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Tabata contribui para a instabilidade partidária. E isso é ruim

Comportamentos desagregadores como o de Tabata Amaral são compreensíveis, no sistema de hoje, porque todos os incentivos são dados para isso

Tabata Amaral: ela não será punida pelos eleitores por causa do desrespeito ao PDT (Flávio Santana / Biofoto/Exame)
DR

Da Redação

Publicado em 24 de outubro de 2019 às 10h16.

Última atualização em 24 de outubro de 2019 às 16h31.

Duas notícias recentes lembram o pior problema do sistema político brasileiro: o enfraquecimento dos partidos como organizadores institucionais. A primeira trata da deputada federal Tabata Amaral (PDT), que continua em sua saga para se colocar como vítima de intolerância dentro do partido por ter se posicionado a favor da Reforma da Previdência.

Junto com três outros deputados, Tabata pediu desfiliação do PDT mesmo após a sigla encerrar a punição a eles. O caso provavelmente irá ao Supremo Tribunal Federal. Um dos juízes, Luís Roberto Barroso, já tirou foto em seu gabinete com Tabata – mas lembrar isso provavelmente será considerado coisa de quem tem saudades da “velha política”.

A outra notícia, esta um pouco mais alvissareira, é a da candidatura do deputado federal Paulo Teixeira (PT) à presidência do PT. As eleições serão realizadas no fim do mês que vem. Teixeira defende uma “frente permanente” de partidos de esquerda e um comitê colegiado (tirando a total independência do arcaico “tesoureiro”) para cuidar das finanças do partido. Pode ser tudo “cheap talk” – palavras ao vento, da boca para fora, para aparecer bem na entrevista ao UOL.

Ainda que Teixeira defenda o “Lula Livre”, que implica subordinação do partido à vontade de um líder individual, ao menos está acenando para a possibilidade de um pouco de autocrítica e renovação organizacional.

Isso fará bem não apenas para o PT, mas para todo o sistema partidário. Comportamentos desagregadores como o de Tabata Amaral são compreensíveis, no sistema de hoje, porque todos os incentivos são dados para isso. Ela não será punida pelos eleitores por causa do desrespeito ao PDT. Ao contrário: continuará contando a história como se fosse vítima de machistas malvados como Ciro Gomes.

É uma pena que contribuir para a instabilidade partidária renda frutos políticos.

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Junto com três outros deputados, Tabata pediu desfiliação do PDT mesmo após a sigla encerrar a punição a eles. O caso provavelmente irá ao Supremo Tribunal Federal. Um dos juízes, Luís Roberto Barroso, já tirou foto em seu gabinete com Tabata – mas lembrar isso provavelmente será considerado coisa de quem tem saudades da “velha política”.

A outra notícia, esta um pouco mais alvissareira, é a da candidatura do deputado federal Paulo Teixeira (PT) à presidência do PT. As eleições serão realizadas no fim do mês que vem. Teixeira defende uma “frente permanente” de partidos de esquerda e um comitê colegiado (tirando a total independência do arcaico “tesoureiro”) para cuidar das finanças do partido. Pode ser tudo “cheap talk” – palavras ao vento, da boca para fora, para aparecer bem na entrevista ao UOL.

Ainda que Teixeira defenda o “Lula Livre”, que implica subordinação do partido à vontade de um líder individual, ao menos está acenando para a possibilidade de um pouco de autocrítica e renovação organizacional.

Isso fará bem não apenas para o PT, mas para todo o sistema partidário. Comportamentos desagregadores como o de Tabata Amaral são compreensíveis, no sistema de hoje, porque todos os incentivos são dados para isso. Ela não será punida pelos eleitores por causa do desrespeito ao PDT. Ao contrário: continuará contando a história como se fosse vítima de machistas malvados como Ciro Gomes.

É uma pena que contribuir para a instabilidade partidária renda frutos políticos.

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