que lhe foram contadas. Críticas já começaram a aparecer com a acusação de que tal tipo de robô companheiro seria um substituto de filhos ou animais de estimação.
Embora a crítica pareça absurda, é previsível que esse tipo de reação, valorizando o contato humano, se intensifique por mais que os assistentes se aperfeiçoem e até ganhem avatares com formas física atraentes, como já começa a acontecer. O crescimento do comércio eletrônico transformou e valorizou as lojas físicas. A digitalização da música e o seu consumo virtual quase grátis revitalizaram os shows ao vivo. Em outras palavras, a dominância do virtual valorizou o presencial como contrapartida.
Um filme recente que mostrou uma assistente virtual inteligente em cena foi Ela (Her em inglês), de 2013. Na história, o sistema operacional do computador do personagem principal, Theodore (Joaquin Phoenix), se chamava Samantha e tinha a voz sensual de Scarlett Johansson. Quem viu o filme deve se lembrar que Theodore e Samantha se apaixonam, mas a relação fica progressivamente complicada devido a incompatibilidade dos seus respectivos mundos.
Para nossa alegria, também na vida real o excesso de bits faz com que fiquemos ansiando pelo calor e afeto das células humanas, com todos os seus defeitos e imprecisões de processamento.