Sergio Moro, empresários e autoritarismo
Até pouco tempo atrás, a adulação a Moro podia ser considerada reflexo do antipetismo, mas agora está claro que Moro desrespeita qualquer limite democrático, então aplaudir isso é ser antidemocrata
Da Redação
Publicado em 5 de julho de 2019 às 16h49.
Não está fácil ser politicamente são no Brasil. Se escrevo que Lula é criminoso, sou tido como pró-Moro. Aí aponto as ilegalidades do ex-juiz como orientador do Ministério Público Federal e me chamam de petista ou pró-corrupção. Sobra a comunidade Lemann-RAPS-Huck-Tabata-Acredito-Renova, que incomoda pela ingenuidade de considerar política partidária ou como indesejável em si ou como pedágio para um futuro de consenso político. Mas não se trata, em democracias, de definir consensos – e sim maiorias. São elas, limitadas por instituições como o Judiciário, que definem os eleitos e as políticas públicas. A polarização extrema (pior ainda, personalista) atrapalha as democracias porque o grupo majoritário passa a contemplar sub-grupos descolados da realidade, imersos em conspirações que os tornam imunes a novas informações que contradizem suas crenças.
É esse o problema que as revelações sobre ilegalidades cometidas por Sergio Moro e outros integrantes da Operação Lava Jato enfrentam. As novas informações do site The Intercept, publicadas em parceria com “Veja”, estão tendo um efeito diferente do que seria esperado em países, digamos, mais normais. A primeira leva das mensagens deveria ter causado a saída de Moro do Ministério da Justiça. Bolsonaro segurou-o porque seu futuro político depende cada vez mais do ex-juiz. Moro perdeu popularidade, mas ela continua altíssima, em torno de 50%-60%.
A reação de 8 mil empresários presentes a um evento que teve Moro como entrevistado mostra, talvez, uma nova maioria em formação. (Aliás, por que manter Moro no evento depois de tantos desmandos revelados?) O ainda ministro foi aplaudido por dois minutos. É diferente, e muito mais preocupante, aplaudir o ex-juiz hoje do que durante a campanha presidencial do ano passado. Até pouco tempo atrás, a adulação a Moro podia ser considerada reflexo do antipetismo. Agora não. Está claro que Moro desrespeita qualquer limite democrático à sua atuação como juiz e, agora, como político. Aplaudir isso é ser antidemocrata. O ex-juiz pode ser o elemento que faltava para Bolsonaro conquistar, definitivamente, o apoio de uma massa empresarial a um projeto potencialmente autoritário.
Não está fácil ser politicamente são no Brasil. Se escrevo que Lula é criminoso, sou tido como pró-Moro. Aí aponto as ilegalidades do ex-juiz como orientador do Ministério Público Federal e me chamam de petista ou pró-corrupção. Sobra a comunidade Lemann-RAPS-Huck-Tabata-Acredito-Renova, que incomoda pela ingenuidade de considerar política partidária ou como indesejável em si ou como pedágio para um futuro de consenso político. Mas não se trata, em democracias, de definir consensos – e sim maiorias. São elas, limitadas por instituições como o Judiciário, que definem os eleitos e as políticas públicas. A polarização extrema (pior ainda, personalista) atrapalha as democracias porque o grupo majoritário passa a contemplar sub-grupos descolados da realidade, imersos em conspirações que os tornam imunes a novas informações que contradizem suas crenças.
É esse o problema que as revelações sobre ilegalidades cometidas por Sergio Moro e outros integrantes da Operação Lava Jato enfrentam. As novas informações do site The Intercept, publicadas em parceria com “Veja”, estão tendo um efeito diferente do que seria esperado em países, digamos, mais normais. A primeira leva das mensagens deveria ter causado a saída de Moro do Ministério da Justiça. Bolsonaro segurou-o porque seu futuro político depende cada vez mais do ex-juiz. Moro perdeu popularidade, mas ela continua altíssima, em torno de 50%-60%.
A reação de 8 mil empresários presentes a um evento que teve Moro como entrevistado mostra, talvez, uma nova maioria em formação. (Aliás, por que manter Moro no evento depois de tantos desmandos revelados?) O ainda ministro foi aplaudido por dois minutos. É diferente, e muito mais preocupante, aplaudir o ex-juiz hoje do que durante a campanha presidencial do ano passado. Até pouco tempo atrás, a adulação a Moro podia ser considerada reflexo do antipetismo. Agora não. Está claro que Moro desrespeita qualquer limite democrático à sua atuação como juiz e, agora, como político. Aplaudir isso é ser antidemocrata. O ex-juiz pode ser o elemento que faltava para Bolsonaro conquistar, definitivamente, o apoio de uma massa empresarial a um projeto potencialmente autoritário.