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Os problemas de Alkmin (sic)

No próximo domingo, Alckmin não passará de 10% das intenções de voto. Pelo menos contará com FHC

GERALDO ALCKMIN: o tucano não pode dizer para seus eleitores que pune os corruptos  / Rovena Rosa/Agência Brasil
GERALDO ALCKMIN: o tucano não pode dizer para seus eleitores que pune os corruptos / Rovena Rosa/Agência Brasil
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Sérgio Praça

Publicado em 1 de outubro de 2018 às, 14h49.

Duas semanas atrás, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) tomou sua conta no Twitter para digitar oito frases, reproduzidas a seguir como publicadas. “O senador Tasso está certo: o ciclo partidário-eleitoral se exauriu. Não há outro ainda. Alkmin poderá levar o país a um novo consenso. Fiéis à democracia e aos nossos compromissos votemos nele para a reconstrução social e econômica do Brasil. Intriga não ajuda a convencer. No que publiquei ontem está claro que Alkmin é quem pode governar melhor: experiente, honesto, com olho no orçamento e capaz de ouvir. Meu voto é sabidamente nele. Há tempo para evitar votar em aventuras ou em desastres anunciados”.

Não, não há mais tempo para Alckmin, agora com o “c” omitido por FHC. Sua candidatura foi de 5% para 10% e estacionou. Está um pouco atrás de Ciro Gomes (PDT, cerca de 11%), Fernando Haddad (PT, cerca de 20%) e Jair Bolsonaro (PSL, cerca de 28%). O que houve com a candidatura do ex-governador de São Paulo? Seu último mandato esteve longe de ser desastroso. Ao contrário de vários outros estados brasileiros, São Paulo conseguiu navegar bem a crise fiscal. Funcionários públicos estão sendo pagos em dia, nenhum serviço público parou, não houve greve geral nem protestos. Os homicídios diminuíram bastante – e isso foi mérito do governo, não de um acordo tácito com o Primeiro Comando da Capital (PCC), conforme mostra o artigo “Evaluating the Effect of Homicide Prevention Strategies in São Paulo, Brazil: A Synthetic Control Approach”, publicado neste ano por Danilo Freire na Latin American Research Review.

Ainda assim, há dois imensos problemas com a candidatura tucana. O primeiro é que Bolsonaro, em campanha há muito mais tempo pela internet, encarnou o sentimento anti-sistema de boa parte da população. Então Alckmin tem que captar, simultaneamente, dois tipos de eleitores: o conservador contra o sistema político e o moderado que tolera corrupção de coalizões sem programa definido. Tarefa impossível para qualquer um.

O segundo problema, herdado de 2017, é a corrupção do PSDB. O partido não puniu Aécio Neves, seu senador mais corrupto. Alckmin diz que sérios suspeitos de desvios em sua gestão são “pessoas sérias”. Demonstra lealdade (e podemos especular os motivos disso), mas não ganha pontos por isso. Alckmin não pode dizer que pune corruptos. Uma parcela relevante dos brasileiros quer ouvir isso – com razão. Mesmo que Alckmin dissesse, seria pouco crível.

No próximo domingo, Alckmin não passará de 10% das intenções de voto. Pelo menos contará com FHC, que se apressou em explicar, no Twitter, que “sabidamente” vota no ex-governador.