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Pazuello deveria ter saído meses atrás

Médica no ministério seria a melhor escolha para Bolsonaro e o Centrão

Eduardo Pazuello, ministro da Saúde. (Andre Borges/NurPhoto/Getty Images)
Eduardo Pazuello, ministro da Saúde. (Andre Borges/NurPhoto/Getty Images)
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Sérgio Praça

Publicado em 14 de março de 2021 às, 15h16.

Última atualização em 14 de março de 2021 às, 15h28.

O general Eduardo Pazuello pediu demissão do Ministério da Saúde. Será o fim de uma das mais incompetentes gestões de qualquer ministério na história do país. O militar é comparável à Zélia Cardoso de Mello, ministra da Economia, Fazenda e Planejamento durante o primeiro ano do governo de Fernando Collor, e a Abraham Weintraub, o olavista que “comandou” a pasta da Educação nos dois primeiros anos de Bolsonaro.

Incapaz de liderar a compra de vacinas e medidas básicas de isolamento – mais necessárias do que nunca com as variantes do coronavírus produzidas em solo nacional –, Pazuello deveria ter saído meses atrás.

Quem sai na frente para substituí-lo são os médicos Marcelo Queiroga e Ludhmila Hajjar. Ela tratou o próprio general e também Tarcísio Freitas, da Infraestrutura.

Para o Centrão, seria ótimo negócio. Hajjar é mais articulada no mundo político do que outros profissionais. Provavelmente toparia oferecer cargos importantes do segundo escalão do ministério em troca de apoio para assumi-lo.

Bolsonaro também se beneficiaria de nomear uma mulher com currículo impecável, já que pensa (sem brincadeira) em disputar a reeleição pelo Partido da Mulher Brasileira.

Mas, segundo o ex-ministro Luiz Henrique Mandetta (DEM), a médica já foi criticada pelo presidente em abril do ano passado. Mandetta relata em seu livro “Um paciente chamado Brasil” (Ed. Objetiva, 2020) que Bolsonaro disse ter “puxado a capivara” de Hajjar. (Comum em Brasília, a expressão é uma mistura de “dar um google” com “perguntar para assessores”.) “Não gostei muito do que vi”, teria dito o presidente. “Eu prefiro um pessoal mais alinhado com as nossas teses. Esse negócio de isolamento não dá”.

Com a volta de Lula (PT) ao cenário e a cobiça do Centrão, poderá ser a escolha que resta.

(Este artigo expressa a opinião do autor, não representando necessariamente a opinião institucional da FGV.)